Capítulo 18

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Abner Augusto

Porra, eu nem sei como isso aconteceu.

Eu tava conversando com os meninos e simplesmente olhei um segundo para o lado e acabei batendo nas costas dela.

Parece que a menina simplesmente se desintegrou. Ela caiu no chão e só depois pude reparar que ela estava com um açaí.

Mas ele foi todo para sua cara e roupa.

- Que merda, Abner - Escuto o Thiago dizer ao meu lado.

Não pude deixar de reparar que ele tava tentando esconder o sorriso, assim como metade das pessoas que estavam no mesmo lugar.

Pude reparar também que o seu joelho tava bastante ralado e uma menina ao seu lado tava tentando tirar o açaí da sua cara.

Além disso, outras pessoas começaram a ficar me volta dela pra saber se a Lili tava bem.

- Vai lá, cara - Escuto a voz do Prado e só agora tinha percebido que fiquei totalmente estático e sem reação.

Tirei o meu casaco e comecei a limpar um pouco do sangue que estava no seu joelho.

- Me desculpa, Lili - Comecei a dizer - Eu não vi você, me desculpa mesmo.

- Você ficou cedo? - Ouço a voz da amiga dela irritada me olhando - Porra, a menina tá toda fodida.

Pude reparar que a Lili lançou uma cara irritada para a amiga.

- Não fiz de propósito, cara - Respondi olhando para ela. - Me desculpa.

Acho que em um minuto, eu pedi mais desculpas do que em toda a minha vida.

Dava pra ver claramente que ela estava com muita vergonha e além de tá toda melada de açaí e sangue.

Peguei no braço dela pra gente poder sair um pouco da rua e irmos para a calçada, com a sua amiga vindo logo depois.

Pude reparar as pessoas se apertando na parada e vi que o ônibus já estava chegando. Decidi que eu não ia pegar esse e esperar o próximo, que só ia chegar em quinze minutos.

- Vai ficar ai, mano? - Escuto a voz do Thiago e pude reparar que o Apollo estava subindo o ônibus junto com o Prado.

- Vou - Respondi olhando para ele - Vou pegar o próximo, pode ir indo na frente.

- Me atualiza depois - Ele me respondeu.

Apenas assenti e pude reparar que a Lili não tinha falado nada até o exato momento em que a parada já estava completamente vazia.

- Você não tem ideia do quanto eu tô te odiando agora - ela me encarou com o rosto totalmente irritado.

- Você sabe que eu não fiz de ruim, né - Eu disse falando um pouco mais alto - Não é como se eu quisesse que você caisse na frente de todo mundo e ficasse complemente melada e sangrando.

A amiga dela, que ainda estava lá, me encarou como se quisesse me matar e eu apenas a ignorei.

- Como você não me viu, cara? - Ela me perguntou - Eu tava literalmente na sua frente e não é como se você fosse o pé grande.

- Eu me distrai, tá? - eu disse olhando para ela - E de novo, você não pode me culpar por algo que eu não fiz de propósito.

- Não posso, mas eu vou - ela respondeu irritada e virou para o lado me ignorando.

- Meu Deus do céu - Respondi ficando irritado.

Eu fiquei mais uns dez minutos falando que não tinha feito de propósito, além de ficar pedindo mais umas cem desculpas para ela.

Depois desses minutos, pude reparar que o meu casaco de marrom tinha ficado complemente melado de açaí e sangue.

- Amanhã eu devolvo o seu casaco, tá? - Ela me disse enquanto terminava de limpar os últimos resquícios do açaí que estava na sua cara e pescoço.

O açaí que estava em sua roupa já estava completamente seco e não acho que sairia tão cedo essa mancha.

- Tá de boa - Respondi

- Hum - Ela disse olhando para o lado e ignorando minha presença logo depois.

Não pude perguntar o motivo dessa resposta, pois o ônibus já estava virando a rua.

A parada não estava tão cheia quanto antes, mas tinha algumas pessoas lá.

Subimos no ônibus e elas se sentaram na mesma cadeira e eu sentei um pouco mais distante.

Eu já não tava mais com tanta cabeça assim pra continuar escutando ela reclamando que eu tinha estragado o seu primeiro dia e que a fama dela agora era de "mulher açaí".

Algo que ela criou totalmente da cabeça dela em segundos.

Logo depois, chegamos na parada e a amiga dela foi embora menos de três minutos depois. O nosso ônibus demorou mais uns cinco minutos para chegar, mas eu não quis tentar falar com ela de novo.

Ficamos em cadeiras totalmente distantes e acho que isso foi melhor.

Mix de Sentimentos || Magrão & LiliOnde histórias criam vida. Descubra agora