quinze

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ANA JÚLIA

— Dois reais ou um soco misterioso?— pergunto pro Gabriel assim que entro no quarto dele.

— Dois reais.

— Não tenho, vai o soco mesmo.

— Não seja agressiva, Najulia.

— VOCÊ É UM FOFOQUEIRO, tinha que abrir o bocão pra fazer fofoca pro Gerson? Ainda mais uma fofoca mentirosa.

— Escapou sem querer, mano.

— E sem querer eu vou te dar um soco— parto pra cima dele que ri e rola pro outro lado da cama.

Desde que ele saiu pro treino junto com o Gerson eu fiquei esperando a hora em que chegasse de novo só pra bater nele.

— O mano tá arrependido de ter deixado e ido atrás da ex dele, pô.

— Eu não sei porque te conto as coisas, sabia? Mó Maria fifi.

— Desculpa, ok? Foi mal, errei, fui moleque.

— Errou, foi Gabriel Barbosa.

Me deito na cama dele e pego a almofada do gabigolzinho.

— Tão lindinho, não fala e nem faz fofoca, você deveria ser que nem a sua almofada.

— Dois reais ou um chute misterioso?

— Entende uma coisa: a única pessoa que pode agredir aqui sou eu, ok? Você não.

— Tu já jogou uma pedra na minha testa.

— Eu tinha onze anos, a pedra era pequena e você tinha me irritado.

— Mas fez um galo.

— Coisas da vida— dou de ombros.

— E tu brigou com o Gerson hoje mais cedo?

— Não, por quê?

— Ele saiu puto pra caralho e na hora que tava dirigindo apertava o volante com tanta força que os dedos ficaram brancos.

Huum, então ele tá puto?

— Conversamos normalmente e eu até disse que tava tudo bem, não temos nada e eu não preciso ficar brava por isso.

— Uma nova mulher, eu diria.

— Nunca fui surtada, cara.

Ele começa a rir e eu juro que não entendo.

— Devo lembrar da todas as vezes que você surtou por ciúmes?

— Mas esse não é o caso.

— Aí tu muda de assunto rapidinho né dona Ana Júlia.

Fico em silêncio e ele joga um travesseiro bem na minha cara.

— Vou tirar um cochilo porque tô cansado, vai ficar aqui ou vai sair?

— Vou sair, acho que vou dar uma volta por aí.

— Aonde?

— Eu tenho outros amigos sem ser você, tá? Acho que vou visitar algum deles.

— Mas eu sou o mais importante.

Nem falo nada, mas ele sabe que tá certo.

Minha relação com o Gabi é muito boa, quase nos matamos? Sim, mas ele é uma das únicas pessoas que sempre esteve ao meu lado e quando eu decidi viajar pros Estados Unidos pra fazer um intercâmbio, ele foi o primeiro que deu o apoio que precisava.

É meu irmão de outra mãe.

Me aproximo dele e aperto sua bochecha.

— Te amo, neguinho, cê sabe, né?

𝗣𝗢𝗗𝗘 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗥•• 𝗚𝗲𝗿𝘀𝗼𝗻 𝗦𝗮𝗻𝘁𝗼𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora