𝐈𝐭'𝐬 𝐎𝐤𝐚𝐲, 𝐆𝐢𝐫𝐥

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"Vamos lá, Catzinha, você consegue." - Incentivei a garota em meu colo mais uma vez.
Passavam-se 30 minutos desde que estávamos os dois sentadas em frente á ilha central na cozinha.
Cat sentada em uma de minhas pernas, olhando profundamente para o pequeno prato de cerâmica com um sanduíche de frango.

Depois de tudo ela não lutou para trazer as drogas de volta, mas eu sabia que se ela tivesse oportunidade, ela não pensaria duas vezes.
Ela olhava fixamente para o alimento em sua frente, ganhando coragem para ingeri-lo, era isso que acontecia, ela deixou se alimentar de drogas e agora era difícil realmente se alimentar.

Cat permanência em silêncio, com os cotovelo sobre a pedra branca da ilha, sua cabeça entre as mãos, eu sentia que se ela continuasse olhando para a comida assim, seu olhar iria perfurar aquele sanduíche.
Completamente em silêncio, mesmo eu a incentivando várias vezes, ela permanecia calada, era obvio que ela não estava me ouvindo, ou pelo menos ela fingia que não me ouvia.

Deixei minha mão passar sobre sua barriga lisa carinhosamente, sentindo seu piercing no umbigo com aquela jóia rosa.
"Seja uma boa garota e coma, uh?"
O olhar dela estava vago, ela não reagia ou falava, ela estava totalmente desconectada da realidade.
Eu suspirei pesadamente.

Essas substâncias acabam com a vida de alguém, e mesmo ela passando por isso pela segunda vez, ainda assim era difícil, mesmo ela sabendo tudo o que isso lhe causava, ela continuava querendo as drogas, mesmo sabendo que poderia morrer com elas.
Um vício incontrolável.
Assim como eu era viciado por ela, e mesmo ela me deixando louco, eu a queria até á morte.

Ela se moveu.
Assim como um réptil que fica imóvel por tanto tempo que você acha que ele está morto, mas então ele se move.
Cat levou a palma da mão até seu rosto, limpando uma lágrima vaga que escorria solitária, meu coração se encolheu. Eu não podia sequer imaginar a guerra que estava ocorrendo em sua cabeça.

Meus braços envolveram sua cintura, trazendo conforto, ela não se moveu, não reagiu.
"O que é tão difícil?" - Perguntei em um suspiro, quebrando o silêncio perturbado.
Eu estava tendo muita paciência, eu estava sendo paciente á muito tempo, e mesmo sabendo que isso não era culpa dela, pois ninguém escolhe felizmente estar desse lado, eu senti que iria explodir a qualquer momento.

Não queria deixá-la assustada novamente, então eu implorava por um milagre, que me fizesse controlar desta vez, e não mostrar a ela o terror que há em mim, mostrar a ela que não sou um monstro e sim o seu protetor.
Cat estava afundada em seu distúrbio, afundada nos monstros imaginários que habitavam em sua cabeça, os quais continuavam mantendo diálogo com ela.
Eu senti que ela estava realmente fazendo um grande esforço apenas para suas mãos chegarem perto do sanduíche em sua frente, eu podia sentir seu impulso em tentação, mas ela simplesmente não avançava.

O meu milagre aparece. Bill.
Bill e Harley apareciam do quintal traseiro, Bill risonho enquanto brincava com suas mãos no corpo da namorada.
Mas os sorrisos de ambos se desfizeram ao ver a situação corrente.
"Ela ainda não conseguiu?" - Pergunta Bill em um suspiro, indo em minha direção e ficando ao nosso lado, eu nego com a cabeça em cansaço e persistência.
Harley estava do outro lado da ilha, em frente a Cat, a olhando com aquelas sobrancelhas preocupadas, deixando sua mão acariciar a mão de Cat, em incentivo.

A situação estava difícil.
Mas não era mais difícil para nós, do que era para Cat.
"Você precisa ser paciente, é difícil para ela." - Murmurou Bill em um tom compreensivo.
Eu tinha que ser compreensivo, eu queria ajudá-la, eu sabia que ela iria se livrar disso, pois eu não iria desistir até acontecer.

Ultraviolence - Tom Kaulitz.Onde histórias criam vida. Descubra agora