VII

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Simone pisava firme pelas ruas de Três Lagoas. A audácia daquela mulher! Precisava esfriar a cabeça e permanecer no mesmo ambiente que a patricinha metida a besta não iria ajudar. Andava sem rumo pela cidade notando o olhar questionador das pessoas sobre si, mas sinceramente não estava dando a mínima naquele momento e sem dúvidas a maioria das pessoas já deviam estar cientes do que lhe afligia. Ainda não compreendia o porquê de ter que conviver com uma estranha com síndrome de superioridade que era nada mais nada menos do que uma vândala, destruidora de placas e onças ornamentais! Por favor, né? A vítima ali era ela, não merecia tamanho castigo.

A morena decidiu ir até a prefeitura desabafar com sua irmã. Eduarda certamente não estaria fazendo nada de muita importância num fim de tarde às vésperas de um feriado, no máximo organizava alguma papelada. Além de que, era sua irmã mais nova, sua obrigação era dividir os tombos da vida com ela.

"Oi, Simone!" Clarice a recebeu na entrada quando a mesma estava saindo, obviamente ansiosa para encerrar o expediente. "A dona Eduarda está na sala dela, vou avisar que 'cê tá aqui." Ela diz sorrindo e voltando para o corredor. "Dona Eduarda! A Sua irmã tá aqui!" A secretária berrou saindo às pressas antes que lhe dessem alguma tarefa de última hora.

Simone rumou para a sala da prefeita rindo da afobação da secretária que em segundos provavelmente estaria virando a esquina de casa naquela pressa toda.

"Ora se não é a minha vez de perguntar, que 'cê 'tá fazendo aqui?" Eduarda lança com uma risadinha.

"Eu poderia fazer a mesma pergunta, né? Por que 'tá trabalhando até agora e ainda fazendo a pobre da Clarice trabalhar também? Ela saiu igual um foguete quando cheguei, deve ter planos pra hoje, tadinha."

"As meninas estão com o papai e a mamãe agora de dia, então pensei em terminar algumas pendências antes de buscá-las. A Clarice veio de manhã trazer uns documentos que precisavam da minha assinatura, mas ela ficou mesmo foi pra fofocar com o pessoal aqui do centro sobre o ocorrido de hoje, viu? Não se engane! E falando nisso...cadê a sua encrenca?" Eduarda aproveitou para atazanar a irmã.

"Nós brigamos. Na verdade, ela estava sendo uma completa imbecil irredutível, eu perdi a paciência e saí para esfriar a cabeça."

"'Cê deixou ela lá sozinha?"

"É...deixei." Simone responde sem olhar para ela.

Eduarda não se aguenta e solta uma gargalhada escandalosa. "Não acredito! Ai, o Marcelo vai rir tanto disso, vou até ligar pra ele." diz já pegando o telefone.

"Eduarda Tebet!" Simone dá um tapa em sua mão e agarra o aparelho antes que ela pegue novamente. "'Cê não vai fazer isso comigo! Eu sou sua irmã mais velha, sou prioridade! Depois 'cês fofocam sobre as catástrofes que assolam a minha existência." Ela tenta, dramatizando a situação para convencê-la.

"Ai, tá bom! Mas sem drama, né? Mas 'cê tem que concordar que isso é loucura. Primeiro a mulher quase te atropela, daí vocês brigam igual duas doidas e você deixa ela sozinha na sua casa? Ela deve estar botando fogo nas ruas roupas uma hora dessas."

"Duda! Como assim? 'Cê acha mesmo que ela faria isso?" Simone se preocupa imediatamente. E se ela fosse capaz daquilo mesmo? Pior, e se ela fizesse algo com suas galinhas, ou com Ralf?

"Eu 'tô brincando, Simone." Eduarda desiste de atormentar a irmã percebendo que ela estava realmente considerando aquela loucura. "Eu só não entendo qual é o problema entre vocês duas, sério. Você é a pessoa mais gentil e paciente que eu conheço Simone, você é professora de crianças, por Deus! Mas por algum motivo essa mulher 'tá te deixando maluca."

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