Lili
Eu tava com muita raiva dele. Sei que ele não fez de propósito, mas mesmo assim foi bizarro a maneira que ele praticamente me fez de boneco de posto.
Achei que eu ia perder uns dois dentes, mas por incrível que pareça, o açaí protegeu os meus dentes.
Acabei ficando com o casaco dele, não ia devolver com o negócio todo melado de sangue e açaí. Pensei seriamente em chegar em casa e picotar todo e fingir que eu tinha perdido.
Meu joelho estava ardendo mais que nunca e o Abner ficava me olhando com aquela cara de cachorro arrependido. Pude perceber que em certo momento, as minhas respostas estavam ficando mais vazias e ele pareceu irritado por isso.
Eu tô de TPM, qualquer coisinha vai ser um motivo para eu ficar com raiva ou chorar. E foi exatamente isso que eu evitei fazer dentro do ônibus da faculdade.
Consegui perceber alguns alunos me encarando e cochichando e eu já estava extremamente incomodada com tudo aquilo. Nunca gostei muito de atenção e principalmente atenção negativa como isso.
Assim que chegamos na outra parada, a Esther foi embora e eu fiquei um pouco afastada dele por alguns minutos até o nosso ônibus chegar.
Fiquei em uma cadeira afastada dele e como estava sem internet, só pude escutar música até chegar em casa. Eu gosto disso, mas não quando estou toda fodida.
Como eu moro um pouco afastada dele, desci primeiro e pude reparar o mesmo me encarando. Apenas ignorei e fui em direção a minha casa.
Assim que eu cheguei, larguei o celular na cama e fui tomar logo um banho. O açaí já tinha secado e eu estava agoniada com ele colado na minha pele e roupa.
Fiquei uns trinta minutos no banheiro só lavando o meu cabelo e tentando tirar o cheiro de açaí dele.
Depois disso, fui pegar uma caixinha de remédios para passar alguma coisa no meu joelho e ver se melhora logo. Não tinha visto como ficou, por conta do sangue que estava nele, mas agora que eu vi que tinha ficado algo bem feio.
Maldito dia que resolvi ir de calça jeans rasgada para a faculdade.
Já tinha se passado mais de uma hora que eu tinha chegado em casa e não tinha haid meu celular ainda.
Logo depois de me vestir, escutei a voz da Kakau no portão e fui lá abrir para ela.
- Ariele do céu - ela começou a falar espantada - Você não olha mais do celular?
- O que foi, Khauane? - Respondi já querendo que ela me dissesse logo.
- Tem um vídeo seu. - Ela só me disse isso.
Eu tenho a total certeza de que o meu coração parou.
- Deixa eu ver, agora, Khauane - Eu disse já querendo me matar.
Eu realmente quero me matar.
- Você tem que ficar calma primeiro - Ela começou a falar e saiu correndo pela casa, isso porque eu estava perseguindo ela.
- ME DÁ ISSO, KHAUANE - Eu disse gritando pela casa.
- CALMA, ARIELE - ela disse gritando assim como eu.
Eu estava nervosa e eu já sabia do que esse vídeo tratava. Eu já tinha falado com o Abner que iam gravar algum vídeo meu e eu ia ser chamada de "menina do açaí."
- Tá, tô calma Khauane - Eu disse parando de correr - Me da o celular, por favor.
- Você me promete que não vai se matar? - Ela me perguntou com uma cara apreensiva.
- Prometo. - Eu disse obviamente mentindo. Dependendo do conteúdo do vídeo, eu nem ia esperar acabar pra fazer isso.
Khauane concordou e aos poucos foi me dando o celular. Isso não funcionou muito bem, já q eu arranquei com tudo da sua mão.
No vídeo eu já estava no chão e com a cara completamente melada de açaí. Estava nos status de whatsapp de um amigo dela da faculdade.
Aparentemente, a professora dela fez um grupo e pediu para que todos adicionassem os contatos, pois ela iria fazer uma dinâmica com isso depois.
Enfim, o vídeo era de trinta segundos e basicamente era eu no chão em choque com a cara melada de açaí e o joelho todo cheio de sangue.
Fiquei um pouco aliviada que apenas uma pessoa tinha postado.
Porém, antes que meu alívio fosse maior, tirei dos status dele e vi mais seis status com o mesmo vídeo.
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Mix de Sentimentos || Magrão & Lili
RomansaImagine que você está começando uma nova faculdade e tudo é extremamente novo pra você. Além disso, o dia a dia na sua casa não tá sendo fácil e a sua única amiga é o motivo de você não ter desistido de tudo ainda. E na nova universidade, você começ...