Uma História (muito) diferente.

Capítulo 22: as consequências.

Harry jamais se sentiu tão cansado em sua vida, nem mesmo quando Sirius havia o levado para um campeonato de surfe e ele ficou o dia inteiro em cima de uma prancha.

Bartô Crouch jr não poderia depor depoimento sobre a volta de Voldemort, isso pois ele havia sido morto por um dementador que Fudge havia trazido para Hogwarts como seu " guarda pessoal". A consequência era que agora o ministro da magia não acreditava em nada sobre o retorno de Voldemort.

As pessoas cochichavam sobre ele nos corredores, Dumbledore pediu-lhes que eles não perturbassem Harry para que ele contasse o que sucedeu no labirinto. E agora parecia que eles estavam criando teorias e tirando suas próprias conclusões sobre a morte de Cedric.

As únicas pessoas com quem Harry conseguia falar eram Aurora, Draco, Ron e Hermione. Kevin e Alissa também, mas eles estavam cada vez mais distante esses últimos dias, Harry achava que era por causa de Kevin. Ele andava muito mais pra baixo pelo fato de ter visto duas pessoas mortas esse ano.

Maya era uma das pessoas com quem Harry não conseguia falar. Era esquisito, ver uma pessoa que sempre foi conhecida por sua personalidade extrovertida, estar tão quieta.

Ele lembrava-se da promessa dos dois na véspera da terceira tarefa, e por isso não conseguia nem olhar para ela. Porque ele havia falhado. E Maya nem sequer andava mais com eles, estava sempre com os ombros caídos. Passava o tempo principalmente com seu irmão, com quem havia feito as pazes, e agora era em quem ela buscava conforto.

Foi com uma opressão no peito que Harry arrumou seu malão, à véspera da volta dele para casa. Ele tinha receio de ir para o jantar, o último jantar em Hogwarts do ano letivo. Harry andava evitando o grande salão, e se não fosse por Hermione e Draco, ele nem mesmo estaria comendo direito esses dias.

Quando ele e seus amigos entraram no salão, vários pescoços se viraram em suas direções. Harry se sentiu num filme colegial muito ruim, daqueles em que todos começavam a sussurrar quando o protagonista entrava em cena. Ele se sentia alvo de fofocas e olhares indiscretos.

Tudo se passou como uma enorme marcha fúnebre, ele tentou prestar atenção, ele realmente tentou. Mas cada vez que Dumbledore abria a boca para falar, Harry sempre se perdia no meio da frase. O diretor falava, Harry tentava acompanhar, mas seus pensamentos o interrompiam e faziam ele esquecer o que havia dito no começo da fala.

Dumbledore havia dito algo sobre o retorno de Voldemort, ele sabia disso porque a respiração de Aurora se prendeu ao seu lado. Ela andava cada vez mais ansiosa e esquisita quando falavam sobre Voldemort. Como se ela soubesse de algo que ninguém mais soubesse. E ao final, ela sempre virava o rosto para encarar Draco, com um olhar angustiante que não combinava em nada com seus traços marcantes.

O salão estava tão silencioso enquanto Dumbledore falava que, por um momento, foi como se todos estivessem mortos junto de Cedric. A mesa da Lufa-lufa parecia tão deprimida, que fez outra onda de desconforto passar por Harry. Um sentimento ruim e destrutivo dizia a ele que era sua culpa. Ele quase conseguia ouvir a voz sussurrando em seu ouvido, por sua culpa, Cedric está morto, sua culpa, sua culpa.

Sua, sua, sua!

(No final, Harry ainda tinha somente catorze anos, e um peso sobre seus ombros que não o deixava ficar de olhos fechados à noite)

— Você tem certeza, Viktor? — perguntou Aurora ao amigo no dia em que deveriam ir para casa. Estavam indo em direção ao saguão de entrada, que estava lotado de alunos.

O malão de Aurora estava firmemente na mão da garota, que encarava o búlgaro com uma sobrancelha erguida.

— Non se prreocupe, Aurora. Eu juro que está tudo bem — Viktor disse pra ela, com um pequeno sorriso.— Eu sei que Hermione não me vê do jeito que eu a vejo.