24 - A CADA ESCOLHA, UMA RENÚNCIA

33 8 71
                                    

Ethan se sentia pronto, até conhecer Benjamin West. Um homem que aparentava estar na casa dos cinquenta anos, mas afirmava ter quase trezentos. Mas não era a idade o problema. Era o seu sorriso afável, seus olhos brilhantes, seu olhar acolhedor e sua simpatia. A sua recepção sossegada, seu jeito despreocupado, seu bom humor e até mesmo o seu jeito de falar sobre amenidades. Seria uma forma de desestabilizar seu oponente? Até poderia ser, mas não era o que Ethan acreditava.

Foi guiado à uma pradaria, uma planície vasta e aberta, sem árvores ou arbustos e com o capim baixo em abundância. O local estava lotado de quasimodos que aguardavam o espetáculo. Tudo que Ethan sabia sobre eles era teórico, como regras de convivência e combates. Em livros de feitiços avançados aprendeu muitos deles e já os executava com perfeição. Mas alguns eram uma incógnita, visto que somente poderiam ser lançados naquela torre de aranhas. Teria que descobrir se funcionariam durante o duelo.

— Você conhece as regras, filho? — perguntou Benjamin, com sua voz rouca.

Ethan queria que Benjamin parasse de tratá-lo com tanta condescendência, para evitar a culpa que viria, caso saísse como vencedor. Preferia até que ele fosse antipático, grosseiro e esnobe. Seria muito mais fácil de lidar com as consequências.

Apesar de confirmar com um gesto, por se tratar do primeiro duelo de Ethan, Benjamin as repetiu.

Cada duelista deveria escolher três testemunhas. Ethan poderia ter levado as três com ele, mas como não o fez, teria de escolher entre os quasimodos ali presentes.

Haveria três juízes sorteados. Se houvesse algum ataque duvidoso, com a suspeita de quebra de alguma regra, teriam de votar e a decisão seria a mais votada.

O acordo mútuo ou o lance de uma moeda para o "cara ou coroa" decide quem iniciará atacando.

Após o ataque, é necessário aguardar o contrafeitiço de seu oponente. Caso a regra não seja respeitada, o juiz interromperá o combate e ele será reiniciado, mas com a preferência de ataque ao prejudicado, podendo ele lançar dois feitiços seguidos. Se a regra for quebrada pelo mesmo magicien três vezes, a punição será receber um feitiço sem poder bloqueá-lo.

Caso o magicien fique vulnerável ao feitiço égoutter após um ataque ilegítimo, os juízes intervêm, não permitindo que os poderes do scone sejam drenados. Como punição, o prejudicado poderá escolher entre encerrar o combate sem vencedores ou agendar outro combate com o mesmo oponente.

Somente é permitido o uso do feitiço égoutter se o magicien atingido for incapaz de atacar ou se defender, ou seja, apenas quando for dado como semimorto o poder de seu scone poderá ser drenado.

E por último, o magicien vencedor deverá assistir à morte de seu oponente, em sinal de respeito por sua vida.

Ethan engoliu seco. Estava mesmo preparado para tirar a vida de outro ser humano? O pensamento foi varrido ao sentir aquele conhecido aperto gélido em seu peito junto ao bem-estar promovido pelos seus poderes. E quando a imagem de sua mãe, que aguardava um milagre, cruzou o seu juízo, todas as suas dúvidas evaporaram.

Benjamin, como cortesia, cedeu a Ethan a vantagem do ataque.

Se posicionaram de costas um para o outro, como num faroeste. Dariam quinze passos à frente, contados pelos juízes. Ao completar o décimo quinto passo, Ethan estaria liberado para girar e atacar, restando a Benjamin efetuar o bloqueio e contra-atacar.

— Um, dois, três... Sete, oito, nove... Treze, quatorze e quinze!

Sinal dado, não podia dar meia-volta, não para desistir. Quando girasse seus calcanhares, seria para matar ou morrer.

Rhoars - Os MagiciensOnde histórias criam vida. Descubra agora