Ultraviolence - Tom Kaulitz.

𝐄𝐦𝐨𝐭𝐢𝐨𝐧𝐚𝐥 𝐃𝐞𝐩𝐞𝐧𝐝𝐞𝐧𝐜𝐲

Eu vivo então por aquele primeiro segundo da manhã, quando ainda estou meio inconsciente.
Eu ouço os beija-flores do lado de fora,
flertando com as flores.
Eu ouço as flores rindo e as abelhas ficando com ciúmes.
Quando eu me viro para acordá-lo, tudo começa.
A respiração ofegante.
O lamento.
O choque.
De perceber que ele partiu e que não estava ali comigo.

Ele disse que partiria cedo, e eu nem sequer reparei em qualquer movimento seu.
Não sei quando ele voltará, mas eu estou entregando toda a minha confiança e quero acreditar que aquele homem é realmente poderoso.

Tivemos uma noite graciosa, me sinto feliz em saber que estou completamente nua abaixo destes lençóis, me sinto bem em ter dormido ao seu lado sem quaisqueres roupas entre nós, apenas nossa pele trocando eletricidade.
Não, eu ainda não me esqueci de quem ele é, eu ainda não esqueci que o meu sofrimento é culpa dele, e ele é o grande causador das minhas inúmeras cicatrizes.
Mas há uma parte de mim, que faz um buraco no peito, enfio a mão lá dentro, arranco meu coração e o entrego a Tom.
Eu sou completamente manipulada.
Todos os dias eu me recordo da energia elétrica que entrou em mim naquele dia, não me lembro tanto do meu antigo eu, mas sei que era forte, eu era uma mulher forte.

Eu sinto que não tenho qualquer controle sobre mim, eu tenho certeza.
Tom é quem me controla e eu estou deixando tudo isso.
A este ponto, eu estou fazendo qualquer coisa para continuar ao lado dele.
Eu me culpo constantemente, mas eu sou a criadora do meu próprio sofrimento.

Foi ele quem entrou dentro de mim e me fez sentir viva, não senti vontade de arrancar minha pele desta vez.
Estou orgulhosa de mim.
Estou orgulhosa de nós.

Tom não pediu para ser assim como é, ele sofreu ao longo de seu crescimento, e nenhuma criança merece tal coisa.
Ele é completamente perturbado e agora é só um reflexo de sua confusão mental.
Apesar de que, as inúmeras vezes em que o vi cerrar os punhos, encher o peito de ar, e até mesmo se afastar de mim, então ele se afastava para quebrar algo e gritar com ele mesmo, ele está tentando a todo custo para manter o controle.
Eu vejo isso mas ainda assim eu tenho medo do dia em que ele não aguentar mais.
Foda-se.
Quero viver com ele. Quero morrer com ele.

Desperto finalmente, sentindo aquela cama tão vaga.
Ele acabou de deixar e eu já preciso dele.

Sou pega pelo susto que Tommy me oferece, pulando na cama imediatamente ao me ver desperta e agora caminhando em cima de mim como se eu fosse um piso.
Gato elétrico.
Ele parece contente, miando em minha volta.

Levantando a postura e me sentando, acaricio suas pequenas e negras orelhas.
O felino levanta o queixo pedindo por mais, e assim atendo a seu pedido.
Seu ronronar é alto, e eu adoro ouvir este gato cantar.

Olhando em volta, procuro minhas roupas, meu olhar alcança uma grande blusa de Tom ali jogada, como sempre, ele não é nada organizado ou cuidadoso.
Não penso duas vezes, alcanço a blusa e então a visto, Tom veste roupas extremamente largas até mesmo para ele, então em mim as roupas boiam.
Apenas queria algo que me cobrisse temporariamente, a grande camiseta branca de alguns detalhes pretos e vermelhos, cobria até um pouco acima dos meus joelhos.
Aquele tecido estava repleto de seu cheiro, um cheiro forte e fresco.
Eu podia sentir aquele odor para sempre, porque neste momento era a única coisa que me deixava perto dele.
Minha mente será sempre conectada a sua.

Colocando meus pés no chão, ganho coragem para finalmente me levantar, na mesa de cabeceira, pego o maço de cigarro e o isqueiro rosa, tirando apenas um cigarro do cartão e o levando até á boca ainda apagado.

Enquanto Tommy me seguia, eu me dirigia até a varanda do quarto, abrindo as portas e sentindo a brisa fresca da manhã, pisando sobre o piso da varanda, que estava gelado.
Eu fico então empoleirada na beira da varanda, olhando para o sol forte da manhã, o vento fresco.
O verão acabava daqui a três dias.