17 - O PHORJA TEM PERNA CURTA

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Se surpreenderam com o local da última programação do dia. O faucon os levou direto à clareira, o mesmo local de encontro de Ethan e seus amigos com as maravilhosas e mágicas criaturas, os glowhorsks. Nem mesmo Gwen, que ainda estava carrancuda, esperava que ali fosse palco de algum wisowl.

Todos os phoenix estavam reunidos e aguardando sem pressa a chegada daquela que deveria estar ali para lhes introduzir Confabulação da Aurora, mas o único sinal de movimento foi a entrada de um animal desconhecido, mas que foi reconhecido de imediato por Ethan como o cãoruja das esculturas de gelo.

O simpático animal se sentou em suas patas traseiras no centro da clareira, encarando cada um deles com seus olhos arregalados e espertos, até se espreguiçar e se deitar, apoiando sua pequena cabeça sobre as patas dianteiras e esticando suas patas traseiras como às de uma rã. Apesar de fofo e aparência inofensiva, ninguém teve coragem de se aproximar, nem mesmo Gwen.

A tensão gerada com a presença do animal trouxe o senso de urgência e começaram a olhar para os lados, em busca de qualquer sinal do wisowl, que não veio. O burburinho foi aumentando e se perguntavam se deveriam ir embora ou aguardar mais um pouco. Alguns viraram as costas, prontos a se retirarem, quando Gwen, que não estava num bom dia, soltou a pergunta irradiando impaciência.

— Onde se meteu essa mulher, hein?! Essa tal de Charlize Chapelle? Ela acha que temos tempo a perder somente por sermos phoenix?

Nesse momento, o cãoruja se agitou. Seus piados ficaram intensos e girou como um tornado tentando alcançar seu rabo pompom, fazendo com que uma névoa de poeira subisse e todos protegessem os olhos e dessem um passo para trás. Quando a névoa se dissipou, revelou uma mulher pequenina de olhos azuis fascinantes, de traços finos e delicados e cabelos curtos e cacheados dourados, que poderia muito bem ser confundida com uma fada, de tão pequena e angelical. Todos encararam com espanto sua entrada triunfal.

— Não, senhorita Gwendoline, não acho que os senhores tenham tempo a perder ­— respondeu Charlize, enquanto agachava para pegar o cãoruja.

Apesar de Gwen se sentir constrangida, a resposta não foi autoritária ou em sinal de reprovação. Charlize Chapelle era demasiada alto-astral para que algo tão trivial a tirasse do sério.

Aquele em seus braços era um fësar, um dos animais em extinção do mundo quadrimágico, que possuía o dom de revelar um magicien enfeitiçado com a invisibilidade. Tudo o que precisava era ouvir um nome para que manifestasse o magicien invisível, desde que ele estivesse em seu raio de alcance, que poderia variar conforme a idade do bichano.

Charlize lançou um feitiço de invisibilidade em três phoenix, Agnella Coleman, Daemon Reed e Seth Collins, e lhes deu três minutos para que eles corressem pela floresta e se afastassem o máximo possível. Ao término do tempo, solicitou aos colegas que chamassem seus nomes.

— Daemon Reed — chamou John, após o pedido de Charlize.

O fësar piou e girou, revelando o garoto.

Gwen foi a escolhida para chamar por Agnella, mas não o fez sem antes questionar se seria mesmo necessário.

— Agnella Coleman — disse, de má vontade.

Ouviu-se os pios e Agnella despontou numa pose de bailarina após o giro do fësar, arrancando risos até mesmo de Chapelle, com sua gracinha.

Seth não havia corrido para tão longe. O ronco em sua barriga, que parecia estar sempre reclamando, o fez parar num belo pomar. Mirou a maior e mais suculenta maçã, que estava no alto, puxando-a. Ao fazer isso, o galho desceu, entregando a maçã em sua mão como um belo garçom, mas retornando com toda força e batendo no galho acima, que por sua vez, segurava com delicadeza um ninho repleto de ovos de gashas.

Rhoars - Os MagiciensOnde histórias criam vida. Descubra agora