XIV

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"Ai, Soraya! Assim não! 

Estavam na cama da morena, consumando a vitória da loira na aposta, depois de dividir o chuveiro pela segunda vez naquele dia. A volta da fazenda foi tranquila, nenhuma das duas comentou sobre a conversa que haviam tido durante o piquenique, mas não era necessário. A afirmação da advogada e o beijo da professora eram o suficiente para selar aquele acordo. Ainda não estavam prontas, mas estavam dispostas a tentar. 

"Eu não tenho culpa de você ser tão gostosa!" Alegou, depois de ter lascado a mordida na pele branquinha de Simone, que na hora deu um pulinho, se afastando dela e sentando-se na cama. 

"Você é insaciável!" Disse, esfregando a pele abaixo do seio esquerdo que já estava vermelha e com a marca dos dentinhos afiados da predadora em sua cama. 

"Se eu bem me lembro, professora Tebet. A senhorita mesmo passou a noite toda colada ao meu corpo, para confirmar a tese de estar completamente viciada em mim."

"Mas eu não te mordi assim!" Simone falou, corando com a declaração, mas ainda assim na defensiva.

"Porque não quis, ora." Soraya sorriu maliciosa ao dizer. "Mas agora, sério. Obrigada pelo dia de hoje, eu adorei cada pedacinho dele." 

"Eu também." A morena sorriu ao dizer, desfazendo a cara emburrada. "E obrigada por me permitir conhecer um pouco mais sobre você. 'Cê cavalga muito bem, Soraya. Em todos os sentidos!" Piscou para ela que mordeu os lábios e tocou levemente em seu braço para que ela se deitasse novamente.

"Boba! Vem aqui." 

Atendeu ao pedido, deitando-se de frente para ela, entrelaçando as pernas e roçando os narizes em um beijinho de esquimó.

"Nós deveríamos dormir. Tenho certeza que vai ter uma dupla de diabinhas atormentando nosso juízo amanhã bem cedo." Disse, acariciando a bochecha da loira que fechou os olhos para aproveitar o carinho.

"Você tem razão. Mas quero ficar assim só mais um tempinho, te olhando."

"Mai' 'cê tá de olho fechado, doutora." Brincou, arrancando um sorriso dela. 

Naquele instante Soraya abriu os olhos novamente para encontrar as orbes quase negras, iluminadas somente pela luz da lua que atravessava a janela aberta e as cortinas de cor creme. Seu coração acelerou com o contato e ela não se segurou, desenhou os lábios da morena com a pontinha dos dedos e em seguida tomou-os em um beijo manso e gostoso. Como quem diz "Boa noite, durma bem." Simone sorriu entre o beijo, encerrando-o com três selinhos ao sentir a loira relaxando em seus braços, quase pegando no sono. Ela trouxe o corpo menor para mais perto de si e imediatamente Soraya deitou a cabeça em seus seios, deixando um beijinho no vale entre eles. 

"Boa noite, durma bem." Quem desejou foi a morena, ganhando um suspiro como resposta e um aperto em sua cintura. No fim das contas, o beijo era mesmo a maneira da loira de desejar boa noite. 

A manhã chegou depressa e o galo cantando no quintal foi o que despertou a professora. Abrindo os olhos lentamente ela se deparou com Soraya tomando todo o espaço da cama, mais um pouquinho e ela cairia de cara no chão. A loira estava de bruços, toda esparramada, com um braço e uma perna sobre o corpo da morena e o outro lado ocupando o restante da cama. 

Simone sorriu, se levantando vagarosamente para não acordá-la. Não havia problema em deixá-la dormir mais um pouco enquanto preparava o café. Soraya se virou na cama procurando por ela, agarrando seu travesseiro e voltando a dormir. 

Após o ritual de fazer a higiene matinal, se vestir e alimentar os animais, a morena focou em preparar o café da manhã e organizar as coisas para a pescaria, antes que suas sobrinhas chegassem aterrorizando geral, como se estivessem dentro do redemoinho do Taz Mania. 

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