sete

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GERSON

Antes de ser pai de uma menina sempre imaginei que teriam coisas que seriam impossíveis de fazer.

Tipo brincar de barbie.

Depois do nascimento da Giovanna, tudo mudou pra melhor e eu me considero expert nesses desenhos de meninas. Inclusive já até assisti todos os filmes da Barbie.

Acho que todo homem precisa de uma filha mulher, só assim a gente realmente vai conseguir entender algumas coisas que não faziam tanto sentido pra nós.

E se eu tivesse que escolher qualquer criança pra ser pai, seria certamente ela. Nossa conexão é fora do comum e eu amo isso.

— Papai, você acha que qual vestido combina mais nessa boneca?— ela me mostra um vestido longo vermelho que tem uma abertura na perna e outro que é preto e curto.

— Esse vermelho aí tá bonitão.

— Eu gostei mais do preto.

— Então coloca esse.

Ela é assim, pede opinião pra fazer o contrário. Já até acostumei.

— Salto ou essa bota?

— A bota.

— Nossa, papai, vai ficar feio.

— Então coloca o salto.

— Tá.

Termino de pentear o cabelo amarelo de uma das Barbies e coloco junto das outras que já foram no salão.

Cê tem que fazer de conta. Comer comidinha que nem existe, tomar líquido invisível de algum copo de brinquedo, fingir estar doente pra que ela brinque de médico... Essas paradas aí.

Mas é um momento que passa, é difícil a Gio brincar com tanta frequência, ultimamente só quer ficar vendo aqueles vídeos de dança naquele aplicativo chato.

— Pai?

— Oi, princesa.

— Sabe a Ana que veio com o tio Gabi na sua festa aquele dia?

— Sei sim.

— Você é amigo dela?

— Amigo é uma palavra muito forte, conheço ela.

— Ela é bem legal, sabia? E ela gosta muito do cabelo dela, falou que o meu é bonito.

Sorrio e pego a outra boneca.

— Seu cabelo é lindo, meu amor.

— É que as vezes eu não acho, me sinto meio estranha.

— Mas você não pode se sentir assim.

— Eu sei, a Ana disse.

— Você gostou dela?

— Sim. Papai, liga pra ela vir brincar com a gente.

— Acho que ela não vem, filha, nem tenho o número dela.

— Pede pro tio Gabi passar, por favooooor— junta as mãozinhas e faz aquela carinha fofa.

Não tem como resistir a um pedido desses, então eu pego o celular e desbloqueio, indo até o contato do Gabriel.

Decido ligar porque se for esperar a boa vontade dele de ver a mensagem, ficamos esperando por uma eternidade.

Chama umas quatro vezes antes dele atender.

— Que foi, caralho?

— Que jeito lindo e educado de atender uma chamada.

𝗣𝗢𝗗𝗘 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗥•• 𝗚𝗲𝗿𝘀𝗼𝗻 𝗦𝗮𝗻𝘁𝗼𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora