trinta

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ANA JÚLIA

Eu tô me sentindo estranha. Beeeem estranha.

Se algum dia alguém me falasse que eu estaria no Maracanã, usando uma camisa do flamengo, talvez acreditaria, mas obviamente ia pensar que fosse a com o nome do Gabriel, o que seria um pensamento totalmente errado.

Tô com a camisa do Gerson.

Juro, a sensação é estranha, se meus amigos que sabem que eu sou santista verem essa cena eu serei capaz de me matar.

— Tu não era santista, Ana Júlia?

Porraaaaaaaaaa.

Boto um sorriso forçado na cara e viro pra trás, vendo o Bruno Henrique me olhando sem entender nada.

— Eu e... sou, eu sou santista, só... só tô... é...

Para de gaguejar sua retardada do caralho!

— Parabéns pelo jogo— mudo de assunto.

— Foi um jogo péssimo!

— Por isso estou dando os parabéns.

Acabou o jogo deles contra o internacional e eu tenho certeza que esses caras fazem tudo lá no ninho de urubu, menos treinar futebol.

Se eu juntar minha turma do futevôlei certamente jogamos melhor que eles.

— Que nome tem aí atrás na sua camisa?— pergunta todo curioso.

— Não tem nome nenhum— digo.

Obviamente coloquei uma jaqueta por cima, sou inteligente.

— Sei— ergue a sobrancelha.

— PAPAIII— o filhinho dele aparece e eu quase agradeço por isso.

Aproveito o momento dos dois pra me afastar um pouquinho e ficar do lado do Fabinho.

Novamente estamos reunidos nessa sala que já chamo carinhosamente de "sala de espera", esperando os jogadores aparecerem.

Nem sinal do Gabriel e do Gerson.

Só foi pensar nisso que eles apareceram juntinhos conversando sobre algo e quando o olhar dos dois cai sobre mim e o Gabriel começa a rir feito um doido, eu sei que eu era o assunto.

Meu coração da uma leve acelerada quando entro num contato visual com o Gerson, depois que ele disse que me amava eu comecei a deixar meus sentimentos mais explícitos. Não sinto medo de ser trocada a qualquer momento.

Só que não consigo dizer as três palavrinhas, sabe? Parece que tem algo que me bloqueia de dizer isso. Talvez o fato de não ter a total certeza dos meus sentimentos.

— Eu não tô acreditando!— meu melhor amigo diz enquanto ainda me olha— eu jurei que tu ia fingir que tava doente só pra não ter que vir.

— Não fujo das minhas obrigações— dou de ombros.

Na verdade quase fiz isso mesmo, mas ia ser ruim.

— Não me enche, tá legal? Tô com paciência não.

— Lindinha, fica tranquila, sei que você é uma flamenguista das brabas— aperta a minha bochecha.

— Eu? No seu sonho.

Ele me dá um abraço rápido e se afasta, indo falar com os amigos.

Mordo a parte interna da bochecha e coloco os braços pra trás quando o Gerson se aproxima bem devagar até estar na minha frente, com o corpo colado no meu.

𝗣𝗢𝗗𝗘 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗥•• 𝗚𝗲𝗿𝘀𝗼𝗻 𝗦𝗮𝗻𝘁𝗼𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora