𝗣𝗢𝗗𝗘 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗥•• 𝗚𝗲𝗿𝘀𝗼𝗻 𝗦𝗮𝗻𝘁𝗼𝘀

vinte e três

ANA JÚLIA

O flamengo precisa de uma sessão do descarrego, isso tá claríssimo.

Empates, derrotas, eliminação pela libertadores e sem contar com toda a revolta compreensível dos torcedores.

Mesmo não sendo torcedora eu consigo sentir tudo isso que acontece porque afinal, convivo diariamente com o Gabriel que vem sido bem cobrado e já era de se esperar porque ele carrega a camisa com o número dez.

E agora tem o Gerson com quem também converso diariamente, mas já faz uns dois dias que não nos vemos pessoalmente porque eu fui pra Angra com uns amigos e cheguei hoje mais cedo.

Agora tô aqui no CT porque o Gabriel fez questão de me arrastar junto com ele, ama me fazer de motorista particular quando tá com preguiça de dirigir.

— Boa tarde, Ana— o Bruno Henrique me dá um tchauzinho.

— Boa tarde, Bruno— aceno de volta e ele segue o caminho até os jogadores que estão lá no centro do campo ouvindo algumas recomendações do técnico.

Ele deve falar: joguem como nunca e percam como sempre.

Pego meu celular e tiro uma selfie, postando para os meus seguidores que vivem de migalhas.

Não sou tão ativa nas redes sociais, só quando meu dia é movimentado que posto mais coisas. Nessa viagem que fiz consegui postar bastante.

Observo eles começando a correr de um lado pro outro e fico cansada só de olhar. Faço exercícios com frequência mas treinar no sol já é algo diferente e mais difícil.

Olho pro Gerson e percebo que ele também me olha, apenas dou um sorrisinho e ele pisca um dos olhos antes de voltar a correr.

Não faço a mínima ideia do que a gente tem, mas saber que ele gostava de mim antes mesmo de realmente me conhecer fez com que eu mudasse um pouco e parece de tentar fugir das coisas não sexuais que vivemos.

Tá, o sexo com ele é incrível, mas o papo também é muito bom e eu aprendi a gostar disso.

Mas a gente não tem nada fixo e não estamos em um tipo de relacionamento, então não devemos fidelidade um ao outro, então tudo bem ele ficar com outra assim como eu também vou ficar caso sinta vontade.

É, consigo ser bem madura em relação a isso, mas a partir do momento que as coisas começam a ficar sérias eu já surto quando não cumprem com a combinado. Só que não é nosso caso, por enquanto.

— E aí meu colega— falo pro Vitor que trabalha por aqui e me sento na parte de trás do carrinho em que ele está no banco do motorista.

— E aí, Gabriel te arrastou de novo?

— Pior que sim. Vamos dar uma volta nesse carrinho?

— Eles tão em treino, nem dá agora.

— Início de um sonho que deu errado— choramingo e ele solta uma risada.

Me deito ali pra aproveitar que tá sombra e fico mexendo no meu celular.

— Eita porra, parece que tão brigando ali— ele diz e eu me levanto rapidamente, olhando pro campo e vendo uma rodinha se formando ali.

Desço do carrinho no exato momento que o Gerson com o Varella começam um tipo de luta.

Puta merda…

O Uruguaio vai pra trás quando recebe um soco na cara e aí alguns jogadores entram no meio, o Gabriel é um dos que segura o Gerson que fica se debatendo.