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CHONG SEO-YUN

    Jungkook passou a noite fora.

    Não é que eu tivesse o esperando chegar, mas ao sair do quarto pela manhã, vi que o homem ainda usava a mesma roupa de ontem.

    Ele está sentado de frente para ilha da cozinha, e o Taehyung, o homem de cabelo quase raspado, ao seu lado. Os dois parecem preocupados com algo e com certeza não é um assunto que eu deva ouvir, pois param de conversar no momento em que notam a minha presença.

    Taehyung me cumprimenta com um leve aceno de cabeça e fica de pé, fechando o botão do terno e saindo do apartamento. Ainda não gosto muito dele, mas entre os homens de Julian, ele é o que me trata melhor e parece não se incomodar em ficar de babá quando é preciso.

    Ao me aproximar da cozinha, vejo uma garrafa de uísque vazia em cima da mesinha de centro e dois copos, alguns papéis revirados, agenda aberta e canetas espalhadas, como se um furacão tivesse passado e bagunçado tudo.

    Os olhos de Jungkook se grudam aos meus e ele parece tão cansado, abatido. É a primeira vez que o vejo assim.

    Abro a boca para perguntar se está tudo bem, mas Jungkook desvia atenção de mim e eu entendo que falar sobre isso ou comigo, é a última coisa que ele deva querer fazer no momento.

    Em silêncio, caminho até a cafeteira e vejo que não tem café pronto.

    De onde estou, dá para sentir o cheiro de álcool em Jungkook, mas ele não parece com alguém bêbado e também, está longe de estar sóbrio.

    Ainda muda, começo a preparar o café e noto que o homem tem os olhos em cima de mim, me analisando e deixando as minhas mãos trêmulas.

    Você está com fome? — pergunto, a fim de quebrar o silêncio constrangedor entre nós.

    Jungkook passa as mãos entre os cabelos e acho que é a primeira vez que os vejo tão despenteados. E isso consegue deixá-lo ainda mais bonito e quente.

Como algo assim pode ser possível?

    Não — é o que me diz, me fazendo assentir e prensar os lábios.

    Está na cara que ele não quer conversar, então resolvo deixá-lo sozinho. Estou pronta para sair de perto, quando Jungkook estica o braço sobre a ilha da cozinha e segura meu pulso.

    É um toque firme, necessitado, e até mesmo, sedento, mas de alguma forma, parece gentil também. E eu sei o quanto isso é estranho.

    Jungkook me puxa para mais perto e fica olhando dentro dos meus olhos, me hipnotizando. Não deveria me importar o fato de ele estar tão abatido, mas não consigo evitar o sentimento de preocupação se instalar dentro do peito.

    É uma loucura, eu o conheço há pouco tempo. São apenas duas semanas e mesmo assim, estou tocada com o estado dele. Quero saber o que aconteceu ou o que se passa na cabeça dele, e talvez assim, eu consiga entendê-lo. Talvez, eu consiga me entender também.

    Talvez assim, eu consiga entender o motivo de ainda continuar aqui, querendo me queimar com fogo.

    Querendo mais desse fogo intenso, violento e corrompido que Jungkook é.

    Você está bem? — me ouço perguntando.

    Ele libera meu pulso, mas não afasta as vistas de mim. Tem a respiração vagarosa, mas pesada na mesma medida.

    Não estou — fala o óbvio.

    — Quer conversar?

    Minhas vistas exploram os detalhes do rosto de Jungkook e eu sei que perdi completamente o juízo, quando levo minhas mãos até o limite do seu maxilar e pescoço. Os polegares dançam pela barba cerrada, em seguida, um dos dedos sobe até a sutil pinta debaixo do olho direito.

O homem da máfia - Jeon Jungkook e Chong Seo-YunOnde histórias criam vida. Descubra agora