Ultraviolence - Tom Kaulitz.

𝐍𝐢𝐠𝐡𝐭𝐦𝐚𝐫𝐞

Eu estava correndo, correndo o máximo que eu podia, o desespero me contaminava, minha pele suava, mas ele me alcançou, ele era mais rápido que eu, pois eu estava em total fraqueza.
Aquela grande mão se entrelaçou entre meus cabelos me puxando para perto dele, eu estava de costas para seu peitoral, agora em um cómodo minúsculo e com falta de limpeza, havia uma mesa no meio totalmente vazia, não possuía janelas, apenas uma porta.

A mão de Niragi passava por meu pescoço e descia sutilmente sobre meus seios, eu podia quase ouvir o sorriso malicioso daquele, aquele toque era nojento, Niragi era nojento, eu sentia vontade de morrer, eu odiava aquele horrível toque que apalpava meus seios, eu não conseguia gritar, eu não conseguia me movimentar, era como se eu estivesse deixando, mas eu não estava, era agonizante e desesperador a sensação de simplesmente não conseguir me mexer, mas eu estava sentindo absolutamente tudo.
A mão descia passando por minha barriga suavemente, como se fosse carinhosamente, mas não era, havia maldade, apenas havia maldade em Niragi, sua mão chegou em meu quadril, ele esfregava aquela asquerosa mão em meu quadril, pude sentir ela começar a se aproximar do centro, eu preferia apenas morrer do que voltar a sentir tudo aquilo novamente.

Onde estava Tom? Onde ele estava? Porque ele não estava ali para me proteger? Se eu era assim tão especial porquê ele simplesmente não arrebentava a cabeça de Niragi como ele sempre fazia com todos.
Eu queria estar nos braços de Tom dessa vez, eu preferia seu toque, mesmo sendo malicioso, se eu tivesse que escolher, eu escolheria o toque de Tom.

"Você gosta disso?" - Murmurou a voz rouca em meu ouvido. Nem chorar eu estava conseguindo mesmo a vontade sendo imensa, que porra é essa? Onde eu estou, isso é real? Tom? Volte, mesmo que você apenas tenha violência para me oferecer, apenas volte.
Eu não podia explicar o quão aquele toque era sujo, era repugnante, eu me sentia suja e pequena, sentia que essas horríveis memórias estavam sempre tentando voltar mesmo eu as impedindo, elas voltavam, eu era tão nova e agora estava levando isso para o resto da minha vida.

Meu corpo foi empurrado para frente, Niragi me conduziu até á mesa que ali havia, e ainda de costas para ele, ele deitou minha cabeça ali, me deixando totalmente empinada em sua direção, ele pressionava minha cabeça fortemente, e eu simplesmente não conseguia reagir, era como se eu fosse uma boneca, eu sentia absolutamente tudo, mas não conseguia reagir.
Comecei a ouvir o barulho de um cinto sendo desabotoado, Niragi estava tentando arrancar o cinto que havia em suas calças, foi aí que a voz finalmente saiu de minha boca, depois de tanto tentar.

"Tom!" - Eu chamava por ele, eu gritava por ele, só ele poderia me salvar do que estaria por vir.
"TOM!" - Eu gritava repetidamente, como se Tom fosse aparecer ali em um momento milagrosa, derrepente senti meu corpo se remexer, enquanto eu gritava por Tom, meu corpo era abanado de um lado para o outro e tudo ficou escuro e embaçado, minha visão estava conturbada, eu já não conseguia ver Niragi e já não estava naquele cómodo, apenas estava escuro.

Meus olhos se abriram num impulso, e agora eu estava nos braços de Tom que parecia desesperado.
"TOM!" - Gritei uma última vez ao perceber que aquela não era a realidade, era um grande pesadelo, Tom me tinha em seus braços, nós estávamos no chão mesmo em frente ao sofá onde eu havia dormido.

"CAT?" - Minha visão embaçada foi se tornando melhor, eu estava apenas acordando, me dei conta de onde estava, havia confusão estampada no rosto de Tom que me balançava de um lado para o outro.

"Tom?" - Eu comecei a chorar perdidamente e enrolei meu corpo em seu peito, ele envolveu seus fortes braços em mim e deu um grande suspiro de alívio.
Eu senti medo, eu senti muito medo mesmo nada daquilo sendo real, agora eu teria medo de apenas dormir e voltar a ter um pesadelo? Será que tudo isso iria continuar me perturbando para o resto da vida?
Aquela sensação de apenas estar imóvel e disponível para alguém totalmente malvado, era horrível, eu queria vomitar quando alguém me tocava com toda aquela intimidade na qual eu não havia permitido.

"Está tudo bem agora, está tudo bem, eu estou aqui." - Ele acariciava meus cabelos enquanto me mantia aconchegada em seus braços, eu chorava, chorava com força sobre seu peitoral, eu me sentia protegida de certa maneira, por segundos podia até ter esquecido quem aquele homem era e o que ele havia feito comigo, todas as horríveis memórias voltaram, me lembro ainda da sensação de seu punho atingindo meu rosto, aquele rosto totalmente zangado agora estava me abraçando e me passando conforto, eu me sentia em perigo novamente, mas o pior de tudo era que eu também sentia conforto, eu sentia necessidade de continuar ali em seus braços, sabendo que seria um toque raro, então eu não sabia o que queria ao certo.

"Ele vai voltar!" - Eu disse entre soluços.
Eu sempre tive mania de achar que os sonhos eram uma maneira de o espiritual conversar connosco, mas isso era algo meu, como uma religião, você pode acreditar ou não.
Então simplesmente era eu preocupada demais, com o futuro e o passado, por isso meu subconsciente decidiu juntar os dois que mais me perturbam.

"Quem?" - Perguntou Tom.
"Niragi! Niragi ainda vai voltar, e você não estará lá!" - Eu senti que podia encharcar a blusa de Tom com minhas lágrimas.

"Cat, Niragi está morto! Ninguém irá te tirar de mim." - Ele me empurrou contra ele fortemente, minhas mãos agarravam sua blusa com força.

"Comigo ao seu lado, ninguém irá te fazer qualquer mal." - Ninguém realmente se atrevia a me enfrentar sabendo que eu era a "garota de Tom Kaulitz" mas ele esquecia que ele era um dos que mais me afetava.
Ainda me lembro como foi antes de voltar para casa, ele me dizia coisas como "Eu apenas quero te fazer feliz." ; "Volte comigo, Cat, porfavor." ; "Se não voltar eu irei matar Hanse.", então o que eu poderia sentir, proteção, raiva, medo? Ele me fazia sentir tudo, meu cérebro estava totalmente alterado.
Aquelas palavras manipuladoras e falsas entravam como confusão em mim.

Agora ele olhava direitamente para meu rosto choroso, sinto que tenho chorado como uma criança ultimamente e isso me envergonhava. Meu rosto não estava mais afundado em seu peitoral, eu estava olhando para seu rosto culpado também, um silêncio total aqui permanência, parecia que estávamos nos comunicando através de olhares, pois eu podia ver a dor, manipulação e culpa em seus olhos castanhos, me perguntava o que ele via nos meus.

"Eu sinto muito." - O dedo de Tom passava sobre o pequeno rasgo em meu lábio, seu tom de tristeza ao falar aquilo me contaminou, eu estava deixando que ele mexesse com minha cabeça, eu sentia que ele não tinha realmente a culpa, embora tivesse, a raiva o controlava ás vezes e quando despertava ele tinha de lidar com as consequências causadas por si.

"Volte para o nosso quarto essa noite, okay? Eu não irei te machucar mais, eu prometo." -
"Nosso quarto." Bom meus pertences estavam em um lado do guarda roupa, haviam coisas minhas em gavetas e no banheiro, eu dormia naquele quarto diariamente, então podia ser chamado de nosso? Isso me fazia sentir que ele falava de nós como um casal, e não era isso que eu via, Harley e Bill eram um verdadeiro casal, eu e Tom não, estou certa? Na verdade era minha maneira de pensar, a verdade era que eu não fazia ideia se haveria outras versões de casais.
Ele dizia promessas impensáveis, ele mesmo sabia que aquilo não era verdade, pois ele não se auto controlava, era como se aquelas falsas palavras fossem apenas para amenizar o ocorrido, e quando acontecesse novamente ele voltaria a dizê-lo.

Levemente eu abanei com a cabeça positivamente, me rendendo, como se eu acreditasse em tudo o que ele dizia.
Pude ver o sorriso se formar nos lábios de Tom, ele gostava de me ter ao seu lado então? Mesmo me machucando e dizendo coisas horríveis.
Eu baixei meu olhar, tendo total noção daquilo em que eu estava me proporcionando, iria acontecer quantas vezes for preciso, e eu ainda esperava Hanse para poder então sair dali, ás vezes eu sinto que estava procurando um conforto no Tom enquanto a ausência de Hanse, mesmo Hanse me tratando totalmente diferente de Tom, eu estava esperando o momento que um milagre acontecesse e então Hanse apareceria para me vir burcar, pensava eu que assim eu esqueceria meu inicial apego a Tom, talvez era tudo uma carência da minha parte.