treze

8K 799 733
                                    

GERSON

Toco a campainha e pouco tempo depois a porta é aberta pela Greice que tá com um roupão preto de seda em volta do corpo.

— Cadê a Gio?— entro e ouço a porta sendo fechada.

— Eu fiquei com ela que acabou dormindo.

Encaro a mulher na minha frente e vejo que sua boca está pintada por um batom vermelho bem forte.

— Tu tava em festa?— pergunto.

— Não.

— E por que sua boca tá pintada?

Ela dá uma risadinha e começa a se aproximar de mim.

— Você gosta de vermelho, e mais ainda quando a minha boca está pintada por essa cor.

E de repente o que a Ana Júlia disse começa a fazer sentido.

— Vou ver a nossa filha.

Ela segura no meu braço e eu lhe encaro.

— Ela dormiu, amanhã quando ela acordar você vê.

— Eu vou lá— dou a palavra final e puxo meu braço.

Vou até o quarto da Giovanna e abro a porta devagar. Como ela não gosta do escuro, a luz do abajur clareia bastante e eu posso vê-la enrola no cobertor e abraçada no urso de pelúcia que eu dei de presente.

Dou um sorriso e caminho até a cama, me abaixando do seu lado e beijando sua testa.

— Te amo muito, filha— digo baixinho e ela se remexe na cama.

Acordei a criança. Parabéns, Gerson.

— Papai?— me olha e passa a mão nos olhinhos— já tá dia?

— Não, meu amor, é noite ainda.

— Você tá fazendo o que aqui?

— Você não teve um pesadelo?

— Acho que não, eu tava dormindo bem.

Palhaço.

É isso que eu sou, um tremendo de um palhaço.

— Ah, então o papai que deve ter sonhado— sorrio fraco— volta a dormir, princesa, vou ficar aqui.

— Tá bom, papai, boa noite e até amanhã.

— Boa noite, pretinha— dou mais um beijinho em sua testa e fico passando a mão em sua cabeça até que ela pegue no sono novamente.

Ajeito a coberta em seu corpo e me levanto, olhando pra Greice encostada no batente da porta.

Caminho até lá, fecho a porta e saio, indo pra sala.

— Cê tá de palhaçada com a porra da minha cara?— pergunto tentando não demonstrar o quanto tô puto— você me liga no meio da noite e mente dizendo que a nossa filha teve um pesadelo quando na verdade isso é só uma mentira sua pra me ter aqui?

— Eu sinto falta da gente, queria você aqui comigo e essa foi a única forma que encontrei. Me desculpa.

— A gente não existe mais, porra, já deu o que tinha que dar.

— Não fala assim, somos um casal lindo e temos potencial de ficar juntos.

— A realidade é que estamos empurrando isso com a barriga a muito tempo e eu cansei.

Me sento no sofá e abaixo a cabeça entre minhas mãos.

Respiro fundo e penso que agora poderia estar lá com a Ana Júlia, mas não, decidi ser trouxa.

𝗣𝗢𝗗𝗘 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗥•• 𝗚𝗲𝗿𝘀𝗼𝗻 𝗦𝗮𝗻𝘁𝗼𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora