CAPÍTULO 24

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Já era bem tarde quando meu marido entrou em nosso quarto, com um copo de sua bebida em mãos

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Já era bem tarde quando meu marido entrou em nosso quarto, com um copo de sua bebida em mãos. Olhei-o de soslaio e vi pensativo, fitando a lua pela janela do nosso quarto. Gabriel dormia no berço e ele parou olhando o filho por um tempo, sem se dar conta que o observava. Pelo que posso perceber, minha ideia de ele ir até a casa de Helena não o agradou muito. E sinceramente, nem sei por que estou sendo tão maleável assim já que fui eu quem brigou com ele quando Luigi veio até aqui, trazendo informações das meninas.

O fato é que quando o assunto abuso infantil me deixa completamente vulnerável. Não dá para aceitar que uma menina tão novinha como Fiorella possa ter passado por qualquer assédio, de qualquer espécie que seja. Inaceitável! Sei o que é querer ficar quieta sem ninguém por perto, pelo simples fato de achar que todos são monstros e que vão te fazer mal.

Até quando fui levada a Pietro pensei dessa forma e eu tinha o dobro da idade de Fiorella.

Sei que as consequências psicológicas, numa situação de abuso infantil, pode ser irreversíveis. Por isso, se há alguma possibilidade de recuperar a infância que está sendo perdida dela, eu acho que é minha obrigação ajudá-la e se o preço disso é ver o homem que amo, tão próximo daquilo que é sua criptonita, basta acreditar que seu amor por mim e por nossa família poderá lhe dar força suficiente para vencer.

- Está acordada ainda, ruivinha? - Meu marido pergunta, sentando-se ao meu lado na cama, colocando a mão em minha perna. Viro-me para ele e sua expressão parece perturbada demais. Será que o que lhe falei o afetou tanto assim?

- Estou esperando por você. Queria conversar, mas acho que você não está muito bem para isso. Não é de beber em dia de semana, principalmente a essa hora da noite se não for algum evento específico.

- Você me conhece bem, não é? - Pergunta, alisando minha panturrilha e então me sento. - Podemos conversar amanhã, se estiver muito cansada.

- Estou bem amor, pode falar. - Incentivo.

Meu marido começa a falar sobre uma conversa difícil que teve com Inácia, onde ela lhe contou um fato de seu passado que o deixou bastante pensativo. Em cada palavra que Pietro dizia, via a tristeza por saber que a pessoa a quem tanto tem carinho passou por uma situação tão trágica como a que ela passou. Imagino a dor dela por perder o único filho, devido a um problema que sequer era dele. Com certeza é de cortar o coração.

O que me faz pensar numa breve conversa que nós duas tivemos há alguns dias, onde ela ia falar, mas meu marido acabou aparecendo na cozinha, calando a mulher que visivelmente estava desconcertada com o assunto. Por outro lado, fico feliz que ela tenha esclarecido seus receios e medos para ele. Vejo isso também como uma forma dela se livrar de um peso de anos, pois carregar tudo sozinha, principalmente agora que sei que não tem ninguém, não deve ser uma tarefa fácil.

- O que pensou disso tudo? - Pergunto.

- Que devo ir aonde Inácia morava e reaver tudo que era dela. - Diz seriamente.

REGENERAÇÃO MARINO II (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora