CAPÍTULO 46

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O jantar segue como imaginei que seria, tranquilo e muito interessante

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O jantar segue como imaginei que seria, tranquilo e muito interessante. Giulia é uma mulher que tem uma história muito forte de luta e superação. Tinha todos os motivos para ser uma mulher revoltada, de coração endurecido e sem qualquer empatia, mas escolheu ser uma pessoa dedica à família, à vida.

Isso me faz recordar do que a minha Lyz há um tempo falou, que nós é quem escolhemos o que vamos ser na vida. Se bons ou maus. Giulia escolheu o bem.

Trouxe-a para um dos meus hotéis em Lisboa, onde fiz uma reserva num restaurante de cobertura. Havia alguns aliados no lugar, que me olharam curiosos por me ver na companhia de uma outra mulher depois de tanto tempo. Não liguei nem um pouco por isso.

- Quando decidiu que queria ser uma professora? - Pergunto, enquanto provo do vinho que pedi para nós dois.

- Acho que desde sempre. Quando morava na Jamaica, sempre fugia para casa de uma vizinha que lecionava para algumas crianças. Passei um tempo acompanhando as aulas escondida dela, pois não sabia se me permitiria estudar. Além de que meu pai... bem, ele achava desnecessário perder horas em estudos e qualquer coisa que não trouxesse comida para casa. - Ela suspira. Por certo, a lembrança de seu pai a deixa incomodada.

- O que aconteceu com seu pai? Vocês não se davam bem?

- Comigo ele sempre foi mais ameno do que com meu irmão. Eu era pequena nos meus cinco ou seis anos, quando ele brigou pela primeira vez comigo, mas não me bateu. Mas, meu irmão sofria muito em suas mãos. Geon nunca pôde estudar e ter uma formação, pois meu pai o obrigava a trabalhar incansavelmente. Dizia que por ser homem tinha obrigação de sustentar a família. - Faz uma expressão desgostosa.

- Não concordava com seu pai?

- Não concordava com a tirania dele. - É firme em suas palavras. - Meu pai nunca demonstrou nenhuma amizade para conosco. Parecia que éramos um peso para ele. E depois que minha mãe perdeu um filho, aos sete meses de gestação, gerado depois de mim, tudo se tornou pior. - A mulher abaixa a cabeça pensativa. - Ele dizia que era culpa da minha mãe ter matado aquele que seria mais uma mão de obra para casa. - Suas palavras soam irritadas. Mas que porra de pai é esse?

- Não precisa dizer se não quiser, Giulia. Vejo que é algo pessoal e que te machuca.

- Está tudo bem, senhor Marino.

- Pietro! Chame-me de Pietro. -Mando e ela sorri.

- Sim, Pietro. É só que rememorar tudo que passamos depois da morte de meu irmãozinho é doloroso. Todos os dias era uma briga, por um motivo diferente. E quando passou para as agressões físicas, tudo se tornou um verdadeiro caos. Geon sempre o enfrentava para defender nossa mãe e a mim. Quando chegou num estágio que não dava mais, fugimos de casa, deixando tudo que tínhamos para trás.

- Seu pai ainda é vivo?

- Não! Foi morto pela facção que dominava o meu bairro, por ter se relacionado com uma das mulheres que pertenciam aos homens de lá. - Ergo uma sobrancelha surpreso por sua fala. - Ele traía a minha mãe e não era segredo para ninguém. Minha mãe sempre soube.

REGENERAÇÃO MARINO II (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora