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O início do ano escolar de Aurora foi melhor do que ela achou que seria. Ela começou ele tomando um grande café da manhã que resultou em uma aparência muito mais saudável -ainda que fosse óbvio que a poção que ela estava tomando para parecer menos morta tivesse maior crédito em sua aparência do que as torradas com geleia e o suco de laranja que tomou-  e ainda conseguiu evitar seus antigos amigos sem o mínimo esforço, o que era uma surpresa, visto que eles nunca a deixavam em paz, mas ultimamente apenas ficavam entre si cochichando com a cara enfiada em pergaminhos.
 
Hermione foi uma das poucas pessoas -além de Angelina e suas colegas de quarto- a perguntarem como ela estava, mas antes mesmo que Aurora pudesse responder, Hermione começou a falar do seu plano para libertar os elfos. E como Aurora tinha ajudado Winky no dia daquele esquisito aparecimento da marca negra, ficando com a elfa doméstica quando seu antigo mestre simplesmente a despachou, Hermione pensou que o mais óbvio se fazer seria perguntar para Aurora se ela queria participar do movimento.
 
– Hermione, pode contar comigo para caso precise de dinheiro, mas eu não posso ajudar você com nada além disso porque estou trabalhando em um grande projeto ultimamente. – Respondeu Aurora, apressada para ir para a próxima aula.
 
Com “grande projeto”, Aurora estava falando dos seus planos para salvar não só Fred, mas também Cedrico Diggory, Sirius Black, Remus Lupin, Ninfadora Tonks, o menino Collin Creever e quem mais se propusesse a arriscar a vida e morrer.
 
E é claro que o planejamento não estava perfeito ainda, pois para salvar todos Aurora precisava estar no lugar certo sempre na hora certa, e para isso ela precisava descobrir todas as localizações exatas, além de aprender a apartar para sempre chegar lá a tempo.
 
– Que projeto? – Hermione quis saber. – Talvez possamos ajudar uma a outra.
 
– É um projeto pessoal, Hermione. – O tom de Aurora soou como um tipo de repreensão, o que fez Hermione ficar com as bochechas vermelhas imediatamente.
 
– Ah, sim. – A Granger tentou não soar tão intimidada. Aquela nova Aurora realmente assustava ela. –É uma pena, sua influência seria muito útil para chamar mais pessoas para o movimento.
 
– Eu não tenho mais influência, Hermione. A fama de ser a grande neta de Louise Mayne já acabou. – Aurora não conseguiu evitar soar irritada, afinal, ela sentia muita falta de quando as pessoas gostavam dela. Agora tudo que recebia das pessoas eram comentários de como ela parecia triste, ou o quanto ela tinha mudado, ou perguntas de se o Fred tinha dado um pé na bunda dela e por isso ela tinha se afastado de todos.
 
Aurora não aguentava mais ouvir as mesmas coisas todos os dias. Parecia que todos queriam lembrá-la de como ela era horrível, e isso a fazia lembrar de quando sua mãe -da sua realidade original- a tratava daquele mesmo jeito.
 
– Mas, Aurora, você não era popular por causa da sua avó. Bem, era sim, em partes, por causa disso, mas não era só por isso. Admiravam você porque você era gentil e legal com todos. Você conseguiu até fazer com que o nojento do Malfoy gostasse de você. Apesar de que ele com certeza não foi a sua melhor escolha de amigo.
 
– Ele não é tão mal quanto vocês pensam. – Aurora não hesitou em defender o menino. – No fim de tudo, ele é só um garoto sendo pressionado, Hermione. Ele vai melhorar.
 
– Viu o que eu disse? Você ainda é a mesma Aurora de sempre, só está sofrendo. E todos nós estamos preocupados com você. – Disse Hermione e todo brilho nos olhos de Aurora sumiu com a menção da preocupação que todos sentiam.
 
– Mas eu estou bem, Hermione. Agora, se me der licença, eu tenho que ir para a aula de defesa contra as artes das trevas. Tchau. – Disse e se afastou dali na velocidade da luz.
 
Moody já estava dentro da sala quando Aurora chegou, assim como a maior parte dos alunos, faltando apenas Jhonny que só tinha dado as caras no café da manhã. Mas já era natural para todos o garoto viver matando aula.
 
– Desculpe pelo atraso, professor Moody. – Disse Aurora, assim que o professor de defesa contra as artes das trevas fez sinal para que ela entrasse.
 
– Se atrasando no primeiro dia? Não acho que Louise vá gostar de saber disso. – Disse Moody quando Aurora se sentou em uma das últimas cadeiras da sala.
 
– O senhor conhece a minha avó?
 
– Sua avó e seu avô já trabalharam comigo quando éramos Aurores. Foram anos muito intensos até que a perda fez com que sua avó desistisse do ramo.
 
– Eu não sabia que meus avós eram Aurores. – A revelação de Aurora fez com que todos os olhares caíssem sobre ela, até mesmo o de Fred e George que juravam que ela sabia da trágica história. – E de que perda o senhor está falando?
 
– Então você não sabe. – O rosto de Moody tomou uma feição de desconforto. – Mesmo com o trauma, eu achei que sua avó teria lhe contado sobre isso. Mas pelo jeito não.
 
– Contado o quê?
 
– Sobre como ela perdeu seu avô. – Foi Fred quem respondeu. – Nosso pai nos contou uma vez sobre como dona Louise e seu avô Jared eram na época que eram Aurores.
 
– Eles eram muito bons juntos. – Moody voltou a dizer, carregando um tom de respeito. – Seu avó foi um homem muito corajoso, senhorita Mayne.
 
– Ela nunca me contou sobre ele. – Disse Aurora, sentindo seu coração pesar.
 
Aquela era mais uma das semelhanças que a Louise daquela realidade e a sua verdadeira avó tinham, nenhuma das duas gostava de falar sobre o passado, mais especificamente sobre Jared.
 
O resto da aula se estendeu com um tom muito triste para Aurora. E o fato de estarem revisando as maldições imperdoáveis e mais algumas mais acessíveis, porém perigosas, foi o único motivo pela qual a menina aguentou até o fim da aula.
 
Quando todos já tinham se retirado da sala e Aurora disse para Angelina que ela não precisava esperar por ela, finalmente pode ficar a sós com o professor Moody.
 
– Parece que você quer falar comigo. – Moody observou. – Se é sobre seu avô, eu posso contar algumas histórias quando as aulas acabarem.
 
– Sim, eu adoraria ouvir sobre o meu avô depois, mas eu não fiquei aqui por isso.
 
– Então o que você quer, senhorita Mayne?
 
– Eu preciso que me ensine a usar essas maldições imperdoáveis. – As palavras saíram de sua boca antes que ela pudesse controlar.
 
– E qual o seu objetivo em aprender essas maldições? Sabe que elas são proibidas por um motivo, certo? Pessoas que conjuraram elas acabaram apodrecendo em Azkaban. – Moody inclinou-se em direção à menina com certa curiosidade e então Aurora finalmente caiu em si.
 
Moody tinha sido trancado dentro de seu próprio malão e era Bartô Crouch Jr quem estava ali na sua frente.
 
– Quer saber? Deixa para lá. Desculpe por isso, professor Moody. – Aurora imediatamente percebeu a burrada que tinha feito.
 
Andou com passos largos até a porta, mas antes que chegasse, Bartô chamou pelo seu nome.
 
– Eu posso ensinar algumas coisas, contanto que isso fique entre nós.
 
– Sério? Obrigada, muito obrigada, professor Moody. – Aurora soltou um falso sorriso alegre e saiu o mais rápido que pôde para desmanchar aquela cara.
 
– Não acredito que você vai aprender as maldições imperdoáveis. – Disse Eliza aparecendo magicamente na frente de Aurora, fazendo a menina pular de susto no corredor vazio.
 
– Eu preciso fazer isso se eu quiser ficar aos pés dos comensais da morte. – Aurora abaixou o tom de voz para falar, e começou a andar para a próxima aula. – Esse ano o Cedrico vai correr perigo e eu não posso deixar ele morrer.
 
– E vai salvar ele se tornando uma assassina? E quando estiver na prisão mágica dos bruxos, como você vai fazer para salvar o Fred? – Eliza estava indignada.
 
– Não fale sobre isso! – Aurora sentiu seu corpo inteiro se arrepiar e uma fraca áurea azul brilhou em volta do seu corpo, se dissipando quando a tristeza que sentia ao pensar em perder Fred diminuiu. – Eu sei o que estou fazendo, Eliza. Eu não estou dizendo que vou matar alguém, mas preciso estar preparada caso seja necessário. Você não precisa entender, Eliza, só aceitar que as coisas vão ser assim a partir de agora. Eu vou salvar essas pessoas e eu vou salvar o Fred, não importa o que eu tenha que fazer para isso.
 
– Certo, mas se você quer fazer assim pelo menos me deixe ajudar você. Eu posso me teletransportar para onde você precisar e posso ficar invisível para conseguir informações. Eu só preciso que me diga o que fazer. – Era óbvio que apesar de bronca, Eliza não iria deixar de ajudar sua querida Aurora. Afinal tudo que ela mais queria era ver a garota feliz, e Eliza sabia que sem Fred isso nunca aconteceria.
 
– Tudo bem, mas conversamos no almoço. Preciso ir para a aula de Feitiços agora. – Disse Aurora dando um pequeno, porém significativo sorriso para sua Guardiã.
 
Sentiu o peso da responsabilidade se tornar mais leve, pois com Eliza ajudando seria bem mais fácil salvar Cedrico.
 
Aurora só precisava primeiro descobrir como colocar seu nome no torneio Tri-bruxo.
 
...
 
– Quer dizer que você não sabia que seus avós eram Aurores? – Perguntou Jhonny, ao deslizar para o lado de Aurora no almoço.
 
– Como você ficou sabendo disso? Você não estava na aula hoje. – As sobrancelhas de Aurora se uniram em confusão.
 
– Eu sei muitas coisas sobre você, Aurora. – Disse Jhonny, dando de ombros.
 
– Falando assim você parece um perseguidor. – As sobrancelhas de Aurora continuaram unidas, mas em seu coração, ela não achava realmente isso.
 
– Eu não sou perseguidor, mas sou seu amigo. Amigos sabem coisas um do outro. – Jhonny evitou olhar para menina, se concentrando em se servir de peixe com purê de abóbora e suco de limão.
 
– Não quando o amigo em questão nunca contou sobre essas coisas, porque o amigo em questão nem sabia que existiam essas coisas. – Aurora respondeu, um tanto irritada, voltando a se concentrar em seu próprio prato.
 
Precisava comer rápido, pois iria se encontrar com Eliza para discutirem sobre o que iriam fazer, em um local vazio para que ninguém achasse que Aurora era maluca por estar falando sozinha e também para que ninguém ouvisse o assunto que iriam discutir.
 
– Mas então... Por que será que sua avó não quis contar da morte do seu avô? – Jhonny voltou a perguntar.
 
– Eu não sei. – Aurora encolheu os ombros, se sentindo triste. – Talvez esse seja o jeito dela lidar com a perda, fingindo que nada aconteceu.
 
– Mas por que todos sabem menos você? Deve ter um motivo, não acha?
 
– Eu não sei, se tivesse um motivo acho que todos os outros saberiam qual, não é?
 
– Mas eles te contariam? Seu amigo Fred não se importou em contar para você. – Disse Jhonny em um tom ameno, dando de ombros outra vez.
 
Aquilo se fixou na mente de Aurora.
 
...

Acabou por não ir diretamente para onde marcou de encontrar Eliza, primeiro foi ao corujal pedir  Juliérmerson para enviar uma mensagem para sua avó Louise, perguntando sobre seu avô e tudo mais que sua avó não tinha lhe contado. Depois correu para a torre de astronomia, ignorando que tinha uma aula de poções para participar.
 
– Tem certeza que ninguém vai vir aqui? – Perguntou Eliza, olhando para os lados para checar. Ela estava visível agora e tinha tomado a mesma aparência que tomava quando estava fingindo ser uma aluna de Hogwarts: pele negra, cabelos castanhos e lisos, olhos amendoados, lábios grossos e nariz largo.
 
– É a torre de astronomia, quase ninguém vem aqui durante o dia. É seguro para conversar, mas só para não correr nenhum risco... Abaffiato. – Disse Aurora mexendo a varinha. – É, acho que vai dar.
 
– É lindo isso. – Disse Eliza. Aurora se virou para ela confusa. – O jeito como você faz magia. Você parece feliz aqui.
 
– Não, não vamos discutir sobre isso de novo, não é? Eu já disse que só estou aqui porque tenho que proteger o Fred, mas quando eu terminar eu vou embora.
 
– E é porque você vai embora que você não pode ser feliz por enquanto?
 
– É exatamente porque eu vou embora que eu não posso ser feliz. O que você quer que eu faça, hein? Quer eu fique com o Fred? E quando eu for embora, o que vai ser dele? Eu sei o que é perder alguém que você ama, sei o que é ver alguém por quem você daria tudo simplesmente virar as costas para você e eu não quero...eu não quero isso para o Fred. Eu amo ele, por isso eu não posso fazer isso.
 
– Tudo bem, eu entendi. – Eliza se rendeu. – Qual o seu plano?
 
– Bem, pelo que eu li nos livros o Moody que não é o Moody usou o feitiço confundus para conseguir pôr o nome do Harry Potter no torneio Tri-bruxo. Ele também precisou colocar como se o Harry fosse de outra escola, mas como eu não sei que escola vai ser, corre o risco de se eu colocar a mesma que a dele eu não ser escolhida mesmo assim.
 
– Então vamos colocar todas as escolas. – Eliza disse simples. – Você vai ter que ser escolhida em uma.
 
– Mas se eu colocar meu nome em várias escolas diferentes, o meu nome vai ser escolhido várias vezes mas não vai ter alguém para participar. Além de que vai ficar óbvio que fui eu quem fez isso. Eu preciso de uma escola só e preciso que faça parecer que como com o Harry, eu também fui inscrita sem saber.
 
– E como fazemos isso?
 
– O professor Moody, o que você me viu pedindo para ensinar as maldições imperdoáveis, bem...não é ele de verdade. Um homem chamado Bartô Crouch Jr está fingindo ser ele e é esse homem quem vai inscrever o Harry no torneio. Eu preciso que você fique invisível, siga ele para todos os cantos e descubra em qual escola ele vai inscrever o Harry.
 
– Certo. – Eliza afirmou com a cabeça. – Vou ser como uma sombra para o Moody que não é o Moody.
 
– Enquanto isso eu vou aprender feitiços úteis para sobreviver ao torneio Tri-bruxo e também para enfrentar o Voldemort quando ele pegar o Harry e o Cedrico de surpresa.
 
– E onde vai ser isso? Eu não vou deixar você sozinha com o lorde das trevas, querida.
 
– Não precisa se preocupar com isso. O Cedrico só morre porque é pego de surpresa, mas eu já sei de tudo que vai acontecer e posso ajudar eles. Mas só para não te deixar preocupada, eu vou te chamar quando eu chegar lá e você pode me achar assim.
 
– Combinado então, querida. – Eliza sorriu e Aurora também. Ela estava alegre por ouvir Eliza chamando ela de “querida” o tempo todo outra vez.
 
Desde seu surto nas férias, a relação das duas esfriou muito e foi insuportável para as duas passarem por aquilo. Mas agora tudo estava voltando aos eixos, e Eliza acreditava fortemente que tudo acabaria bem.
 
– Vamos chutar a bunda desse tal de Voldemort. – Eliza disse, soltando um sorriso travesso e Aurora riu com gosto.
 
– Ele com certeza não perde por esperar. Vamos ver como o Valdemir vai ficar quando descobrir que foi derrotado por outra criança outra vez.
 
 
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Olá, pessoas lindas, como vão vocês?

Eu estou bem e estou muito animada para dar continuidade a essa fanfic porque estamos chegando na parte que fica interessante (que é o coitado do Harry passando perrengue no torneio)

O que vocês achariam de um capítulo "fazendo perguntas aos personagens"? Eu vi isso em umas fanfics que eu amo no wattpad e achei super legal.

Enfim, espero que tenham gostado do capítulo. Votem e comentem porque eu AMO ler os comentários.

E desculpem por eu ser muito lenta escrevendo capítulo. Antes eu costumava ter meus surtos e largava as histórias, mas agora eu tô melhor e espero ser menos sumida aqui.

É isso, beijos e até o próximo. Fiquem com Deus ❤
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Traveler - Fred Weasley. Onde histórias criam vida. Descubra agora