Silêncio ecoava. Apenas o som do vento e da maré levemente agitada eram os únicos ruídos enquanto a luz da lua se manifestava sobre a minha cabeça junto a postes de luz com fogo prateado por toda a extensão daquele pequeno pátio do templo.
Ouvi de Elvie que esse era onde algumas sacerdotisas costumavam a treinar defesa pessoal, mas não havia nenhuma delas aqui porque o lugar foi reservado pela temida Capitã Sane, alguém com quem eu já cruzei o meu caminho em situações não tão favoráveis. Agora, sentada em um banco de pedra iluminada pelo luar, aguardo por Elvie e sua mãe.
Sim, Oriana Sane tem uma filha e essa garota é o completo oposto da mulher imponente, repleta de músculos e com um olhar quem vai te destruir em milhares de pedacinhos. E não, eu não esperava por uma conversa amigável vindo da mulher, principalmente depois do nosso último encontro e ela quase morreu pelas mãos de Sunghoon Park.
De qualquer forma, quando Oriana Sane entrou pelas enormes portas que davam abertura para o pátio com uma postura séria e autoritária, digna de uma Capitã que deveria ser o braço direito do príncipe herdeiro. Sua filha a acompanhava e quando Oriana me viu, lançou um olhar para Elvie, do tipo de que não esperava me encontrar ali.
Com certeza sabia sobre a minha chegada, mas parecia surpresa quanto ao fato de que agora estava diante de mim para uma possível conversa. Não faço ideia da desculpa que Elvie deu a mãe para vir até esse lugar, mas aqui ela estava e agora esperava que respondesse as minhas perguntas, ou pelo menos trouxesse alguma metáfora para eu desvendar a respeito.
— Elvira, do que isso se trata? — perguntou para a filha quando já estava a alguns metros de mim.
Elvie ficou em silêncio, como se esperava para que eu respondesse.
A única coisa que me veio a mente era ser direta em relação ao que eu queria. Porque Oriana não parecia disposta a conversar comigo.
— Você conheceu a minha mãe? — me esforcei para minha voz não soar trêmula.
Oriana observou a mim, como se analisasse se era algo prudente continuar aquela conversa.
— Não sei do que está falando — ela estava pronta para dar as costas. — Peço que se retire, este é o único horário que eu tenho disponível para fazer o meu treino.
Rapidamente revelei o amuleto em formato de garra que minha mãe me deu antes de falecer. Oriana pareceu surpresa e não escondeu suas feições quando veio até mim e arrancou o objeto de minhas mãos.
— Elvira Relish é o nome da minha mãe — comentei. — Mas antes de se casar com o meu pai, ela se chamava Elvira Sane. É o mesmo sobrenome que usa, Capitã.
As batidas do meu coração aceleraram conforme a verdade estava sendo relevada e, ali e agora, eu me deparava com um fato. A boca de Oriana tem o mesmo desenho e formato da minha mãe, assim como seu nariz e olhos âmbar. Foi essa a familiaridade que eu encontrei quando a vi pela primeira vez. E é isso que está trazendo perguntas para mim das quais eu acho que posso supor suas respostas.
— Ela está morta? — perguntou com os olhos no amuleto em suas mãos.
— Está — meu coração doeu com a resposta.
Oriana fechou o punho sobre o objeto e soltou um longo suspiro ao fechar os olhos.
— Saiam — ordenou.
— Não, nós precisamos... — ousei dar um passo, mas fui atingida com um sobrevento de energia. A energia de alguém que transformaria aquele templo em escombros.
— Saiam! — junto a voz da capitã, ouvi também uma voz animalesca, de uma fera pronta para sair.
Garras surgiram no lugar de suas unhas e seu rosto tomou proporções amedrontadoras para mim e para Elvie.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ARCANE | Lee Heeseung
FanfictionMelione era muito mais que uma simples nação isolada de um mundo que já sofrera guerras e destruições há séculos atrás. Melione carregava uma história, um legado, seis famílias e seus pequenos reinos que sacrificaram tudo o que tinham para que a paz...