Os Desejos Mais Sombrios De Uma Alma

* A escola nova *

  
   Acordo às seis da manhã com uma ligação da minha mãe.

    Ela disse que hoje, dia dez, iríamos começar a estudar.

 
    Ela não estava em casa, disse que suas férias tinham acabado.

   Estou morta de sono, mas entro naquela água gelada.

  Depois do banho, chamo Alice e vou fazer o café.

   Nós vamos de ônibus, então temos que estar prontas meia hora antes para esperar no ponto.

   Nós vamos caladas, com muito sono.

   Quando chegamos, Alice se despede de mim e segue uma mulher que lhe diz que irá mostrar a sua sala.

  Olho para os lados. Estou um pouco perdida ainda.

  Há três corredores. Vou pelo lado esquerdo.

  Dou de cara com os banheiros.

  Bom, eu estava mesmo precisando de um.

    Entro em uma das cabines e faço as minhas necessidades.

  Tento abrir a porta, mas está trancada.

    Droga!!! Era só o que me faltava.

— Ei! Tem alguém aí? Isso não tem graça! — Soco a porta.

     Ouço risadas.

Me viro, dando uma volta completa.

— Alguém! Por favor. Estou pressa!! — Grito enquanto continuo a socar a porta.

  * VOCÊ MENTIU PARA MIM! A LUZ NÃO VOLTOU E MUITO MENOS A MAMÃE!! *

    Dou um pulo.

— Por favor, me deixe em paz!

 
    * VOCÊ MENTIU! MENTIROSA! VOCÊ ME DEIXOU SOZINHA! *

      Me sento, as mãos na cabeça enquanto a sacudo.

   Não, não, por favor, de novo não...

  A voz não para de gritar, me chamando de mentirosa.

  Por favor!! Eu preciso de ajuda, preciso sair daqui. Vou enlouquecer...

        Ah, não!!!

  Há sangue em toda a cabine.

    Subo no vaso, o único lugar onde não há sangue.

    O medo parece descer pelas minhas veias lentamente.

     Droga!!

   Larvas começam a sair de dentro dele.

  Entro em desespero. Não sei o que fazer para sair daqui.

     Vou ter que pular por cima da cabine. É o único jeito.