Esther, uma garota de 16 anos mora com a sua irmã mais nova, Alice de 8 anos e a sua mãe, Fernanda.
Após sete anos da morte de seu pai, sua mãe decide mudar para uma cidadezinha para conseguir trabalhar um pouco menos e passar tempo com as filha...
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Não liguei e quando cheguei em casa fui dormir.
Na verdade, tive receio de dormir depois do que aconteceu hoje, então mandei Alice ficar no celular ao meu lado e me chamar caso acontecesse algo.
Acordei depois de quase quatro horas. Ao me olhar no espelho, estava com uma aparência horrível.
Me abaixei na pia para lavar o rosto, mas quando levantei, vi algo no espelho que me assustou.
Dou um pulo para trás ao ver a mesma mulher do vestido branco.
Tento sair, mas algo me impede.
Olho para baixo - os meus pés estão presos.
Droga!!
A mulher começa a sair do espelho e eu entro em desespero.
Olho para ela e depois para os meus pés cinco vezes.
— Inster!!!
Levo um susto. Olho de novo para o espelho e está tudo normal.
Vejo que não estou mais presa e corro até Alice.
— O que foi, princesa? Você está bem? — Ofego.
Ela assente.
— Mamãe ligou. Disse para nós nos arrumamos para irmos para a nova casa hoje para arrumar algumas coisas por lá. Ela vai mandar um táxi vim buscar a gente, porque o carro estragou.
Suspiro.
— E precisava me gritar assim?
— Eu te chamei cinco vezes, mas você não veio!
Olho para ela e depois para os meus pés cinco vezes.
Cinco vezes...
— Inster?
— Ah? — Pisco. — Sim, sim. Ela saiu do trabalho mais cedo? Te disse algo sobre ficar alguns dias em casa?
— Saiu, sim, mas não disse sobre ficar em casa.
Assinto.
Alice me olha chateada.
— A mamãe mentiu para nós? Ela não vai passar mais tempo com a gente?
Me agacho e a abraço.
— Não sei, princesa. Não sei. — Lhe dou um beijo.
— Ela deveria...
Sinto o meu ombro ser molhado pelas suas lágrimas.
— Estou com fome. — Quebra o silêncio.
— Vá tomar o seu banho que eu vou fazer o jantar. Ela corre para o banheiro.
Faço o jantar e ficamos esperando o táxi por muito tempo.
Alice desenha, brinca de boneca, vê desenho até às 20:00h.
Que trânsito duraria até a essa hora? Será que ela ainda está trabalhando?
Tento ligar algumas vezes, mas caí na caixa postal.
Alice reclama sobre a demora, mas ignoro, olhando para o celular.
Talvez ela esteja ocupada, é normal. Ela trabalha muito, acho que eu deveria ser mais compreensível... E ela também.
Às 21:34 minha mãe atende o telefone.
Me levanto rapidamente.
— Mãe? A senhora está vindo?
— Ah, mil desculpas, filha. Tive que ficar algumas horas a mais para cumprir o horário. Irei passar para buscar alguns papéis e chego aí no máximo às onze horas. — Sua voz é exausta.
Sinto dó dela. Ela parece está dando o seu melhor por nós.
— Tá bom. Beijos, amo voc... — Ela desliga na minha cara mais uma vez.
Lembro de Alice falando no caminho do quanto queria que a mamãe chegasse mais cedo para ela poder contar como foi seu primeiro dia de aula. De como ela me disse sentir muita saudades da nossa mãe.
Me dói saber que esse tempo todo, eu e o pai dela, o homem que a minha mãe proibiu de ver sua própria filha pelo simples fato de não conseguir pegar sua filha nas quintas e nas segundas todos os dias para ela trabalhar ainda mais — manipulando o juíz para que concordasse em acabar com a guarda compartilhada — foi o que se pode chamar de família para ela.
Dói mais ainda ver que ela está se esforçando para ser o que não é há anos.
Minha mãe chegou por volta de meia noite, mas Alice já havia dormido. Eu estava esperando por ela sozinha na sala.
— Oi, mãe.
Ela morde os lábios.
— Desculpa, filha. — Senta do meu lado. — Eu realmente tentei chegar na hora, mas demorei para conseguir um táxi.
— Tá tudo bem.
Ela me olha com... carinho? Ternura? Como se me amasse tanto, ao ponto de doer? Não sei explicar o seu olhar.
— Estou morta. Acho que vou me deitar. — Beija minha testa. — Dorme com Deus.
— Você também.
Ela tira os sapatos e foi direto para o quarto.
Vou para o banheiro escovar os dentes para me deitar, mas não tenho coragem de fechar a porta.
Demoro a pegar no sono, mas consigo por volta do que penso ser às três e meia da manhã.