Soraya Thronicke possuía o hábito de dormir abraçada ao travesseiro. O que por muitas vezes irritava Henrique, que dizia que ela ocupava o espaço da cama inteira sem ao menos tocá-lo.
Naquela manhã ela acordou da mesma forma. Mas seu travesseiro era uma morena de quase um metro e setenta, da pele macia e branca como a neve.
Abrindo um olho de cada vez para ter certeza de que não se tratava de um sonho, ela apertou o corpo que lhe proporcionou tanto prazer na noite passada. Escondendo a cabeça na curva de seu pescoço e suspirando ao sentir o perfume dos cabelos negros.
Simone despertou devagarzinho, arrepiando-se com o toque da loira, que passou a ponta do nariz em sua pele e depois correu os lábios pela mandíbula, depositando um beijo suave na pintinha que havia ali.
"Bom dia..." Disse com a voz rouca de sono, colando ainda mais o corpo menor ao seu, apertando a coxa que repousava sobre sua cintura.
"Bom dia, coisa linda." Soraya respondeu sorrindo, admirando os olhos que tinham um brilho diferente pela manhã, permitindo que ela enxergasse a cor verdadeira das íris que eram mais claras do que aparentavam.
A morena se derreteu com o elogio, mordendo levemente os lábios para conter um sorriso. Com a ponta dos dedos ela acariciou toda a extensão das costas da advogada, memorizando cada ossinho de sua coluna.
"Eu adoro quando você faz isso." Confessou sem tirar os olhos dos dela.
"O que?" Pensou que se referia ao carinho em sua tez.
"Morde os lábios desse jeito e depois passa a língua sobre eles. Devia ser considerado atentado ao pudor, Simone."
Soltou um risinho sexy, fazendo exatamente o que a loira acabara de descrever.
"Sua safada! Você sabe muito bem o que isso causa, não é?!" A loira confrontou, dando um tapinha em seu ombro.
"Talvez eu tenha uma ideia. Por que 'cê não me mostra?" Sussurrou ao pé do ouvido dela, deixando uma mordidinha no lóbulo da orelha.
Soraya sorriu maliciosamente. A sensação de ter a professora assim tão entregue a ela era sublime, se sentia nas nuvens. Quando roçaram as bochechas uma na outra, afastando-se para iniciar um beijo de bom dia, ouviram o barulho das patinhas do cachorro da morena arranhando a porta do quarto. Ralf deu dois latidos, chamando por ela.
Simone rapidamente cobriu o corpo e a cabeça de ambas, se enfiando embaixo do cobertor.
"Shhh...fica quietinha, quem sabe ele desiste." Tinha a expressão séria, fazendo sinal de silêncio.
A advogada tapou a boca para segurar o riso. Como pode uma criatura tão sisuda ser tão fofa ao mesmo tempo? "Você é uma gracinha!" Não foi capaz de segurar as palavras em sua boca.
A audição aguçada do animal permitiu que ele ouvisse a comoção vinda de dentro do quarto, e inteligente como o vira-lata raiz que era, percebeu que estavam as duas ali se escondendo dele e negando seu estimado café da manhã. Indignado, começou a latir e arranhar a porta incessantemente.
"Sorayaaaa...agora ele não vai parar. E a culpa é sua!" Lastimou, emburrada.
A loira permanecia encantada com a meiguice da morena. Seu coração batia acelerado, mas era uma sensação gostosa. Como se seu peito se enchesse com todos os sentimentos bons que existem no mundo. Não resistiu e selou os lábios bonitos em um beijo estalado.
"Tadinho! Ele só quer o café da manhã dele, Simone. Eu vou lá."
"Mas eu não quero te soltar agora." Se agarrou a ela impedindo que levantasse.
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À Sua Vista
FanfictionQuando Soraya Thronicke fica literalmente presa numa cidade no interior do interior do Brasil, como ela irá lidar com Simone Tebet, a professora da cidade que a detesta? As duas terão de trabalhar juntas durante um mês, seguindo ordem judicial e de...