Capítulo 6

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Capítulo 6

Calum

Depois de uma noite infernal sem conseguir dormir, me levantei e fui malhar, isso me ajuda a pensar, e faz com que me perca no tempo. Razão pela qual, não me surpreendo quando entro na cozinha para pegar uma água, e encontro Alina sentada em frente a ilha, com uma xícara de café.

— Caiu da cama? — Pergunta, parecendo entediada ao me ver.

Me irrita seu comportamento, agindo como se eu não fosse nada, enquanto nós dois sabemos que nos amamos. Mas vou dar tempo a ela, fui um babaca, um verdadeiro idiota por priorizar outras pessoas antes dela e do que sentia.

Pego uma garrafa d'água e me encosto na pia, do outro lado, mantendo uma distancia segura, é isso ou eu vou agarrá-la e dar uma utilidade diferente para sua boca inteligente.

— Eu que deveria te fazer essa pergunta, foi você que foi dopada. — Lembro, ganhando uma careta como resposta.

— Isso são apenas detalhes. — Dá de ombros. — Essa história de que você é meu mundo ainda não me desceu, seu pai pode aparecer aqui e...

— Já disse que ninguém sabe onde estamos. — Aviso mais uma vez. — Proteger você é a minha prioridade. — Ela ri, como se eu tivesse contado a ela uma grande piada. — Duvide o quanto quiser, vou te provar que pode confiar em mim.

Depois da nossa conversa de ontem, ficou muito claro que eu precisava ir mais a fundo na história de Alina, um ponto que até mesmo ela desconhece. Fiz algumas ligações, entrei em contato com conhecidos, que estavam ansiosos em oferecer seus serviços.

— Já pensou que confia de mais nas pessoas, e sempre nas pessoas erradas?

— Está falando do meu pai?

— Meio difícil ser outra pessoa.

— Negação é a palavra certa. — Admito. — Acreditar que ele não estava envolvido com os acontecimentos do passado, me deixaram com a sensação de divida com ele, e isso me deixou...

— Disposto a se sacrificar? — Termina por mim, mesmo em tom de pergunta.

— Você deve conhecer o sentimento, tenho a sensação de que tudo isso está relacionado com seu pai.

Alina fica em silêncio por um longo momento, a ponto de eu começar a me sentir desconfortável, e acreditar que passei dos limites. Quando ela finalmente fala novamente, suas palavras me põem em silêncio.

— Me sacrifiquei por uma ideia.

— Ideia?

— Do que minha vida deveria ter sido e do que realmente foi. — Diz, brincando com a xícara. — Em alguns momentos tive a sensação de que não roubaram apenas o meu pai, mais minha mãe também.

— Perder seu pai deve ter sido difícil, mas sua mãe...

— Não foi a pessoa que deveria ser, mães protegem, não fazem com os filhos o que me aconteceu.

Parece que para ela admitir isso é muito maior do que apenas admitir que existe de fato um plano de vingança contra aqueles que machucaram seu pai. Alina sabe que sua mãe, mesmo em meio a dor deveria tê-la protegido e não se calado enquanto meu pai a espancava.

— Parece que somos uma dupla e tanto. — Digo em tom de piada, e isso a faz rir, até ela perceber o que está fazendo e ficar calada. — Não precisa agir assim comigo, pode não confiar em mim, mas jamais vou deixar que alguém te machuque.

— É difícil deixar a posição de luta.

— Confie em mim para assumir essa batalha, e garantir que nada de ruim aconteça com você. — Não estou longe de implorar pelo seu perdão, rasteja e dizer que fui um grande idiota e reconheço isso, mas seria sobrecarregá-la, e ela não precisa disso no momento. — Sua mãe falhou em te proteger, obviamente te arrastando para uma bagunça que não era sua.

Secreta Obsessão - Obstinados Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora