[LIVRO 1]
Melione era muito mais que uma simples nação isolada de um mundo que já sofrera guerras e destruições há séculos atrás. Melione carregava uma história, um legado, seis famílias e seus pequenos reinos que sacrificaram tudo o que tinham para...
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— Pobre garota. Tão jovem e já está sucumbindo a loucura.
Vozes ecoavam ao meu redor, de forma que aos poucos os meus sentidos foram retornando.
— Consequência dos crimes que precisou cometer em nome do pai dela — julgou uma mulher.
Inspirei, sentindo o ar voltar para os meus pulmões e sem sentir aquela dor aguda nas costelas que antes estava me incomodando. Meu corpo tremia em meio ao frio, cada pelo meu estava arrepiado e eu não sentia que estava coberta por tecido o suficiente para aquecer a minha pele e meus ossos. Meus lábios tremeram no momento em que ficaram entreabertos, causando um arrepio que me fez quase morder minha língua assim que eu tentei dizer algo.
Abri os meus olhos aos poucos, incomodada pela luz das velas, mas já ciente de que as minhas mãos e pés não estavam presos e que eu deveria usar toda a minha força para fugir na primeira oportunidade. Me sentei rapidamente, em um quase sobressalto e assustando seja lá quem estivesse perto de mim.
Meu corpo não doía como antes, muito pelo contrário. Quando abri os meus olhos fiquei surpresa ao ver que a ferida em meu abdômen estava completamente curada e tudo o que havia sobre a minha pele era uma breve cicatriz escura do que ela foi.
Já é a segunda vez que eu acordo dessa forma. Já é a segunda vez que eu acordo logo após ter sofrido sérios ferimentos e estar completamente curada, sem arranhão algum ou dor alguma. Isso significava uma única coisa.
— Jay — som algum saiu de meus lábios, apenas o breve soprar da minha respiração levemente acelerada enquanto eu me acostumava com o ambiente ao meu redor.
Então eu levantei o meu olhar para estudar um pouco sobre o local onde eu estou. Ao que tudo indica, estou em um quarto que com certeza fica em um lugar alto graças a brisa que entra pela janela a poucos metros da cama onde me encontro sentada agora mesmo. Não é um quarto luxuoso, mas deveria ser no passado antes do incêndio que praticamente destruiu esse castelo. Tudo o que eu uso agora é uma faixa em volta dos meus seios e calções que até onde eu sei, serviam como roupas intimas para as mulheres há uns cem anos atrás. Procurei lençóis para cobrir o meu corpo exposto, sentindo minhas bochechas se aquecerem assim que presenciei os olhares de julgamento de duas mulheres naquela sala.
Uma delas eu pude reconhecer de imediato, ela estava no salão do trono em um outro momento quando fomos interrogados por Kian. É a mulher que claramente é uma desertora do povo de Galene e agora está com os bárbaros nortistas. Lembro que seu nome é Oriana.
E ela é assustadora.
A outra mulher, que está me olhando levemente apreensiva, é como o povo de Ryu ou Daeho. Sua pele é extremamente clara e se não fosse por leves rugas em algumas de suas linhas de expressão, eu julgaria que ela tem uma idade próxima a minha. Me surpreendi por seu cabelo. Longo e tão preto que poderia ser confundido com as sombras da noite. Porém estava trançado, como uma tradição claramente das terras de Daeho. Lembro que Jake me contara em algum momento sobre a tradição das tranças e o que elas representavam para esse povo. O que faz me questionar sobre o porquê dessa mulher manter esses costumes mesmo quando claramente ela é uma desertora.