Capítulo 24

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Calum

O endereço que Svetlana me passou é o que dava nos fundos da casa onde cresci; a rua é mais calma e geralmente usada por funcionários, por isso demorei um pouco para perceber aonde estava indo. Embora surpreso, não perco a ironia das coisas; tudo vai terminar onde, de certa forma, começou.

— Devo admitir que ela tem um certo senso de diversão. — Asher declara. — Fazer você resgatar a mulher que ama, no lugar onde negou ter qualquer sentimento por ela, é engraçado. Não me viro para encarar o idiota; se ele pudesse ser ao menos em partes como Cobi, que até o momento não abriu a boca para falar nada, apenas quieto perdido em pensamentos. Por outro lado, isso me deixa alerta; não confio nele o suficiente para não pensar na possibilidade de estar nos traindo.

Estaciono o carro na garagem dos funcionários e saio; somos o único carro no lugar, os funcionários estão de férias coletivas enquanto faço algumas reformas. Essa casa me pertence, e vou mudar todas as memórias ruins de Alina nesse lugar, apagar toda a dor do passado.

— É uma bela casa. — Colediz, sem parecer impressionado. — Um pouco...

— Quieta demais? — Asher oferece.

— Grande demais.

— Minha família sempre foi do tipo que gostava de grandes coisas; eu cresci aqui, então sempre pensei que fosse o normal. — Explico. Asher acena com a cabeça, do jeito que deveria, uma vez que o babaca cresceu em um lugar muito parecido.

Não sinto vergonha em admitir que estamos no mesmo barco quando se trata de dinheiro; somos todos garotos grandes e mimados, que sempre tiveram de tudo. Mas, ao contrário dos outros, decidimos que o dinheiro não era tudo; lutamos para defender o que achamos certo, e de vez em quando, atiramos em algumas pessoas, apenas por diversão. Crescer em uma vida onde se pode tudo, com pais que te ensinam e sempre te preparam para ser o melhor e o pior, ao mesmo tempo, pode foder com a cabeça de uma pessoa mais fraca.

A casa está em silêncio; procuro por Svetlana em todos os cômodos, mesmo no antigo quarto de Alina, mas não há sinal dela, pelo menos dentro da casa. Do lado de fora, na beira da piscina, vejo o primeiro vestígio dela; uma taça de vinho cheia ao lado da espreguiçadeira.

— Gostou do cenário que escolhi para por um fim em tudo isso? — A voz irritada vem de trás de mim. Me viro para encontrar Svetlana, apontando uma arma.

— Onde está Alina?

Minha pergunta a faz gargalhar.

— Sabe, sempre achei que você era um idiota por nunca pegar o que queria; a vida não ajuda pessoas como você. — Zomba. — Sempre olhando para ela cheio de desejo, mas nunca tendo coragem de realmente ir e pegar o que queria.

— Vendo o seu estado, creio que ela não te ajudou também. Svetlana anda de um lado para o outro, mas a arma permanece firme em sua mão. Não tem sinal de Asher ou do Colena casa; o que começa a me soar estranho, e mais uma vez me deixa com aquela sensação de dúvida.

— Estou aqui agora, e quem está segurando a arma sou eu e não você.

— Seja clara de uma vez; o que você quer, sabe que posso te dar, desde que me entregue Alina. Svetlana parece confusa, ouso dizer que até mesmo um pouco perdida, quando coça a cabeça, com a mesma mão que está segurando a arma. Seu cabelo está bagunçado, um contraste com o que vi mais cedo no restaurante.

A noite começa a cair, e as luzes da piscina se ascendem, assim como as luzes do jardim.

— Alina, Alina, sempre Alina! — Grita. — Qual é o problema das pessoas com aquela putinha traidora?

Secreta Obsessão - Obstinados Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora