100°

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Quatro semanas depois:

Eu não aguento mais estar grávida, eu não aguento mais estar carregando uma criança na minha barriga, já estou na reta final da gravidez, finalizando os nove meses, a minha barriga já está baixa, o João Pedro já está dando sinais de que vai nascer em breve.

Haja coração, eu não vejo a hora de ter o meu neném nos meu braços, de ver o rostinho dele, de saber se ele se parece comigo ou com o Thiago, quero ver a cor dos olhinhos dele, quero sentir o cheirinho dele, eu quero tudo, eu quero o meu baby comigo, eu não estou aguentando mais essa espera toda.

TT: cheguei- fala entrando no nosso quarto com cara de cansado.

Eu: finalmente amor, já não era hora- falo e ele confirma com a cabeça fazendo careta.

TT: como você está?- pergunta já se abaixando para me beijar.

Eu: com dor, com muita dor- falo alisando a minha barriga.

Eu me encontro sentada na minha cama, alisando a minha barriga, empurrando ela um pouco para baixo, sem forçar e nem nada desse tipo, isso está mais para uma massagem mesmo.

Desde ontem que eu estou sentindo algumas dores, mas hoje a tarde acabou piorando, estou sentindo cada vez mais dores, mais incomodo na barriga, não sei não, mas acho que hoje o João Pedro quer vir ao mundo.

TT: quer ir para a maternidade?- pergunta se abaixando na minha frente.

Eu: agora não, vai tomar o teu banho e descansa um pouco, se piorar eu te chamo- falo e ele me olha na dúvida.

TT: você tem certeza disso?- pergunta e eu confirmo com a cabeça.

Eu: absoluta, vai lá- falo e ele levanta me dando um selinho e vai para o banheiro do nosso quarto.

Eu me levanto da nossa cama e já vou direto para o nosso closet, tiro a blusa do meu marido que estou usando e já visto um vestido rosa, todo soltinho no corpo, calço o meu chinelo, pego a minha bolsa e mais algumas coisas e vou até o quarto do meu João Pedro.

Confiro se as malas maternidade dele estão bem arrumadinhas, bem organizadinhas e no final está tudo ok, me sento na cadeira de amamentação alisando a minha barriga, se antes eu tinha dúvidas, agora eu tenho certeza absoluta, o João Pedro está vindo ao mundo, de hoje não passa, eu espero.

TT: vamos para a maternidade vai amor, eu não vou conseguir ficar aqui calmo, sabendo que você está sentindo dor e que a qualquer momento o João Pedro pode vir ao fala entrando no quarto do no filho já vestido e com o cabelo molhado.

Eu: desce as bolsas amor, já já eu desço- falo respirando fundo, o mais fundo que eu consigo, só para tentar manter a calma e não surtar com essa dor.

[...]

Já estamos na maternidade, eu recebendo todo o atendimento necessário. Tem um aparelho na minha barriga nesse momento, medindo os batimentos cardíacos do João Pedro, um acesso de soro no meu braço, a minha sogra me dando água na boca.

Agora o Thiago se encontra na minha frente, as minhas mãos segurando firme os seus braços, meus olhos fechados, o rosto molhado de lágrimas e a Dra. Cecília me pedindo para fazer força, e eu estou fazendo toda força que eu consigo fazer nesse momento.

Me encontro agachada no chão, o meu marido me segurando para não cair e me dando todo o apoio possível, minha sogra com o meu copo de água na mão, falando para o Thiago tudo o que ele tem que fazer.

TT: vai amor, você consegue, só mais um pouquinho e você consegue- fala e eu só respiro ofegante.

Dra. Cecília: vamos sentar ela nesse lençol aqui no chão, papai fica de joelhos atrás dela para dar apoio- manda e assim fizemos- segura aqui mãe, vamos fazer um cabo de guerra, eu vou puxar esse lençol e você vai puxar ele para você o máximo que conseguir, foca toda a força que você vai fazer para puxar, para empurrar esse bebê dai de dentro.

E assim fizemos, sento no chão apoiando as costas no meu marido, seguro firme o lençol que está enrolada nos meus braços e grito fazendo força, eu não aguento mais, alguém me dá um remédio para dor, vamos para a cesária, pelo amor do meu Jesus Cristo, eu estou implorando aos céus por uma anestesia agora.

Eu: eu não quero mais, eu não aguento mais, por favor me dêem remédio, vamos para a cesária- falo chorando e o meu marido faz um carinho na lateral do meu corpo.

Dra. Cecília: vamos Carolina, você consegue mamãe, vamos colocar esse bebê para fora- fala e a enfermeira puxa o lençol- vamos Carol, ele já está quase saindo, já consigo ver a cabeça do seu bebê- fala e o Thiago me segura com mais força.

TT: vamos boneca, você consegue- fala e eu solto o lençol.

A Dra. Cecília manda a enfermeira esperar, seguro as mãos do meu marido e faço toda a força que eu consigo, respiro ofegante e a minha sogra já vem secar o suor do meu rosto.

Dra. Cecília: isso Carolina, só mais um pouquinho- fala e eu volto a fazer força.

Não demora muito mais que duas horas, para ouvirmos o choro do João Pedro ecoando pelo quarto, solto o meu peso na minha sogra e respiro aliviada, o Thiago saiu de trás de mim para cortar o cordão umbilical e a minha sogra ocupou o lugar dele.

TT: você conseguiu meu amor, você conseguiu- fala e deposita um beijo na minha testa.

A médica coloca o João Pedro em cima de mim e eu choro sentindo o meu filho comigo, aliso a sua cabeça tentando acalma-lo, o Thiago apoia a sua cabeça na minha chorando. Aqui é o meu lugar, ao lado da minha família, meu marido e o meu filho, esse é o lugar que eu pertenço e eu que nunca mais planejo sair.

TT: eu te amo- fala me beijando- obrigado por tudo boneca, você me faz o homem mais feliz do mundo todos os dias, e eu não sei nem como agradecer isso- fala e volta a me beijar.

Eu: eu te amo meu amor, eu amo vocês- falo encostando a minha testa na sua.

E o nosso fim é assim, nós três juntos, eu, meu marido e o fruto de um amor que não cabe mais no peito.

Fim!

LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora