trinta e dois

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GERSON

Bato na porta do quarto da Ana Júlia pela décima vez e novamente não obtenho resposta.

A gente tava tomando café na maior paz, cantamos parabéns novamente pra ela só que aí seus pais mandaram uma mensagem dizendo que não iriam conseguir vir pra comemorar o aniversário dela.

— Desiste, ela não vai abrir agora— o Gabriel diz e eu cruzo os braços, encostando na parede e olhando pra ele— quando a Ana Júlia tá em momentos em que se sente frágil ela prefere se trancar, se isolar de todo mundo e ficar sozinha.

Passo a mão na cabeça e meu peito se aperta em imaginar que ela pode estar chorando agora por conta disso.

Chorando por conta de uma mentira.

— As vezes ela prefere ter alguém pra fazer companhia, mas na maioria das vezes fica isolada e eu concordo com isso porque sou do mesmo jeito— da de ombros.

— Não acha melhor a gente falar pra ela?

— Não, deixa como tá, já já ela vai ficar feliz, e é bom chorar, faz bem pra pele.

— Belo amigo, hein.

— Uma vez eu chorei perto dela e sabe o que a filha da mãe fez? Começou a me filmar enquanto ria pra caralho porque segundo ela isso é um ato histórico pra humanidade e precisava ser registrado.

Dou uma risada sincera e ele me acompanha.

— CALEM A BOCA PORQUE EU TÔ TRISTE— ouço o grito dela e nós dois paramos de rir na hora.

— Ela é sempre carinhosa assim?

— Se ela te der uns tapas pode ter certeza que gosta muito de você, se agressão fosse uma linguagem do amor, certamente seria a dela.

Fico em silêncio e ele me encara com uma cara de quem vai fazer alguma pergunta.

— Vocês já falaram as três palavras mais temidas?

— Eu sei que ela te contou que eu falei.

— Contou mesmo, quem diria, hein? Coringa apaixonado de novo e por outra mulher.

— Parei de insistir no erro, te recomendo isso.

— Já parei também.

— Só acredito vendo.

— Aí, quem vai...— a Dhiovanna aparece toda eufórica e a gente faz sinal pra ela falar baixo— você se incarrega de manter a Najulia trancada aí dentro desse quarto pelas próximas horas até a gente organizar tudo lá em baixo?— cochicha.

— Se ela não acabar me matando, consigo— dou de ombros.

— Ok, o Gabriel te manda mensagem quando for a hora de descer, só tenta fazer com que ela vá arrumada.

— Manda ela ir de pijama— o Gabi diz— vai ser foda!

— Ela te mataria, Gabriel.

— Ela sente vontade de me matar todo santo dia, esse será só mais um.

Não sei como esses dois não se mataram ainda.

— Eu fico com ela, pode deixar— digo mesmo não sabendo se ela vai abrir a porta pra que eu entre.

— Boa sorte, parceiro— ele bate no meu ombro e se afasta junto com a Dhiovanna.

Passo a mão no rosto e me encosto na porta, batendo mais uma vez.

— Leãozinho, abre a porta pra mim, por favor, deixa eu ficar aí contigo— peço e não obtenho resposta— linda?

— Me deixa.

𝗣𝗢𝗗𝗘 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗥•• 𝗚𝗲𝗿𝘀𝗼𝗻 𝗦𝗮𝗻𝘁𝗼𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora