* O meu filho não! *

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- Nós vamos retirar os aparelhos

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- Nós vamos retirar os aparelhos.

- Mas você disse que ele ainda não está morto! - James grita, quase sem voz dessa vez.

- Não, ele não está completamente morto. Mas temos permissão para tirar os aparelhos, já que ele não tem chances de sobreviver...

- Quero ver ele! Vocês não podem fazer isso!

     O médico passa a mão na testa, perdendo a paciência.

- Tá bom. Vá vê-lo antes de tirarmos os aparelhos. É isso o que o senhor quer?

- Não. Quero o meu filho de volta. É isso o que eu quero. - Ele sussurra, olhando para o chão.

 
        O médico levou James até o quarto em que Arthur se encontrava.

       Eu não tive coragem de ir, ainda não.

    Depois de algum tempo, ouço gritos carregados de dor e médicos e enfermeiros falando sobre medicar alguém para que pare de tentar invadir o quarto de um paciente. Claramente era James tentando entrar para ver Arthur.

      Eles chamaram a polícia e eu presenciei a cena de James se debatendo contra os policiais, sem sucesso.

      Não consigo nem imaginar a dor dele agora...

      Alice acorda chorando ao ouvir os gritos.

- Por que levaram ele? Ele foi malvado com alguém? O tio já tá melhor? Ele vai voltar para casa hoje?

         Eu abraço ela, beijo sua cabeça e olho nos seus olhinhos confusos.


- Meu amor... - Sinto um nó se formar na minha garganta. - O tio ele foi... - Minha voz falha. As lágrimas escorrendo em meu rosto e o queimando. - Ele virou u-uma est-estrelinha, entende? - Minha voz se transforma em um sussurro.

        Ela chora ainda mais. Olha para mim, segura o meu rosto com as suas mãozinhas pequenas.

- Ele não vai mais voltar? Nós não vamos ver ele nunca mais?

- Não, meu amor...


        Ela deita no meu colo.

- Não... ele não pode ter virado uma estrelinha.

- Papai do céu precisava dele lá em cima.

- ELE DEVIA TER LEVADO OUTRA PESSOA! VOCÊ AMAVA ELE, NÓS PRECISÁVAMOS DELE! - Ela grita, se sentando.

      As palavras dela me atingem como uma faca em meu peito.

- Nós não escolhemos quem fica, meu amor...

- Senhora Esther?

       Eu me levanto, enxugando as lágrimas. Mas é um movimento inútil, pois logo elas voltam a escorrer.

- Oi?

- Eu sinto muito por sua perda.

      Assinto duas vezes.

- Você quer ver ele antes de tirarmos os aparelhos?


       Sinto vontade de negar. Dizer que não aguento olhar para o seu corpo sem vida. Mas não consigo. Eu preciso vê-lo.


- S-sim. - Olho para Alice. - Me espere aqui, eu volto já.

- Eu quero ver ele também.

     Me preparo para negar, quando o doutor responde por mim:

-  Que tal você vim comer alguns biscoitos comigo, mocinha?  - Ele abaixa e estende a mão para Alice e ela aceita.

      Ele me diz em que sala Arthur está, ou melhor, o corpo dele.

      Não tenho coragem de entrar, então fico alguns minutos do lado de fora chorando.

      Quando entro, sinto uma dor inexplicável no meu coração. Uma dor tão forte que mal consigo ficar em pé.

      Me seguro na parece e percebo que estou tremendo.

      Estou chorando tanto que meu nariz está completamente entupido.

       Passo a minha mão trêmula em seu peito, descendo para a sua mão ainda com os acessos nas veias.

    Me sento ao seu lado.

- Por quê? - Sussurro. - Por quê isso tinha que acontecer? Você estava tão bem... tão forte. - Mordo os lábios. - Me desculpa... me desculpa por te colocar nessa situação. Eu sei que a culpa foi minha. - Paro de falar para respirar um pouco. - E eu nunca vou me perdoar por isso.

     Começo a sentir o meu sangue pegar fogo.

- Como eu queria que você estivesse aqui...


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