13 - DESISTIR NÃO É UMA OPÇÃO

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Ethan foi deixado na área de alimentação junto aos outros garotos que interagiam com grande entusiasmo. Desta vez pôde notar o pontinho branco em meio ao mar negro, mas nem mesmo a visão de Gwen foi capaz de animá-lo. Decidiu ir direto ao seu dormitório, em busca da solidão, mas seu plano foi interrompido. Pelo visto não estavam tão distraídos quanto esperava que estivessem, pois notaram sua chegada, seguida por sua saída à francesa.

— Ei, espere! — berrou Seth, enquanto corria junto de Gwen para alcançá-lo.

Ethan considerou fingir não ter ouvido, mas desistiu ao perceber que seria impossível manter Seth afastado por muito tempo. Sem virar para trás, se esforçou em manter a calma. Não queria se descontrolar diante dos amigos.

— Calma aí, ligeirinho! — pediu Seth, arfando. — Tenha dó destes pulmões de fumante!

Ethan se virou. O bom humor daquele garoto era impressionante e contagiante. Por um segundo sentiu vontade de sorrir, como se não tivesse recebido a pior notícia em sua vida.

— Disse o Homem Marlboro[23]... Desde quando você fuma Seth?

— Há uns sessenta anos, ao que me parece — respondeu Seth, apoiando as mãos nos joelhos enquanto recuperava seu fôlego.

Gwen, que não fora afetada pela corrida, apenas observava. Vislumbrou um pequeno estremecimento no canto da boca de Ethan, mas tão rápido que podia ser apenas uma impressão. Se fosse um indício de sorriso, passou longe de chegar aos seus olhos. Algo não estava bem.

— Ethan, está tudo bem? O que o Sr. McGann queria? — perguntou Gwen, com gentileza. —Quer dizer, se estiver tudo bem para você nos contar, é claro. É que não é comum ele entrar em contato direto com os alunos e... — deixou a frase morrer, sentindo-se embaraçada.

Ethan abaixou a cabeça. Encarar seus amigos sem deixar cair uma lágrima seria mais difícil do que fora a queda do muro de Berlim.

— Minha mãe está em coma — disse sem rodeio, ainda de cabeça baixa.

Gwen e Seth estavam preocupados, mas nada os preparara para esta notícia. Um silêncio sepulcral pairou, até Seth se aproximar e puxar Ethan para um abraço.

—Sinto muito, Ethan!

Ethan se permitiu àquele abraço já sem conseguir conter as lágrimas, que jorraram como um rompimento de uma barragem.

—Vai ficar tudo bem Ethan, você não está sozinho — Gwen repetia, enquanto se juntava a eles.

Ao perceber que Ethan havia se acalmado, Gwen o levou para um lugar mais reservado, longe dos olhares curiosos. Sentaram-se debaixo de uma árvore-sangue-de-dragão.

—Foi um acidente de carro. E agora ela está em coma e não querem me deixar sair daqui para vê-la! — desabafou, Ethan.

— Ethan, eu não posso mensurar o que você está sentindo nesse momento, mas é para sua segurança. Você não pode sair de Lumière para ir ao mundo modesto com seu scone e sem ele por muito tempo você pode não sobreviver!

— E o que isso importa? Um mundo sem minha mãe não é um mundo ao qual eu quero viver! Preciso vê-la, abraçá-la! Preciso fazer algo para curá-la!

— Algum magicien deve conseguir ajudar a mãe do Ethan, certo? — perguntou Seth, esperançoso.

Gwen conteve as lágrimas antes de responder. Sentiu enorme impotência. Tudo o que desejava era poder ajudar seu amigo, mas ao contrário disso, sabia que iria feri-lo com suas palavras. Explicou a Seth o que Ethan já sabia. Doenças mentais ou danos físicos ao cérebro não respondem à magia.

Rhoars - Os MagiciensOnde histórias criam vida. Descubra agora