Capítulo 25

1.1K 195 22
                                    

Alina

A dor latejante na minha cabeça não me deixa esquecer da situação complicada em que estou. Depois de perder a consciência e ficar presa debaixo de uma moto, a última coisa que lembro de ouvir foi a voz de um homem. O pior de tudo foi quão familiar essa voz era, ativando memórias do passado que ainda são confusas.

— Vejo que está acordada. O ferimento na sua cabeça não foi grave, e sua perna está bem. Apenas alguns hematomas. — Uma mulher diz. Ela se parece com alguém que saiu de um filme antigo, com seu vestido abaixo dos joelhos, cabelo cheio de fixador e unhas bem feitas.

— Onde eu estou?

Ela me lança um olhar desentendido, como se minha pergunta a surpreendesse. Mas não é a pergunta racional que uma pessoa no meu lugar faria? Fui perseguida, me acidentei, e tenho absoluta certeza de que fui raptada. Como se isso não fosse o bastante, acordo com uma estranha pairando sobre mim, colocando uma pasta verde na minha cabeça.

— Suas perguntas serão respondidas quando seu pai chegar. — Ela dá um tapinha na minha perna antes de começar a sair do quarto.

Levo um momento para perceber o que ela acabou de dizer. Olho em volta no quarto bem decorado, um lugar bem decorado e elegante com muitas fotos minhas, muitas de quando eu era criança. À medida que as palavras da mulher afundam em mim, levanto rápido da cama e vou atrás dela. Tomo um segundo para me recuperar da tontura que estou sentindo antes de sair do quarto.

A casa é grande e bem decorada, mas não de um jeito frio, como a maior parte das mansões em que já estive, e sim de um jeito quente e acolhedor. Percebo que, mais uma vez em um espaço curto de tempo, acordo em uma casa que não me pertence, e o meu captor é sempre um suspense. A primeira vez foi Calum quem me arrastou para sua casa, e isso foi a melhor coisa que alguém pode fazer por mim. Desta vez, no entanto, meu captor é um desconhecido, e, por mais que diga ser meu pai, não tenho ideia de quem ele é e do que esperar.

— O que quis dizer com meu pai? — Pergunto, finalmente alcançando a mulher e a seguindo em direção à cozinha grande.

— O homem que contribuiu na hora da sua geração? Que diabos de pergunta é essa, menina? Preciso te explicar como bebês são feitos?

Ela acena para a ilha, onde coloca uma xícara de chocolate quente em cima, e manda que eu me sente. Um prato com cookies fresquinhos também é colocado na minha frente. A mulher coloca as mãos nos quadris, esperando que eu pegue um e beba o que ela me ofereceu.

— Precisa admitir que isso está estranho e que tenho o direito de estar confusa. — Falo, decidindo que ser sincera com ela é a melhor forma de conseguir respostas. — Me acostumei com a ideia do meu pai estando morto, eu o vi morrer.

Ela bufa irritada, o som nada feminino sendo um contraste com sua aparência.

— Você viu o que Svetlana queria que visse, e depois aquela mulher apagou sua memória e te usou. Ainda não aceitei a atitude do seu pai em permitir que ficasse com aquela mulher. — Ela se vira, como se estivesse falando consigo mesma. — "É para a segurança dela", segurança minha bunda.

Mesmo sem querer, me pego rindo do seu jeito.

Dou uma mordida no cookie e gemo em apreciação ao sabor doce do biscoito que derrete na minha boca. Em seguida, tomo um longo gole do chocolate quente, e me pego mais uma vez gemendo quando o sabor do chocolate cremoso atinge minha boca.

— Isso é muito bom. — Elogio.

— É uma receita de família, muito antiga. — Explica. — Minha filha vive me pedindo, mas ainda não acho que está na hora de passar.

Secreta Obsessão - Obstinados Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora