ARCANE | Lee Heeseung

três

O vento soava como garras afiadas que arranhavam e cortavam a minha pele sem que eu tivesse forças para soltar ao menos um único gruindo de dor, pois o silêncio estava estabelecido ali naquele baile desastroso.

Não havia mais fogo prateado, apenas as sombras que cercavam todo o jardim, assim como o frio que parecia aumentar cada vez mais conforme os segundos se passavam. Os guardas já estavam postos ali, prontos para defenderem os ministros e seus herdeiros, mesmo que sejamos fortes o suficiente para não precisarmos de tanto.

O único problema é que esse inimigo que está diante de nós não é qualquer pessoa, pois é o primeiro em séculos a ter o dom de invocar as sombras e se esse poder for como dizem os livros de história, então ele pode ser fatal até mesmo para os dragões que são a maior força que Melione tem.

— Parece que eu cheguei atrasado para a festa — disse o homem esbanjando um sorriso arrogante.

Está tudo uma bagunça. A correria e o terror dos dragões e dos raios que caiam do céu trouxeram essa bagunça para o baile da ascensão.

— Quem é você? — perguntou o ministro Junyeok ao dar um passo à frente.

O homem das sombras apenas lançou um olhar convencido ao ministro, mostrando então que ele parecia não ter respeito algum a quem Junyeok Park era.

— Me chamam de muitas coisas, mas com certeza eu deveria ser elogiado por fazer uma entrada tão maravilhosamente triunfante — os olhos do homem foram até mim, então pararam na minha irmã que se escondia atrás das minhas costas. — se não me agradecer, eu mesmo te jogo de um precipício da próxima vez.

Celine tremeu.

— O-Obrigada — disse ela baixo.

— Muito educada, pequena Relish — ele curvou levemente o pescoço, em cumprimento. Por fim, se voltou para os ministros que o observava com certa cautela e curiosidade. — Irei me apresentar formalmente agora, pois não gosto de não ir direto aos fatos.

A camada de sombras em volta dele diminuiu, deixando suas roupas ainda mais visíveis. O homem curvou levemente o corpo, colocando o punho sobre o peito, como fazemos em Melione, mas seus olhos ainda estavam fixos nos ministros. Isso é um desrespeito enorme.

— Sou o príncipe Kian, o Conquistador dos Céus de Saron.

Saron, esse é um nome familiar.

— Ou seja, você é um dos inimigos de Melione — disse Elise Lestecie. — Saron é um reino que se foi há muito tempo, se perdeu na guerra há quase mil anos atrás. Tudo o que restou foram os bárbaros e feiticeiros do Povo do Norte que há séculos se voltou contra nossa nação.

— Não preciso de uma aula de história sobre o meu próprio povo, mas fico grato por suas observações, Ministra de Kamari — ele voltou para a postura de antes. — Além de que não posso dizer que Saron se perdeu no tempo, afinal, posso ver descendentes de Saron neste lugar — seus olhos pousaram brevemente em Jay e logo em seguida em Sunghoon e Riki.

— Isso é um insulto! — o ministro de Daeho se enfureceu.

— É história e genética, não posso mudar coisa — respondeu Kian como se o que ele afirmasse não fosse nada demais. — temos muitos atritos e problemas não resolvidos, por isso vim até aqui em nome de Saron para acertarmos as coisas de uma vez por todas.

— Está oferecendo uma oferta de paz? — perguntei com descrença. — Você destruiu a Ascensão dos Seis, causou pânico e terror, apenas por querer conversar sobre uma oferta de paz?

— Como eu disse, gosto de entradas triunfantes.

Quis rir com escárnio, mas isso provavelmente pioraria tudo, mesmo que parecesse que ele não queria uma briga agora e sim uma conversa.