dezoito

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Silêncio ecoava. Apenas o som do vento e da maré levemente agitada eram os únicos ruídos enquanto a luz da lua se manifestava sobre a minha cabeça junto a postes de luz com fogo prateado por toda a extensão daquele pequeno pátio do templo.

Ouvi de Elvie que esse era onde algumas sacerdotisas costumavam a treinar defesa pessoal, mas não havia nenhuma delas aqui porque o lugar foi reservado pela temida Capitã Sane, alguém com quem eu já cruzei o meu caminho em situações não tão favoráveis. Agora, sentada em um banco de pedra iluminada pelo luar, aguardo por Elvie e sua mãe.

Sim, Oriana Sane tem uma filha e essa garota é o completo oposto da mulher imponente, repleta de músculos e com um olhar quem vai te destruir em milhares de pedacinhos. E não, eu não esperava por uma conversa amigável vindo da mulher, principalmente depois do nosso último encontro e ela quase morreu pelas mãos de Sunghoon Park.

De qualquer forma, quando Oriana Sane entrou pelas enormes portas que davam abertura para o pátio com uma postura séria e autoritária, digna de uma Capitã que deveria ser o braço direito do príncipe herdeiro. Sua filha a acompanhava e quando Oriana me viu, lançou um olhar para Elvie, do tipo de que não esperava me encontrar ali.

Com certeza sabia sobre a minha chegada, mas parecia surpresa quanto ao fato de que agora estava diante de mim para uma possível conversa. Não faço ideia da desculpa que Elvie deu a mãe para vir até esse lugar, mas aqui ela estava e agora esperava que respondesse as minhas perguntas, ou pelo menos trouxesse alguma metáfora para eu desvendar a respeito.

— Elvira, do que isso se trata? — perguntou para a filha quando já estava a alguns metros de mim.

Elvie ficou em silêncio, como se esperava para que eu respondesse.

A única coisa que me veio a mente era ser direta em relação ao que eu queria. Porque Oriana não parecia disposta a conversar comigo.

— Você conheceu a minha mãe? — me esforcei para minha voz não soar trêmula.

Oriana observou a mim, como se analisasse se era algo prudente continuar aquela conversa.

— Não sei do que está falando — ela estava pronta para dar as costas. — Peço que se retire, este é o único horário que eu tenho disponível para fazer o meu treino.

Rapidamente revelei o amuleto em formato de garra que minha mãe me deu antes de falecer. Oriana pareceu surpresa e não escondeu suas feições quando veio até mim e arrancou o objeto de minhas mãos.

— Elvira Relish é o nome da minha mãe — comentei. — Mas antes de se casar com o meu pai, ela se chamava Elvira Sane. É o mesmo sobrenome que usa, Capitã.

As batidas do meu coração aceleraram conforme a verdade estava sendo relevada e, ali e agora, eu me deparava com um fato. A boca de Oriana tem o mesmo desenho e formato da minha mãe, assim como seu nariz e olhos âmbar. Foi essa a familiaridade que eu encontrei quando a vi pela primeira vez. E é isso que está trazendo perguntas para mim das quais eu acho que posso supor suas respostas.

— Ela está morta? — perguntou com os olhos no amuleto em suas mãos.

— Está — meu coração doeu com a resposta.

Oriana fechou o punho sobre o objeto e soltou um longo suspiro ao fechar os olhos.

— Saiam — ordenou.

— Não, nós precisamos... — ousei dar um passo, mas fui atingida com um sobrevento de energia. A energia de alguém que transformaria aquele templo em escombros.

— Saiam! — junto a voz da capitã, ouvi também uma voz animalesca, de uma fera pronta para sair.

Garras surgiram no lugar de suas unhas e seu rosto tomou proporções amedrontadoras para mim e para Elvie.

ARCANE | Lee HeeseungOnde histórias criam vida. Descubra agora