cinco

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ANA JÚLIA

Mais um dos milhares fatos sobre mim: costumo quase sempre a me arrepender de algo que faço.

Só que hoje, por incrível que pareça, não tô com nenhum pouco de arrependimento.

Meu corpo tá calmo, minha mente também. Acho que os orgasmos me fizeram bem pra caramba.

Só que quando eu lembro do estado que tô, essa calmaria toda vai pra puta que pariu e eu olho pro jogador que tá tranquilo, só de cueca enquanto bebe o restante do vinho que sobrou na garrafa.

Eu tô grudenta, suada, meu cabelo tá muito mais volumoso e pra piorar tudo: minha calcinha tá destruída, assim como outra parte do meu corpo.

Me levanto e luto pra não fazer uma careta, só que um murmurinho que escapa da minha boca faz com que o jogador de uma risadinha abafada.

— Cala a boca— ergo meu dedo indicador em sua direção e ele levanta uma mão em forma de rendição.

— Não é possível que você vai ficar com o humor assim depois dessa foda.

— Foda-se— pego meu vestido e me visto rapidamente— você me deve uma calcinha.

— Passa seu endereço que eu mando entregar lá.

— Isso foi uma desculpa pra conseguir meu endereço

— Talvez— da de ombros.

Passo a mão no rosto e queria muito ver meu reflexo agora, mas pensando bem, é melhor não.

— Quer vinho?

— Vou nem falar nada pra você— pego o que sobrou da minha calcinha e jogo em cima dele— guarda de lembrança, pô.

— Vou mandar enquadrar.

— Ótimo.

— ótimo.

— Otário.

— Quer gozar de novo?

— Quero sair daqui.

— Abre a porta, ué.

— A chave tá aonde? No seu...

— Não seja mal criada, leãozinho.

— Vai se lascar— caminho até a porta e tento abrir, e pra minha surpresa, ela abre.

Vejo a chave pendurada ali e me pergunto em que momento abriram.

— Puta merda, tá aberta— olho pra ele.

— Devem ter aberto enquanto a gente transava.

— E isso não te assusta? Alguém pode ter visto.

— Foi o Gabriel, não foi? Ele deve tá traumatizado se viu algo.

— Tchau e até nunca mais.

— Até já, leãozinho, você é foda— joga um beijo e eu reviro os olhos antes de sair de lá e caminhar apressada pra bem longe, mas aí passo am frente a porta do banheiro que estava aberta e entro ali.

Consigo recuperar um pouco a minha imagem toda bagunçada e volto pra sala agindo naturalmente.

Só que a primeira pessoa que eu vejo é o Gabriel, ele lança aquele sorrisinho que debocha até das minhas outras encarnações e quando eu penso em dar o fora daqui, ele da uma corrida na minha direção e entrega a minha bolsa.

— Transou, né? Safada.

— Gabriel?!

— Ah, pode falar, vai.

𝗣𝗢𝗗𝗘 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗥•• 𝗚𝗲𝗿𝘀𝗼𝗻 𝗦𝗮𝗻𝘁𝗼𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora