O meu coração está acelerado, a minha respiração está falha, o medo me corroendo, os meus gritos de ajuda ignorados, será que ninguém está me ouvindo? Eu estou implorando por ajuda, estou implorando por socorro, estou implorando por liberdade... É c...
Eu estou grávida, eu ainda não consigo acreditar que estou grávida, tem uma vida dentro de mim, só não sei se o meu corpo é capaz de gerar essa vida.
Eu que não queria ser mãe, estou rezando aos céus para que eu consiga gerar essa vida, para que hoje durante a consulta, a médica me dê a melhor notícia possível, que está tudo bem comigo e com o bebê, que eu sou capaz de gerar essa vida, que o meu útero está bem e não tem nada que me impossibilite de gerar essa vida dentro de mim.
Durante toda a chamada de vídeo o Thiago me disse a mesma coisa, que está rezando ao nosso salvador e a todos os guias dele para que essa gravidez vingue, que nada nos impossibilite de ter essa criança, e para que ela venha cheia de saúde, somente para alegrar e iluminar as nossas vidas.
Bom, agora estou me arrumando para ir para o consultório da médica, acabei de sair do banheiro com a toalha em volta do meu corpo, vou até o closet e já tiro a toalha passando todos os meus produtos corporais, visto a primeira calcinha que me aparece na frente, uma calça jeans clara rasgada e meio larga no corpo, um top branco da Calvin Klein e um tênis branco da Nike.
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Passo perfume, desodorante e uma maquiagem leve, solto o meu cabelo o deixando solto mesmo, prendo no meu pescoço uma corrente prata com o nome do meu marido, uma forma de tê-lo comigo nessa consulta.
Arrumo o meu closet e o meu quarto, pego a minha bolsa com a chave do meu carro, e já saio de casa rumo ao consultório, bem no centro do Rio de Janeiro, um dos melhores consultórios de ginecologia comum e ginecologia obstetra.
[...]
Dra. Cecília: Carolina Tavares Macedo, descobriu a gravidez a dois dias, é isso?- pergunta e eu confirmo com a cabeça.
Eu: isso mesmo- falo e ela confirma com a cabeça, ela olha novamente para a minha ficha, e me encara por uns dez minutos- tudo bem doutora?- pergunto estranhando a forma como ela está me encarando.
Dra. Cecília: seu sobrenome, ele me lembrou o de uma pessoa que eu conheci na minha adolescência, mas você não se parece nada com ele- fala observando cada detalhe do meu rosto.
Eu: o meu nome de nascença é Carolina Monteiro, Tavares Macedo é o sobrenome do meu marido, que eu apaguei logo após o nosso casamento- falo e ela confirma com a cabeça.
Dra. Cecília: vamos falar da sua gestação, vou te fazer algumas perguntas e quero que responda todas elas com sinceridade- fala e eu confirmo com a cabeça.
Ela me faz todas as perguntas que acha necessário, como descobri, os sintomas que senti, sobre problemas de saúde da minha família e da família do meu marido, se eu bebo, tomo remédios, uso drogas, se foi uma gravidez planejada ou não, enfim, um interrogatório completo.
Eu expliquei para ela o meu medo sobre ter machucado o meu útero, e não conseguir gerar essa criança, expliquei para ela um pouco sobre a minha infância e dei uma mentida também, ela me acalmou e me explicou algumas coisas.
Logo ela me encaminha para uma outra sala, a sala ultrassonografia, ela manda eu me deitar na maca e já me prepara para a ultrassom, passa um gel gelado no pé da minha barriga e logo ele vem passando um aparelho na minha barriga.
Ela vai apontando alguns pontos na tela e vai me explicando tudo, no final o meu feto está bem e ela deixou bem claro, o mais claro possível, que não tem nada que impessa essa gravidez de seguir em frente, em toda e perfeita ordem, com toda a saúde que uma gestação deve ter.
Dra. Cecília: traduzindo tudo o que eu disse minha querida, a sua gravidez não tem como ficar mais saudável do que isso, tire todo esse medo da sua cabeça e aproveite cada minuto da sua gestação- fala e eu confirmo com a cabeça.
[...]
Sigo aqui em casa, sentada no sofá com a minha sogra, com a Cíntia e com o meu sogro, apenas nós quatro sentados no sofá da minha sala, assistindo atentos ao jornal que mostra ao vivo a pacificação de Paraisópolis, já passam das duas da manhã, e as onze horas da noite o Thiago me mandou mensagem pela última vez.
"Estamos entrando" "Se cuida e cuida do nosso bebê" "E para de chamar ele de feto, já sabemos que ele está bem" "Te amo muito mais que tudo nessa vida" "Minha boneca" "A mais linda e perfeita boneca" "Vou entrar agora" "Te amo boneca"
E não me respondeu mais, dali em diante o meu marido não me deu mais notícias de vida, eu estou preocupada, ansiosa, e nervosa, a preocupação quase me matando, eu só quero notícias do TT e do BR, e nada de um dos dois responderem o celular ou darem sinal de vida nos radinhos.
[...]
A casa se encontra vazia, eu estou sozinha na cozinha da minha casa, com os dois radinhos na mesa, observando os dois atenta, um não para de tocar, está conectado na frequência dos nossos soldados, o outro está em total silêncio, esse só eu e o TT temos acesso, é uma frequência única para nós dois.
- Boneca- o segundo radinho apita, fazendo o meu coração saltar do peito e dar três cambalhotas.
Eu: oi amor- falo pegando o radinho na mesma hora.
TT: eu acho que eu perdi a chave de casa- fala e eu dou risada.
Eu: tudo bem, quando você voltar eu mando fazer outra- falo querendo abraçar o radinho, só por poder ouvir a voz do meu Thiago por ele.
TT: então abre aqui boneca, eu tô na porta de casa- fala e eu já levanto na mesma hora, corro até a porta a abrindo e o vejo com a mochila nas costas.
O puxo para dentro de casa e já o agarro com todas as minhas forças, para nunca mais soltar esse homem, eu o quero o mais perto possível de mim, afinal, ele é o meu marido e eu sou a sua esposa, e dentro de mim o nosso feto, fruto do nosso amor.
Eu: como?- pergunto depois de encher ele de beijos.
TT: a pacificação acabou vida, pelo menos para a gente, tiramos todos os chefes de lá e estamos mandando mais soldados- fala e eu confirmo com a cabeça.
Eu: eu nunca mais vou te deixar ir- falo e ele apenas confirma com a cabeça.
TT: eu que nunca mais vou querer ir, eu não nasci para lutar longe da minha rainha, e agora eu tenho que defender o meu palácio, pois tem um pequeno herdeiro a caminho- fala alisando a minha barriga.
Eu: o nosso pequeno feto- falo e ele da risada.
TT: já falei para parar de chamar ele assim, ele está bem amor, e não adianta tentar não se apegar, nós dois já sabemos que a gente já ama ele- fala sorrindo e eu confirmo com a cabeça.
Eu: o nosso bebê, o nosso filho, o nosso herdeiro- falo o agarrando.