Capítulo 15

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Capítulo 15

Calum

Svetlana é uma pílula amarga e difícil de engolir em qualquer dia da semana. É difícil olhar para alguém como ela e imaginar as coisas más que foi capaz de fazer. O que me conforta é saber que, desde o momento em que passou pelos portões da casa da minha família, jamais a vi como algo diferente de um caso de pena. Meu erro foi ter me mantido quieto, pensando que, ao menos, Alina tinha alguém que cuidasse dela e garantisse sua segurança em meio a toda a maluquice do meu pai. O que me lembra, não perguntei a Anton sobre o ataque a Alina; alguma coisa estranha aconteceu aquele dia.

— Calum. — Svetlana se aproxima de mim.

— Pensei que tivesse te mandado sair da cidade. — Meu tom de voz é seco e direto; ela se encolhe.

— Não posso deixar Alina. — É uma mentira; posso dizer isso pela forma como seus lábios se contraem e as lágrimas falsas escorrem por seu rosto. — Ela é tudo o que tenho.

Meu sangue ferve de raiva diante da mentira óbvia.

— Tudo o que você tem? — Asher ri, se intrometendo. — O histórico médico dela deixa bem claro quanto se importava com ela.

Svetlana parece se irritar diante do comentário, mas, em vez de dizer algo, ela simplesmente decide ignorar Asher e focar sua atenção em mim.

— Sabe como seu pai era.

— Engraçado que o seu histórico hospitalar é bem tranquilo, apenas consultas de rotina. — Asher continua gostando de provocá-la; também me divirto, meu silêncio a está deixando mais nervosa.

— Onde Alina está não me importa; agora que meu pai se foi, vocês duas não são um problema meu. — Digo. — Vá embora, ou a próxima pessoa que perderá a cabeça será você.

— Não pode me ameaçar! — Grita. — Além disso, tenho os meus direitos como esposa.

Dou mais alguns passos para a entrada do prédio, o que me aproxima dela.

— Seus direitos? Meu pai sempre deixou todos os bens dele no meu nome; mesmo a casa onde vocês moravam me pertence. — Esclareço. — O único motivo para eu tê-los permitido ficar lá era um senso de lealdade que se foi no momento em que descobri a traição dele.

— E quanto a mim? E a minha filha.

— Você nem mesmo sabe onde Alina está, e mesmo que soubesse, não devo absolutamente nada a vocês. — Respondo, desta vez continuando meu caminho. — Vá embora e me deixe em paz.

— Vai se arrepender por isso! — Grita, quando a porta bate atrás de Asher e eu.

— Aquela mulher vai ser um problema; posso sentir isso em meus ossos. — Asher diz, quando estamos parados em frente à porta do meu apartamento.

Por mais que eu odeie concordar com Asher, ele tem razão; Svetlana dominou o personagem de vítima, a mãe amorosa que não conseguiu proteger a filha do marido abusador. Talvez as pessoas caiam no teatro por mais tempo ou vejam que ela sempre esteve muito feliz ao lado do velho para lutar pelo bem da própria filha.

— Temo que essa abordagem ríspida não vá funcionar. — Admito.

— Não caia nesse papo de manter os inimigos perto; sabemos que essa merda toda ainda vai explodir na sua cara e nós acabaremos envolvidos na sua merda.

— Não trabalho assim.

— Graças a Deus por isso.

— Vá novamente até a casa de Anton e pergunte o que ele estava fazendo no dia da festa, se foi ele quem tentou matar Alina.

Secreta Obsessão - Obstinados Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora