seis

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Miyah kiēra...

Ouvir tal sussurro fez com que eu abrisse os meus olhos e me levantasse em um sobressalto, tomada pelo susto e o alvoroço de ter me deparado com aqueles olhos enigmáticos e sombrios em meus mais profundos sonhos.

— Vai com calma, garota — uma voz masculina invadiu meus ouvidos, então senti tapas leves nas minhas costas.

Levei alguns segundos para me recompor e me acostumar com a baixa luz de velas no ambiente onde estou. Na verdade, levei alguns segundos para assimilar as coisas e me perguntar onde estou e o que está acontecendo.

Ao que parece, eu estou em um quarto escuro com quatro camas, sendo uma delas ocupada por mim. Não havia alguma corrente de ar, logo, presumi que não havia janelas, a não ser por uma porta que estava um pouco acima de alguns degraus de escadas. Fora isso, o quarto era iluminado por algumas velas que ficavam em pequenas prateleiras, essas que eram os únicos móveis além das camas ali.

Tomei ar aos meus pulmões, respirando como Sunghoon me ensinou há um tempo, procurando acalmar as batidas do meu coração ansioso e acelerado. Levei alguns minutos até que finalmente pudesse olhar para o rosto da pessoa que está aqui comigo, me deparando então com um homem que parece ter uma idade próxima a minha e estava sentado ao meu lado em uma cadeira.

Sua pele é negra, semelhante às pedras que há nos templos onde os dragões da Casa de Galene costumam a ficar em Braswey, mas é semelhante, pois, assim como as pedras, existe um brilho em comum na pele dele que se reflete em contato com a luz das velas. Ele tem olhos azuis, tão vivos que parecem um perfeito oceano apenas de olhar para eles. Seu cabelo é trançado em fios que se enrolam uns nos outros como dreads e trazem um cumprimento na altura dos ombros. Além de tudo, seus traços eram fortes e dignos de serem admirados, mesmo com a pouca luz ao nosso redor. E todas as suas roupas eram de couro, com armação feitas com escama de dragão, como os soldados da minha casa costumam a usar.

— Quem é você? — foi a primeira coisa que eu perguntei assim que consegui assimilar os meus pensamentos. — E onde eu estou?

— Respondendo a sua primeira pergunta, logo após você ter passado longos minutos me olhando como se eu fosse um pedaço de carne, eu me chamo Silas. Silas Evrin — ele umedeceu os lábios. — e respondendo a segunda pergunta, você está na Toca do Coelho.

Franzi o rosto, procurando por alguma resposta que pudesse trazer qualquer sentido para o que ele acabara de dizer a mim.

— O que é Toca do Coelho?

— Pensei que soubesse, senhorita Relish — um canto da sua boca elevou-se.

— Ao que parece eu não sou uma gênia da lâmpada como contam as histórias do povo de Zahra — disse emburrada. — Exijo saber onde estão os meus amigos.

— Para alguém que quase morreu envenenada você até que parece bem.

Franzi o cenho, recordando dos poucos minutos antes de eu ter desacordado há não sei quanto tempo. Minhas costas doem, assim como o meu corpo e...

Imediatamente chequei o meu ombro esquerdo, notando que ele estava no lugar e que não doía tanto quanto devia doer porque um ombro que foi deslocado deveria doer muito mesmo no lugar. Assim, também vi o meu braço direito, estranhando o fato de que não havia sinal algum de ferida ou cicatriz, como se aquela flecha que eu levei na floresta nunca tivesse me acertado.

— Por quanto tempo eu fiquei desacordada?

Silas, por fim, se levantou e andou até uma das camas, se abaixando para pegar algo que deveria estar guardado ou escondido embaixo dela.

ARCANE | Lee HeeseungOnde histórias criam vida. Descubra agora