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– Do que está falando, Aurora? – Perguntou Eliza no tom mais horrizado que eu já tinha visto ela usar. E se eu não estivesse tão avoada, com certeza teria consolado ela de alguma forma.

– Está tudo ligado, Eliza! – Eu praticamente gritei. – Eu sabia, sabia que eu não tinha como ter falado aquilo tudo para o Fred. Chamá-lo de pobretão, dizer que ele não estava no meu nível... eu nunca teria dito aquilo, Eliza, nem mesmo no meu pior momento. E eu não tinha certeza de que tinha algo errado, mas hoje na ala hospitalar eu tive, Eliza.

– O que quer dizer? O que aconteceu na ala hospitalar hoje?

– Eu tive um pesadelo e quando acordei fiquei completamente fora de controle, mas essa nem é a parte importante. Eu também tratei o Draco muito mal e disse coisas horríveis para ele, assim como quando Fred e eu brigamos. Eliza, eu disse ao Draco que ele seria um comensal da morte e insinuei que ele iria comemorar com o pai sobre a volta de você-sabe-quem! Eliza, eu... – Nem fui capaz de terminar de falar, estava indignada com o quanto eu tinha sido cruel com o Draco.

– Mas Aurora, isso não é verdade? - Perguntou Eliza em um tom cuidadoso.

Ela sabia sobre o futuro de Draco porque eu tinha contado em um momento de preocupação com o futuro dele.

– Mas não se trata de ser verdade ou não, Eliza! Eu nunca diria isso! Não estou dizendo que eu sou o exemplo de paciência ou gentileza, mas eu sei o que eu seria capaz de dizer ou não. E eu não estou dizendo que tudo que eu disse não poderia ter sido eu mesma, estou dizendo que a maioria não poderia ser. - Disse e soltei um suspiro pesado. Enquanto isso Eliza me encarava um tanto perdida.  – Você acredita em mim, certo?

– Eu acredito. – Respondeu Eliza e eu me senti aliviada por ela não hesitar.

– Sério? Acredita que eu não seria capaz de dizer essas coisas?

– Aurora, você nunca foi cruel. – Disse Eliza em um tom óbvio que me deixou contente e aliviada outra vez.

Minha mãe não diria o mesmo. Pensei.

– Admito que eu acreditava que tinha dito aquelas coisas para o Fred porque estava com muita coisa na cabeça, mas se você está dizendo que não foi só você e que tem algo errado, então eu acredito.

– Olha, eu não tenho provas, está bem? – Eu puxei algumas madeixas de cabelo, me sentindo um pouco louca pela teoria. – Não senti nada de diferente enquanto dizia as coisas que disse hoje ou naquele dia com o Fred, mas eu sei que tem algo errado. E não só quando eu brigo com os meus amigos, mas quando eu vou dormir, quando ando pelos corredores, quando estou perto da floresta proibida e a todo tempo. Eu nunca dei importância para isso, nunca parei para pensar que poderia ser alguma coisa ou alguém me vigiando e controlando minhas palavras, mas depois do que eu disse hoje eu não acredito mais que esteja tudo bem.  – Suspirei outra vez. – Eu achei que tudo tinha passado e que finalmente as coisas tinham voltado ao normal, mas parecem só ficarem mais complicadas. Eliza, eu sinto como se eu fosse enlouquecer.

– Então temos que achar logo o culpado. – Disse Eliza em um tom decidido, mas eu sabia que não seria tão fácil.

– Não, você não conseguiria observar a escola inteira a todo tempo. – Respondi após um longo suspiro. –  E talvez só observar também não leve a resposta nenhuma.

– Qual o seu plano então?

– Eu vou colocar em prática o que eu aprendi com o falso Moody. – Falei calmamente, pois já sabia qual seria a reação de Eliza.

– Aurora, você não vai sair por ai enfeitiçando ninguém!

– Eliza, eu vou perguntar a eles e eles não vão ter outra alternativa além de responder. Esse é o jeito mais prático. – Argumentei, mas Eliza não me pareceu muito convencida.

Traveler - Fred Weasley. Onde histórias criam vida. Descubra agora