𝗽𝗹𝗮𝘆 𝗱𝗮𝘁𝗲

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Boa leitura

Boa leitura

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— P-para... Já chega... — Não eram nem dez da manhã e Felix já sentia o couro sintético agredir sua pele.

O som da fivela do cinto indo de encontro com o chão veio junto com seu alívio. O alfa saiu de trás de si e parou em sua frente, puxando os cabelos castanhos com delicadeza, vendo os olhos vermelhos e o rosto inchado pelo choro recente.

— Vai me contrariar de novo, Felix? — Perguntou com as sobrancelhas juntas e o semblante transmitindo uma falsa compreensão.

Ele acariciava levemente os fios de cabelo do pequeno ômega com o corpinho fraco e cansado, o causando mais desespero, ele não suportava os toques asquerosos do outro.

— Não. — A resposta veio em um tom fraco acompanhada de soluços.

— Muito bem. — Acariciou brevemente os cabelos do ômega. — Tome um banho.

O garoto se tremia, não conseguia nem falar direito, mas o alfa queria uma resposta, apenas de implicância.

— Você ouviu Lee? Quando eu falar com você, me responda. — Disse com o rosto inexpressivo, não poupando força ao apertar as bochechas vermelhas dos tapas que levara a minutos atrás.

— E-eu ouvi. — A fala foi dificultosa devido aos espasmos gerados pelo medo que tinha do seu agressor.

O alfa levantou e saiu do quando rindo, ele se divertia com seu sofrimento.

Felix se sentou no chão gelado do quarto de hóspedes, encarando o cinto com seu sangue. Sentindo uma mistura de nojo, ódio e tristeza ele se permitiu chorar mais, implorando a qualquer divindade que tivesse piedade de si e lhe tirasse daquele sofrimento. Pelo menos não apanharia mais.

Pelo menos não por enquanto.

Juntou suas forças para levantar e tomar um banho, o que não foi nenhum pouco agradável, já que as feridas abertas pareciam pegar fogo enquanto a água lavava todo o sangue e as lágrimas que caiam sobre seu rosto, se lamentando pela situação miserável que estava. Restando apenas a angústia e a dor física e a emocional, sendo a última a que mais o machucava, pois ser descartado como um produto sem valor por quem mais deveria lhe apoiar e amar não era nada fácil de aceitar.

Mechendo nas gavetas achou uma boxer e uma blusa, parecia ser do alfa, já que tinha seu cheiro. Felix sentiu ânsia, mas era o que tinha para vestir.  Ficar só de roupas íntimas não era nem de longe um opção, não queria despertar desejo no alfa e ter que suportar mais um de seus abusos.

Deitou-se na cama macia, sentindo suas costas pegarem fogo, ele não conseguiu segurar e derramou mais lágrimas. O ódio pelo alfa maldito só crescia cada vez mais, o ômega sentia raiva por ter se permitido ser tão burro, mesmo com uma espécie tão nojenta e traiçoeira que eram os alfas. Ele puxava seus cabelos com força e tentava conter os gritos de ódio.

— Você deveria descansar. — Os batimentos do pequeno ômega estavam descompensados, isso provava o medo que sentia do outro. Um fio de alívio se instalou sobre si vendo que aparentemente o alfa não estava ali para lhe importunar ou machucar, o traste veio trazer comida, quer dizer, um macarrão instantâneo sem cor e frio que teve o desprazer de comer nas poucas vezes que foi alimentado.

— De novo essa coisa? Eu como isso desde que cheguei aqui! — Protestou com o tom de voz elevado,  o outro o olhou com ódio, o que fez Felix se encolher um pouco, mas não abaixar a cabeça.

— Apenas coma. Você deveria descansar bastante Lixie. — Ah, aquele apelido maldito, ele usava quando iria dizer algo doentio. — Mais tarde uns amigos meus vão vir aqui em casa, quem sabe nós não nos divertimos todos juntos. — Sorriu vendo os olhinhos do ômega se encherem de lágrimas ao pensar em aguentar mais uma das suas atitudes nojentas. — Coma a comida.

— Não me chame de Lixie, não me chame nunca mais por esse apelido, você não tem esse direito. Eu não vou ser um brinquedo para você e seus amigos nojentos! — Os olhos do ômega eram uma mistura de ódio e tristeza — Nunca mais você tocará em mim, e eu não irei comer essa lavagem que você chama de comida — Jogou o prato nos pés do outro, o alfa não pensou duas vezes em ir na direção do omega pega-lo pelo pescoço e levantar contra a parede.

— Sou eu quem manda aqui, você me deve obediência — Apertou mais o pescoço de Félix. — Vamos ver o quanto você aguenta até desmaiar, se caso desmaiar, não irá ver o que irei fazer de melhor contigo, Lixie.. —  O alfa sorriu e soltou o omega, fazendo cair no chão como se fosse um boneco.

Saiu do quarto, deixando o garoto apavorado e se tremendo sozinho no quarto e foi até seu escritório, afinal, ainda tinha aulas para planejar.

De seu escritório ele conseguia sentir o cheiro azedo de melancia que o ômega emanava, ele havia se apavorado com a ideia de ter vários alfas o tocando de um jeito nojento. O alfa gostava de ser respeitado e temido, para ele era uma satisfação imensa ver o ômega nesse estado.

Ainda mais quando se era um ômega especial.

I can hear sirens, sirens
He hit me and it felt like a kiss
I can hear violins, violins
Give me all of that ultraviolence❜

𝘂𝗹𝘁𝗿𝗮𝘃𝗶𝗼𝗹𝗲𝗻𝗰𝗲 ▸ 𝗁𝗒𝗎𝗇𝗅𝗂𝗑Onde histórias criam vida. Descubra agora