#Prólogo

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JEON JUNGKOOK

8 anos antes...
Seul, Coreia

    Você tem certeza?

    Olho Yoongi ao meu lado e levanto uma sobrancelha. Ele não deveria estar me perguntando isso. Não quando estou a um passo de me tornar um deles. Passei dois anos da minha vida fazendo tudo que me mandavam, ficando disponível vinte e quatro horas por dia. Eu quero fazer parte dos negócios da família, caso contrário, não teria sujado as mãos de sangue tantas vezes.

    Se eu não tivesse certeza deste momento, eu não teria me corrompido.

    Eu tenho — é minha resposta.

    Ergo a mão para pegar na maçaneta, mas o subchefe da família Jeon's me impede, fazendo com que o caporégime[1] que me acompanhou até aqui, nos olhe.

    Não tem volta. Não vai poder sair quando as coisas ficarem feias ou a bagagem ficar pesada demais, Jungkook.

    Assinto. Disso, eu já sei. Mas Yoongi, bem, ele nunca quis isso para mim. Junto do meu pai, ele desejava que eu fechasse os olhos para os negócios sujos da nossa família. Para o meu irmão, o mundo sórdido do crime não era algo para o filho mais novo. No entanto, eu não sou mais aquele garoto que odiava a polícia por viverem no pé do meu avô e que tinha medo de conflitos. Hoje, eu sou o que preciso ser para entrar e honrar o nome da família Jeon's.

    Estou pronto, Yoongi. Acredite em mim — digo.

    Meu irmão suspira e concorda com um leve aceno de cabeça.

    Afasta-se de mim e me permite entrar na sala, onde o Don[2] está sentado em uma cadeira de couro que tem um formato parecido de meia lua. Ele pode ser o chefe, mas ainda é o meu pai. A expressão dele é impassível e ainda não sei se está feliz ou triste por eu estar aqui.

    Yoongi caminha até próximo dele e fica me encarando em silêncio. Há outras pessoas na sala também, o conselheiro e dois homens que eu não conheço.

    Se aproxime — o Don ordena, e assim, eu faço.

    Ele levanta da cadeira e vem até mim, parando dois passos de distância e fixando os olhos claros aos meus. Sem que tenha pedido, meu irmão pega a faca em cima da mesa de madeira, que eu nem havia notado estar ali, e entrega ao chefe.

    Ele não precisou pedir, embora seja a primeira vez fazendo isso, eu tenho uma noção do que o Don vai fazer, então, estendo a mão espalmada. Sem aviso prévio, ele faz um corte profundo no meu dedo indicador. Arde um pouco, mas não ouso resmungar, seria desrespeitoso.

    O sangue começa a respingar e eu engulo em seco.

    O conselheiro oferece ao Don uma imagem de Santo, um cartão católico, e ele coloca em cima da minha mão aberta, em seguida, pega o isqueiro e acende, começando a queimar a ponta do papel em minhas mãos.

    Esta noite, Jeon Jungkook... — o Don começa a falar. — Você nasce para uma nova vida e para família Jeon's. Se trair o juramento, se violar o que sabe sobre esta vida, ou trair os seus irmãos a qualquer momento, você vai queimar no inferno como o santo queimando em suas mãos. Você aceita?

    Sim, aceito — digo com a voz firme e me aproximo da mesa, deixando que as cinzas na mão caiam sobre o livro aberto dos mandamentos da máfia.

[1]Caporégime ou Capo, também conhecido como capitão está abaixo do Don/Chefe, Subchefe e Conselheiro no nível hierárquico da Máfia Italiana. O capo, dirige um grupo grande de soldados. Em algumas ocasiões pode atuar como sicário segundo as ordens do Don.

[2] O chefe dos chefes. Título máximo na hierarquia da máfia italiana.

O homem da máfia - Jeon Jungkook e Chong Seo-YunOnde histórias criam vida. Descubra agora