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No dia seguinte, Fred, George e Lino foram buscar Aurora muito mais cedo do que o comum, imaginando como a garota se sentiria desconfortável ao ver a multidão de grifinórios comemorando a sua participação no torneio -mesmo que eles ainda estivessem um tanto confusos quanto à isso.

– Sabem que o dormitório não é só meu, não sabem? – Perguntou Aurora, enquanto descia as escadas e se esforçava para limpar a remela dos olhos. Ela sorriu quando Fred a desejou “Bom dia”. – Bom dia, mas como eu estava dizendo: eu não moro aqui sozinha.

– Sabemos disso, só não ligamos. – Respondeu George, sorrindo abertamente. – Agora suba e vá colocar uma roupa, porque hoje vamos tomar café da manhã mais cedo.

– Certo, mas da próxima vez não gritem, me mandem uma coruja. – Pediu Aurora e subiu as escadas correndo, apenas para encontrar Angelina parada como uma assombração muito irritada na entrada do dormitório. Aurora sorriu.  – Bom dia, flor do dia!

– Dia. Será que pode avisar aos seus amigos que se eles vierem gritar mais uma vez por você, eu vou azarar todos eles? Agradeço. – Disse Angelina e sem esperar por uma resposta, seguiu para a própria cama, onde se lançou e em poucos segundos já estava dormindo outra vez.

Felizmente, só Angelina tinha o sono leve ali, então todas as outras colegas de quarto continuavam dormindo calmamente.

– Bom dia, querida! – Cumprimentou Eliza, aparecendo de repente e sorrindo alegre.

Aurora não gostava muito de acordar cedo e não era a pessoa mais feliz durante o período da manhã, mas ver o sorriso caloroso de Eliza fazia ela se animar um pouco. Era contagiante.

– Bom dia, Eliza! – Respondeu Aurora sorrindo também.

– Animada para o dia de hoje? – Perguntou Eliza, se aproximando das roupas de Aurora e pegando o uniforme para ela.

– Hoje não tem nada de interessante para acontecer, então acho que sim. Sem nada, nem ninguém tentando me matar e sem risco de encontrar com o Valdemir... É, acho que estou um pouco animada sim.

– O quê? Não, querida, eu estou falando sobre começarmos a pensar no seu vestido para o baile!

– Já? – Questionou Aurora, exasperada, enquanto colocava a blusa do uniforme e em seguida a gravata. – Mas eu ainda nem participei da primeira prova do torneio!

– Mesmo assim! Se quer estar linda então precisa começar a planejar desde hoje.

– Você é igualzinha a minha avó Louise, sabia? – Aurora sorriu, se sentindo nostálgica. – Não só a Louise daqui, mas a minha vó de verdade. Ela também amava escolher minhas roupas de festa com duas semanas de antecedência.

– Ainda sente falta dela? Quero dizer, você tem sua avó de volta aqui nessa realidade, não é? – Perguntou Eliza, vacilante, enquanto dobrava as blusas bagunçadas de Aurora.

– Eu sei que tenho e sei que elas são praticamente idênticas até em personalidade, mas eu ainda as vejo como duas pessoas diferentes, sabe? Eu amo as duas de forma separada. – Respondeu Aurora e soltou um suspiro abalado. – As vezes eu me pergunto como teria sido minha vida se minha avó não tivesse falecido.

– Do que mais sente falta nela? – Perguntou Eliza, enquanto dobrava de novo as roupas já impecavelmente dobradas de Aurora.

– De tudo. – Aurora suspirou e sorriu nostálgica, enquanto terminava de colocar a parte de baixo de seu uniforme. – Eu sinto falta de quando ela me levava para comprar fantasias de princesas, vilões e bichinhos e convencia a minha mãe de me deixar usar elas em qualquer lugar. Sinto falta das histórias que ela contava para mim... de quando ela me colocava para dormir. Eu costumava ter alguns pesadelos quando era criança, mas ela me ensinou que sonhar era entrar em um mundo repleto de beleza e magia e a partir daquele dia eu parei de ter sonhos ruins. Quando ela morreu foi como se uma onda de tristeza me atingisse... Todos os pesadelos voltaram também.

Traveler - Fred Weasley. Onde histórias criam vida. Descubra agora