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Aurora abriu os olhos e por um segundo, pensou estar sonhando. A sensação era parecida com a de estar debaixo d'água: o corpo relaxado, as ondas acariciando seu corpo, a água gelada causando arrepios contra a pele quente...

Então pânico. A sensação de não poder respirar, estar sendo sufocada e invadida pela água ao redor.

Eu estou de volta. O pensamento não passou de um murmúrio em sua própria mente, mas estava carregado de um desespero que ela já não sentia a muito tempo. Eu estou de volta.

– Você acordou! – Gritou Lúcia, a faxineira, em um tom carregado de surpresa e alegria.

Lúcia tinha ouvido falar sobre Aurora, a garota de treze anos que acabou sofrendo um acidente junto com as melhores amigas e que apesar de dar indícios de melhora e de que poderia acordar, nunca acordava. Ela achava injusto que uma garota da idade dela estivesse em uma situação como aquela.

– Vou chamar a enfermeira. – Avisou Lúcia e juntou as mãos, como se agradecesse aos Céus. – Seus pais vão ficar tão felizes!

Jenna. A compreensão do perigo atingiu Aurora rapidamente. Jenna está aqui! Minha mãe está aqui!

Lúcia percebeu o pânico no rosto da garota e não conseguiu entender o porquê. Talvez ela só esteja confusa. Pensou e saiu do quarto, indo atrás da enfermeira e da mãe de Aurora que provavelmente também estava por ali.

Sozinha no quarto, Aurora imediatamente lembrou o que tinha acontecido. Lembrou de colocar o colar e se sentir estranha, depois de descobrir que Eliza na verdade era a sua avó Louise, a mesma que ela tinha perdido nessa realidade em que estava agora. E do Universo. Ela lembrava exatamente do que ele tinha dito antes de acertá-la com uma luz brilhante.

Ele não vai me deixar voltar. Pensou com pânico. Fred. Eu tenho que voltar para salvar o Fred. Meu Fred. E o Cedrico? Ele vai morrer no torneio, eu preciso impedir.

Aurora se esforçou, tentou usar o que Eliza, ou melhor, sua avó Louise tinha ensinado para poder voltar para o mundo de Hogwarts, mas nada estava funcionando. Ela sentia algo, um formigamento, uma sensação gelada e ondulações como ondas da praia, mas a sensação parecia estar sendo reprimida.

– Me deixa voltar! – Ela gritou, olhando para o teto como se estivesse olhando para o Universo. – Me deixa voltar, por favor! Eu preciso salvar o Fred! Eu não quero causar problemas, eu só preciso salvar ele e os outros, por favor! Por favor, me deixa voltar! Me deixa voltar! Universo, me deixa voltar agora! Agora! Eu preciso voltar... Por favor, eu nunca pedi nada. Eles vão morrer, então por favor me ajuda... Me ajuda.

Mas Aurora sabia que o Universo não iria escutá-la. Ele não sacrificaria milhares de pessoas pela sua felicidade.

– Viu? Ela acordou! – Disse Lúcia entrando no quarto com Jenna, o diretor hospitalar chamado Michael Grey e a enfermeira Ariel, que tinha dedicado quase todo o seu tempo para cuidar de Aurora.

– Isso é um alívio! – Comemorou Ariel e se aproximou da cama de Aurora apenas para vê-la mais de perto. – Seu pai vai ficar muito feliz em saber que você se recuperou, minha linda! Muito mesmo!

– Eu concordo que isso é uma alegria, mas Aurora vai precisar de alguns exames antes de ser liberada para ir para casa. Estar acordada não significa estar totalmente bem. – Disse Michael em um tom cauteloso e então olhou para Jenna, que até então encarava Aurora com os olhos castanhos sombrios.

Aurora conhecia aquele olhar. A pequena Mayne se encolheu, temerosa, esperando pelo primeiro golpe. Então uma coisa impossível aconteceu: Jenna sorriu e se aproximou de braços abertos, envolvendo Aurora em um abraço sufocante.

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⏰ Última atualização: Mar 25 ⏰

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Traveler - Fred Weasley. Onde histórias criam vida. Descubra agora