Desire

capítulo 42

BRIAN.

Eu não consigo mais suportar todo esse peso em minhas costas sozinho, estou tão exausto, não consigo mais pensar nas pessoas que eu amava e matei por causa do meu pai e meu ódio todas as noites antes de dormir. Eu tenho tudo para ser feliz, tenho uma mulher maravilhosa, tenho um filho incrível, mas porque eu não consigo? Eu nasci para ter o mesmo fim da minha mãe? Um dia vou me arrepender de tudo que eu fiz e eu vou tirar minha vida?

Argh!

Acordei bem mais descansado, Margot realmente me colocou pra dormir chupando o peito dela e eu não acordei nem pra mijar.

Está tudo silencioso, provavelmente já está no fim do dia e a única coisa que eu me recordo antes de ter dormido foi dos remédios que eu tomei para dormir e estou com uma ânsia do caralho.

Me levantei com cuidado para não acordar Margot e fui conferir se Ethan está dormindo, ele está dormindo barriga para baixo com a boquinha aberta, que coisa mais linda, meu Deus.

Não pude passar muito tempo admirando meu filho dormir, tive que correr pro banheiro para colocar todos os remédios que tomei para dormir ou ficar acordado de ontem para hoje. Porra, sou orgulhoso demais para procurar ajuda e acho que vou desmaiar aqui dentro a qualquer momento.

Me abaixei na privada e coloquei meu dedo na garganta, em seguida colocando tudo para fora.

Estou vomitando muito, minha barriga está começando a doer e minha cabeça está rodando de tanta dor.

— Margot... — chamei.

Não demorou muito para ela aparecer no banheiro, ela está assustada.

Tudo me diz que estou tendo uma overdose, porra, Allysson ficaria tão triste se me visse assim novamente. Quando eu tinha dezessete anos, tive minha primeira overdose, minha irmã que me encontrou no quarto e antes de apagar, pude ouví-la gritar por socorro e chorar de joelhos ao meu lado.

Cai de costas no chão e não consigo parar de vomitar, estou morrendo de dor de cabeça. Margot correu desesperada pra pegar o telefone e ligar pro meu irmão.

— Henry?! Preciso de ajuda, Brian está tendo uma overdose! — posso ouvir ela chorar, sua voz está ficando cada vez mais baixa e formando ecos.

...

Abri apenas uma brecha do meu olhos, mas depois fechei devido a luz forte em meu rosto.

Flash backs em minhas cabeça todas as vezes em que eu pisco o olho surgem e eu estou começando a ficar com raiva de mim mesmo por Margot ter me visto naquela situação.

Me lembro de entrar na ambulância com minha mulher e também me lembro de me levarem as pressas na maca para uma sala.

Esse ar frio e o cheiro irritante do hospital me lembra quando passei a noite aqui com meu pai antes dele morrer. Eu odeio o cheiro de hospital, odeio esse sentimento estranho que ele trás. Esse cheiro vago me causa arrepios por todas as lembranças ruins, posso sentir minhas mãos geladas por causa do frio, o barulhinho da máquina ao meu lado me irrita, tenho lembranças ruins dela também quando elas começaram e disparar, avisando que o coração do meu pai estava parando.

Abri meus olhos totalmente e vi Margot sentada na ponta da cama, olhando para mim, seus olhos estão vazios, refletem tristeza, pena. Assim que ela olhou para mim, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios e ela se levantou, vindo até mim e me dando um beijo na testa.

— Sofreu uma overdose na noite passada. — ela disse.

— Onde está o Ethan? — é a única coisa que eu consigo falar.