ARCANE | Lee Heeseung

vinte e sete

KIAN

20 anos antes...

Por que estavam todos gritando lá fora?

Por que estava tão quente e difícil de respirar?

Empurrei a porta do meu quarto com muita dificuldade e vi fogo, fogo por toda parte. O calor era insuportável e me senti assustado.

Fuja daqui, ouvi aquela voz que tem estado na minha cabeça desde que elas apareceram.

— Nana... — gritei por ela, mas ela não veio.

Fuja...

— Não!

Minhas mãos estavam trêmulas, mas eu já havia feito aquilo antes. Fogo não era perigoso. Dei um passo para fora do quarto, esperando que elas me ajudassem outra vez. A nana disse que eu não deveria mostrá-las, mas não tinha ninguém vendo e eu poderia apagar o fogo.

A pele abaixo de minhas mãos brilhava quando elas surgiram como uma névoa escura, como uma nuvem preta e cintilante. A nana dizia que as pessoas sentiam medo delas, mas elas não faziam mal algum e sempre me protegiam. Conforme eu dava passos para o corredor enorme, procurando por meu irmão e a nana, as sombras apagavam o fogo.

— Heeseung! — ouvi a voz do meu irmão, então virei o meu rosto para o corredor um pouco a frente.

Arregalei os olhos, ao ver que tinha sangue escorrendo pela testa dele.

— Sanhee! — corri em direção a ele. — Onde está a nana e o dada?

— Me escuta! — ele se colocou de joelhos na minha frente. — precisamos ir embora daqui. Agora.

— Eu quero a nana, Sanhee...

— Ela vai nos encontrar, prometo — ele ficou em pé, segurando uma das minhas mãos.

— O que aconteceu com o seu rosto?

— Não foi nada.

Ele me puxou de volta para o quarto. Nesse instante, ouvi um grito assustador vindo do lado de fora. Me agarrei a Sanhee, completamente assustado.

— O que está acontecendo, Sanhee?

Ele fechou a porta do meu quarto, sem esforço algum, meu irmão conseguiu apagar todas as luzes de fogo que estavam acesas apenas com um único movimento de mãos. Ele também conseguiu fechar as cortinas das janelas.

— A nana e o dada estão resolvendo alguns problemas, certo? — ele me segurou pelos ombros. — Você precisa prometer para mim que não vai gritar ou correr, precisa confiar em mim para te proteger.

— A nana e o dada estão bem?

— É claro que estão, pequeno — ele abriu um sorriso, mas seus olhos estavam brilhando, como na vez em que ele machucou o braço e chorou muito.

— Você está mentindo...

— Heeseung, eu estou tentando te proteger! — Ele ergueu as mãos em direção ao armário que tinha no meu quarto, o arrastando apenas com a força do pensamento. — Confie no seu irmão, a nana e o dada o irão nos encontrar em breve e tudo vai ficar bem.

No lugar onde antes estava o armário, havia um tipo de buraco para um corredor escuro e assustador. Parecia bem pequeno para Sanhee passar, mas eu conseguiria andar por ele sem problemas. Meu irmão não hesitou em segurar a minha mão e se abaixar para conseguir entrar na passagem escura e úmida, mas ainda dava para ver que se tratava de uma escadaria secreta.