nove

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ANA JÚLIA

O clima leve vai embora e entra uma tensão no ar.

— Filha, vai lá embaixo falar pra sua babá que a gente já já vai lá pra casa— ela diz.

— Mas ainda não tá na hora, mamãe.

— Seu pai ficou de levar você mais cedo e não fez isso, vim te buscar porque hoje tem a festinha na casa da sua amiga, esqueceu?

— Tinha esquecido— me olha— é aniversário de uma amiga minha da escola, o tema vai ser da Moana.

— Que legal, amo a Moana.

— Ela é muito linda— sorri e se levanta— eu vou aproveitar pra beber um pouco de água lá embaixo, já volto— da um tchauzinho pra gente e abraça a mãe antes de sair.

— Que porra a gente combinou, Gerson?— começa a falar logo depois— manter essas piriguetes que você pega nem longe da nossa filha!

— Piriguete não— me levanto— quem você acha que é pra falar assim comigo?

— Sou mãe da Giovanna, e você? Mais uma das que o Gerson traz pra casa sem nem se importar com a filha?

— Para com isso, Greice— ele se levanta também— o nome dela é Ana Júlia e foi a Giovanna que chamou pra vir aqui.

— E como a nossa filha conhece ela?

— Eu tava aqui na festa, encontrei ela chorando embaixo da mesa porque você tinha brigado— confesso.

— Isso é verdade?— ele olha pra mulher.

— Óbvio que não, é mentira dela.

— Ah, agora eu tô mentindo? Então tá bom.

— Mas se estava nesse sua festinha é porque é uma vagabunda e vai saber quais são as intenções dela com a nossa filha, você não pode fazer isso e deixar que ela não tenha contato com qualquer uma, Gerson.

— Para de falar merda, mano, e Ana é amiga do Gabriel e a nossa filha gostou dela e pediu pra que chamasse. Para de criar caso atoa.

— Sou só uma mãe preocupada.

— Você tá sendo chata pra caralho! Sabe muito bem que eu tenho cuidado com as pessoas que chegam perto da nossa filha e se a Ana Júlia tá aqui é porque eu confio, porra, agora deixa de armar barraco.

— Armar barraco? Sinceramente, Gerson, você é um otário!

— Não fode, porra, tu já chegou aqui ofendendo a mina e eu que sou otário?

— Só tô preocupada com a NOSSA filha.

— Ou tá preocupada que uma mulher que não seja você está aqui, né?— digo e ela me olha bem furiosa— insegurança, gata?

— Se enxerga, mona— faz uma careta e eu dou risada.

— Fica tranquila, fofa, eu tô aqui porque a Giovanna chamou, realmente gostei dela, nem parece que a mãe é tão...

— Me xinga pra você ver se eu não te bato.

— Nossa, tô morrendo de medo— debocho.

— Vai debochando, vai.

— Deboche? Sei nem o que é isso— disse eu, debochando.

— Tá, já chega— ele diz— eu ia levar a Gio já já, só que ela tava brincando e não quis atrapalhar.

— Pega a mochila dela, vai buscá-la amanhã?

— Tenho jogo, só depois de amanhã.

— Tá, vê se não deixa mais qualquer uma chegar perto da nossa filha.

𝗣𝗢𝗗𝗘 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗥•• 𝗚𝗲𝗿𝘀𝗼𝗻 𝗦𝗮𝗻𝘁𝗼𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora