REGENERAÇÃO MARINO II (Concluído)

PRÓLOGO

ALGUNS ANOS ANTES...

- Vai falar com ela, cara!

Luigi me importuna novamente para que eu vá fazer algo que não é nada correto. Mexer com uma menor que está fora do meu alcance por sua pureza visível a todos. Helena é de longe a menina mais perfeita que já vi e confesso que a queria para mim. Mas, não posso trazê-la para meu mundo, onde a qualquer momento meu irmão, o grande capo Marino, poderá me arrumar um casamento em busca de fechar uma aliança. E eu, por minha vez, terei de acatar. Isso é tão frustrante.

- Cale a sua boca, Luigi! Caso contrário, vão começar a desconfiar de nós aqui na frente da escola dela quase que todos os dias. - Repreendo-o.

- Quase? - Debocha e bufo. - Cara, estamos aqui todos os dias.

- Fique quieto!

- Já devem estar pensando que somos dois psicopatas. Não que você não seja, mas... - Ele se cala quando o olho firme.

Helena estuda o segundo ano do colegial, numa escola estadual de ensino médio e soube que ela é a mais inteligente da turma. Com apenas quinze anos de idade, é uma verdadeira menina prodígio. Sua irmã mais velha trabalha na cantina da escola, mas não tem muito contato com a minha ruivinha que está sempre lendo. Pelo menos, é o que eu sempre pergunto para uma de suas poucas amigas que, por algumas notas de euro, me responde sem me delatar.

- Exatamente! Acho que já está na hora de irmos. - Ligo o carro, ao vê-la caminhando sozinha pela calçada, como já é de costume, seguindo os muitos quilômetros até sua casa, que fica fora do centro da cidade. Ela anda bastante para chegar em sua residência e faz isso diariamente, já que sua frequência na escola é impecável.

- Por que você não se apresenta para ela logo? Diz que está apaixonado, desde quando inaugurou a biblioteca da escola, no ano passado e a viu pela primeira vez. - Aconselha, mas não sei se é uma boa ideia.

A empresa da minha família sempre foi incentivadora de estudos e financiadora de projetos. Meu irmão, que trabalha de Nova York, investe em muitos projetos e a maioria deles são hospitais. Por minha vez aqui em Portugal, decidi investir em escolas e há um ano descobri que a biblioteca da escola de Helena era precária e então dei uma ajuda. O dia da inauguração foi quando meu coração se abriu de vez para esse sentimento que trago no peito até hoje, sem ela ter noção que exista. Foi amor a primeira vista.

- Ela tinha quatorze anos, cara! Eu seria preso se me aproximasse dela. E fora que ela também não está na fase de namoros. Provavelmente, sua família deve prendê-la demais. - Falo, visto que já rodeei o bairro onde ela mora e nunca a vi na rua. Nem mesmo na porta de casa.

- Você não acha estranho a irmã dela trabalhar na cantina, tendo a sua idade e não estar numa faculdade? -Indaga-me.

- Pode ser que estude e não saibamos. Não ficamos vinte e quatro horas aqui para saber como a família dela age. A única coisa que sei é que eles protegem muito Helena e não poderia ser mais grato por isso. - Respondo-o, assistindo a menina sumir da minha frente. - Vamos ir antes que sejamos pegos.

E assim os dias se passaram e mais um ano se foi. Como sempre Lorenzo nunca aparece para comemorar conosco as festas de fim de ano e isso já não nos abala mais. Tem coisas que nunca mudam. Por todo esse ano que se passou, fiquei observando minha ruiva e cuidando de sua segurança. Neste ano, consegui que Helena ganhasse uma bolsa de estudos na escola de Analu e ficaria bastante feliz se elas se tornassem amigas.

(...)

Terminei minha faculdade de direito e hoje é a minha formatura. Foram longos anos estudando, passando noites acordado para poder tentar ser o melhor na minha área, além de ter que conciliar meus treinamentos com na máfia. Sim, apesar de cansar de dizer que não quero fazer parte disso, meu irmão praticamente me obriga a estar por dentro do que acontece lá. Eu realmente não gosto.