Esther, uma garota de 16 anos mora com a sua irmã mais nova, Alice de 8 anos e a sua mãe, Fernanda.
Após sete anos da morte de seu pai, sua mãe decide mudar para uma cidadezinha para conseguir trabalhar um pouco menos e passar tempo com as filha...
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Bom, sabe quando bate saudades de alguém que já se foi, aquela única pessoa que lhe entedia? Sinto falta do meu pai desde quando ele se foi, quando eu tinha apenas nove anos. Faz sete anos que ele se foi e já nem me lembro de sua voz. Ele era como um herói, o oposto da minha mãe, que vive trabalhando e nunca tem tempo para mim e muito menos para Alice. Ela é nova e não entende como isso machuca, mais ela é a melhor coisa que eu tenho. Como a minha mãe só pensa em trabalhar e não tem tempo pra cuidar dela, é comigo que a Alice fica, mas, enfim, bem vindos a nossa vida!
Ou antiga vida...
Está frio, mas nem tanto. Parece estar chegando uma tempestade.
Ouço alguns trovões. Fecho a janela e desço a escada em caracol que dá direto para a sala.
Minha mãe não está lá, então provavelmente está na copa.
A casa não é muito grande, tem apenas três quartos, uma para cada uma de nós - mas na maioria das vezes Alice dorme no meu - , uma cozinha, dois banheiros, uma copa média e uma sala de estar.
Ela está sentada na mesa da copa, completamente concentrada em seu notebook.
Raspo a garganta para ela saber que estou aqui, mas ela ainda está concentrada em seu trabalho, ou seja lá o que for que está fazendo.
Raspo a garganta novamente e ela suspira antes de dizer:
— Aconteceu algo de importante?
— Na verdade, não. - Me aproximo. - Eu só queria saber se você está muito ocupada. Eu queria ver um filme com você. - Abro um sorriso ao vê-la prestar atenção em mim e digo mais alto: - Bom, uma noite de cinema, que tal? - Ela morde os lábios. - Podemos fazer brigadeiro também, se você quiser...
— Desculpe filha, mas hoje não vai dar. Estou muito ocupada.
Meu sorriso se desfaz, e antes que eu possa perceber, já estou olhando para o chão, tentando evitar que as lágrimas escorram pelo meu rosto.
— Ah, sim. Você está trabalhando?
Ela suspira mais uma vez.
— Eu estou olhando uma casa para nós nos mudarmos, eu lhe avisei, não avisei? — Ela não espera a resposta. — Precisamos de um lugar mais perto do meu trabalho.
— Eu sei, mas pensei que você pudesse parar um pouco para...
Ela suspira pela pela terceira vez e me corta, sem paciência:
— Por favor, não me atrapalhe. Eu realmente preciso resolver isso o quanto antes.
— O papai veria comigo. — Digo pelo o hábito de me lembrar dele, mas logo percebo a merda que eu disse.