Uma História (muito) diferente.

capítulo VIII: Discussões.

Ele não voltou para a torre da Grifinória aquela noite.

Sentia-se entorpecido pelos acontecimentos das últimas horas, e tudo que queria era não ter que encarar ninguém novamente. Tinha medo da reação das outras casas, tinha medo da reação que seus amigos teriam, tinha medo das reações que seus pais teriam.

Então ele se transformou em sua forma animaga, um cervo belo e elegante, e resolveu se acomodar nas clareiras da floresta proibida. A lua voava lá em cima, mostrando que era meia-noite, a nebulosa corria pelos ares e as corujas piavam formando um som medonho. Num todo, era um cenário tão melodramático, que Harry só conseguiu dormir por estar em sua forma animaga. Se estivesse sem a forma de cervo, se castigaria em pensamentos intrusivos antes de adormecer.

Quando ele acordou, foi por causa dos barulhos de gritos que ecoavam pela floresta. Alguém estava chamando seu nome, e com isso em mente, ficou muito cauteloso ao olhar ao redor.

E então uma nesga de cabelos prateados esvoaçaram pelo ar quando o vento fez com que as árvores tremeluzissem. O cervo se levantou, reconheceria de longe o dono do cabelo brilhante. Draco apareceu entre os arbustos, as mãos segurando os cabelos enquanto chamava por Harry. Quando ele viu o cervo, parou.

— Oh, graças a Merlin — o garoto resmungou, respirando fundo. O cervo se encolheu no canto. Qual seria a reação que o sonserino teria? Será que pensaria que Harry estava tentando exibir-se? Procurando mais fama?

Draco se aproximou mais do cervo, e as orelhas do animal baixaram, com melancolia.

— Vamos, Prongs — ele levou uma das mãos, hesitantemente, em direção ao nariz do cervo, fazendo um carinho quase casto.— Aurora também está procurando por você.

Ele havia se esquecido de sua irmã, provavelmente mais perplexa que ele, em meio a confusão da noite anterior.

Harry voltou à forma normal. Evitando encarar Draco nos olhos. Seus cabelos escuros estavam despenteados para todos os lados, mais que o comum, e ele sabia que estava sujo de terra em suas roupas.

Mas Draco não pareceu se importar quando avançou pra frente e o abraçou forte. O grifinório engasgou, rodeando a cintura do sonserino e afundando o rosto no pescoço pálido do rapaz.

— Eu não... — soluçou. Sentia-se tão vulnerável...— Eu não coloquei meu nome no cálice de fogo — ele sentiu as lágrimas caírem e mancharem o suéter verde do sonserino.

Draco apertou mais ainda os braços em torno do garoto — Eu sei... Eu sei. Você nunca faria algo assim — mas parecia tentar convencer a si mesmo disso.

Os dois continuaram assim. Enroscados um no outro, enquanto Harry chorava silenciosamente. Draco não parecia saber como confortar o grifinório, então tudo o que fez foi percorrer uma das mãos sobre o cabelo do garoto e deslizar os dedos pela nuca, fazendo círculos com o seu indicador. Quando Harry finalmente se acalmou, os dois se separaram, meio envergonhados.

— Você disse que Aurora está me procurando? — ele perguntou quando levantou um pouco de sua camisa para enxugar seus olhos molhados de lágrimas. Draco cuidadosamente desviou o olhar quando a camisa revelou uma parte do abdômen do grifinório.— E onde ela está?

O sonserino olhou um pouco em volta — Já deveria estar por aqui... — Murmurou. E na mesma hora ouviram um regougar e uma raposa de pelagem laranja apareceu entre as árvores.

Ela ( a raposa) correu diretamente para Harry, transformando-se em Aurora no meio do processo. A garota não tardou em se jogar em Harry assim que se aproximou o suficiente.

Quando eles se separaram, Aurora de repente deu um tapa no garoto ( sim, no rosto, e havia doído muito. Harry acha bom enfatizar).

Ela estava respirando com dificuldade, apontou um dedo para o rosto irmão, acusadoramente — O nome saindo no cálice — ela começou a dizer, numa fala sem fôlego.— E então você desaparece! Some e não retorna à torre da Grifinória! Sabe como eu fiquei preocupada?!