Capítulo 12

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Capítulo 12

Alina

Algo no tom de Calum me alertou de que eu não gostaria do que estava prestes a ouvir, mas ainda assim, sabendo que era um caminho sem volta, acenei com a cabeça e continuei firme no meu posicionamento. Não tenho certeza de onde estamos indo com esse relacionamento, porém, assim como ele, não me vejo escapando do que está acontecendo aqui.

— Não quero fugir. — Murmuro, olhando pela janela.

Penso tê-lo ouvido dar uma risada, mas me mantenho olhando pela janela, dando a ele tempo para alinhar seus pensamentos e contar a história.

— Minha mãe não era a santa que todos pensam, ela era uma bêbada. — Diz, e isso me surpreende; olho em sua direção e ele sorri sem humor. — Eu sei, todos pensam que sim, porque eu os proibi de dizer algo diferente.

— Por que? Isso é confuso.

— Meus avós, os pais dela, eram boas pessoas e não merecem o tipo de vergonha que ela trouxe a eles. — Explica. — O vício com as bebidas e drogas foi abafado pelo meu pai, que era um babaca e sempre se importou mais com o nome do que com ela.

Isso é triste, penso, enquanto estudo o rosto de Calum em busca de alguma emoção, qualquer coisa que possa me dizer para onde esta história irá nos levar.

— Faz sentido, ele sempre gostou do status social. — Digo, ao perceber que ele queria que eu dissesse algo.

— Foi uma surpresa para mim quando descobri sobre ele ter abusado da minha prima, ainda mais quando foi ele que impediu que a amiga da minha mãe abusasse de mim na frente dela.

Sua revelação me deixa chocada, me viro e o encaro abertamente, esperando por mais explicações.

— Sua mãe permitiu que alguém tentasse abusar de você?

Ele sorri.

— Querida, sua mãe também fez isso com você, ou pensa que ela fechar os olhos enquanto meu pai te espancava tinha outro nome?

Isso me deixa em silêncio por um longo momento.

Acredito que nunca vi isso dessa forma, porque minha mãe sempre foi boa com suas palavras, lembrando que era um plano importante, e sacrifícios eram necessários para o que ela chamava de bem maior. Vendo agora, parece que muita coisa dita por ela era apenas mais desculpas e mentiras para me manter sob seu poder.

— Vendo por esse lado.

— Minha mãe estava chapada demais para perceber que sua amiga estava alisando o filho dela de sete anos, muito ocupada cheirando pó para perceber que eu estava chorando e desesperado para sair daquilo. — Seus olhos ficam distantes na estrada, como se estivesse lembrando do momento. Me inclino e seguro uma de suas mãos nas minhas, e seguro com força. — Até que ela percebeu e deu risada, virou uma espécie de piada entre elas, e aquela tortura durou até meu pai chegar. Quando ele viu a cena, arrancou a mulher de perto de mim e a jogou ao lado da minha mãe, ele me manteve atrás dele, enquanto atirou na cabeça das duas. Foi a primeira vez que me senti protegido quando criança.

— Não pode se sentir em dívida com alguém por ele ter feito o mínimo que um pai deveria fazer, que é proteger uma criança.

Não consigo nem mesmo esconder minha raiva de sua mãe, e em todas as vezes que pensei que ela era uma espécie de santa. Agora o que torna difícil de entender é a lealdade do mordomo à mulher vil que permitiu que alguém machucasse seu filho.

— Ele me salvou, e quando a merda com os mais velhos explodiu e Lior matou seu pai, foi fácil acreditar no relatório que me entregaram a respeito dele; o homem tinha me protegido, ele não faria isso com outra pessoa. — Meu silêncio deixa claro minha opinião. — Aparentemente, ele não se importava com outras pessoas sendo abusadas.

Secreta Obsessão - Obstinados Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora