* Ele só está bêbado *

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- Então eu não importo para você, seu ingrato?

      De novo não, por favor....

- Pai, me desculpe. Eu posso resolver isso, só não comece de novo. Eu vou tomar um banho.

     Ele me ignorou.

     Graças a Deus!

    Eu fui para o banheiro antes que ele falasse algo.

    Estava saindo pouquíssima água do chuveiro, talvez por ser velho, ou estava entupido.

    Demorei o menos que pude para não aumentar a conta de luz e energia.

    Quando acabei, fui para o quarto e desabei no choro.

   Eu estava tão mal que tinha me esquecido de trancar a porta, e como já se era de imaginar, o meu pai escutou.

   Ele demorou aparecer no meu quarto. Já eram sete horas quando eu estava quase dormindo de tanto chorar, com os olhos muito vermelhos e pequenos.

- Pare de chorar! - Ele gritou.

   
  Tentei abafar o som com o travesseiro, mas os soluços não deixaram.

   Ele abriu a porta.

- Não ouviu eu dizer que é para parar de chorar?

- Desculpa pai. Eu vou parar. - Eu enxuguei os olhos.

- O cabo da televisão deu defeito, vai lá ver agora!

    Eu me levantei e fui, não queria arrumar mais uma briga.

- Estragou, pai.

- Como assim, estragou do nada?

- Eu não sei.

- Você não sabe de nada!

       Mas é claro que ele ficaria estressado de novo.

- Eu vou deitar. Se você precisar de algo bate na porta.

- Não! Você vai me ajudar!

- Não tem o que fazer, pai. O senhor deveria parar de beber agora e ir tomar banho e descansar. Você trabalha amanhã. - Minha voz era monótona de sono, era cedo, mas eu havia chorado muito.

- Não me diga o que fazer, muleque!

- Eu não estou obrigando o senhor, eu só estou tentando ajudar.

- Se quer ajudar, arrume um emprego.

- Não é tão fácil assim, pai.

- Se não vai ajudar em nada, era melhor ter ido com a sua mãe!

      Eu superei. Já estava cansado de mais para ligar para isso.

- É pai. Mas eu não fui.

- Isso é jeito de falar com o seu pai, muleque? Você precisa de uma coça.

     Esfreguei a testa.

- Talvez pai, talvez. - Eu me virei para ir para o quarto, mas ele puxou a minha blusa e me empurrou para o sofá.

           E lá vamos nós de novo....

- Agora você vai aprender a me respeitar! - Ele tirou o cinto e começou a me bater, de novo.

- Para pai! Por favor, para! - Eu gritei umas cinco vezes, mas desisti.

       Ele só está bêbado.

      Ele só está bêbado.

      Ele só está bêbado.

Os Desejos Mais Sombrios De Uma Alma Onde histórias criam vida. Descubra agora