— Inspire fundo e expire, concentre-se no centro de sua energia — ordenou Elvie para mim com calma e graça em sua voz. — Agora tente outra vez.
Fiz o que ela disse, inspirando e expirando, concentrando minha energia em um ponto, em um alvo, até que por fim, senti o fogo na ponta dos meus dedos se formar e rapidamente o direcionei contra o homem de palha alguns metros a frente. Ou tentei. Kalius, que estava na frente de Elvie a uns dez metros de mim em sua forma mortal, ergueu uma barreira de proteção quando houve uma pequena explosão no pátio de treino. Protegendo a ela e a ele.
Era um desastre. Um verdadeiro desastre.
Tudo que eu deveria fazer era criar uma pequena bola de fogo e cuidar para que a minha mira fosse boa o suficiente para acertar o alvo. E eu até conseguia. No caso, conseguia fazer uma bola de fogo tão grande que o que eu causava eram explosões enormes que poderiam ser catastróficas.
Por isso, hoje estávamos treinando longe de tudo e todos, fora do templo e em um pátio próximos a praia que cercava a ilha. Bom, meio pátio. Havia rachaduras nas colunas que erguiam um teto e não duvidava nada que que não passariam dessa noite. Perguntei se teria problemas quanto a isso e Elvie simplesmente disse que ela resolveria.
Uma semana havia se passado desde a explosão de poder que destruiu meu quarto.
Uma semana.
Sete dias.
E desde então as únicas pessoas que tenho visto são Kalius que se ofereceu para me vigiar, Elvie que tem me treinado e ensinado técnicas de autocontrole e as vezes Jungwon, esse último que passa mais tempo rodando a cidade do que dando atenção a mim.
Não foi permitido que eu encontrasse Riki, pelo menos enquanto eu ainda não soubesse controlar os meus poderes. Jungwon disse que ele está sendo mantido preso pelo príncipe Sunoo no castelo da família real e estavam o interrogando a respeito dos ministros esconderem o príncipe Sanhee e sua morte ter sido uma verdadeira farsa. Também me interrogaram a respeito disso ao longo da semana. Heeseung permitiu que Oriana tirasse informações de mim e, embora não tivéssemos conversado desde então sobre a minha mãe, ela parecia ter um olhar distante e evitava qualquer tipo de interação comigo que não fosse para fins dos interesses de Saron.
E quanto a Heeseung... Eu não o via há uma semana. O príncipe simplesmente sumiu, desapareceu como se fosse uma espécie de lenda.
Mentir dizendo que todas as manhãs, tardes ou noites eu ia até a varanda e procurava por algum vestígio dele voando no céu não seria honesto, até porque era justamente isso que eu fazia. Procurava e ansiava por sua presença, como se ela já fizesse parte de mim e de quem eu sou. Porque somente assim o meu coração turbulento conseguiria encontrar algum tipo de paz em meio a tantos sentimentos caóticos.
Quando contei a Elvie a respeito do oliniēr, ela ficou com as bochechas avermelhadas e passou a gaguejar e eu logo associei isso aos momentos em que eu estava no serviço militar, ouvia algumas garotas mais velhas falarem sobre sexo e me sentia terrivelmente constrangida. Elvie me explicou que oliniēr não era algo para se ter vergonha, muito menos era uma prática carnal, mas se tratava de uma prática extremamente íntima, realizada apenas entre membros da própria família ou cônjuges biologicamente compatíveis — essa última parte eu não entendi bem — com dons semelhantes. Como Heeseung e eu realizamos o oliniēr, onde ele deixou que eu acessasse muito mais de sua energia do que ele acessou da minha, isso fez com que eu sentisse um certo tipo de dependência emocional, física e espiritual.
E o motivo para Elvie ter ficado tão chocada com o que eu lhe revelei dava-se ao fato de que Heeseung e eu não tínhamos nenhum tipo de relação afetiva. Logo, ela explicou que ele tinha voltado para Jiērk, para resolver questões diplomáticas e planejar um resgate ao príncipe Sanhee com os demais líderes e comandantes. Também disse que a distância e o tempo seriam importantes para que a energia dele que fluía em minhas veias se dissipasse o mais rápido possível e vice-versa, só assim nós dois poderíamos agir de forma racional perante a presença um do outro.

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ARCANE | Lee Heeseung
Fanfiction[LIVRO 1] Melione era muito mais que uma simples nação isolada de um mundo que já sofrera guerras e destruições há séculos atrás. Melione carregava uma história, um legado, seis famílias e seus pequenos reinos que sacrificaram tudo o que tinham para...